sábado, 17 de outubro de 2009

Memórias 31

Amadora
1989-01-01
Após o intervalo que subiu a dois anos, cá estou, de novo, reatando os laços que me prendem à escrita. Nem eu sei, realmente, como isto ocorreu. De facto, se foram mais de 20 anos, escrevendo assiduamente, ,a ponto de não falhar um dia sequer, que não lançasse notas, sobre os factos mais notáveis , poderei justificar uma pausa tão grande?

Verdade seja que não perdi o tempo nem depus a caneta! Desforrei-me à larga, revendo uma vez mais todos os escritos. De tal modo o fiz, que cheguei ao final, havendo percorrido esses anos, em peso!
Depois, não contente com isso, empreendi, com alento, nova digressão, ao
longo dos mesmos anos

Como fruto do esforço, estão arrumados os seguintes volumes de Memó-rias: de 1972 a 1986. Já são mais de 14 volumes, por haver duplicações.Em breve me ocuparei da sua revisão.
A estes, junto mais 8, a que dou o nome de "Consulta da Tarde;resta a Novelazinha, denome provavel," Sonho Fascinante, " Perfaz-se um total de
23 volumes.
Como deixo claro, não estive ocioso, já que levo a meio a segunda volta. Palpita-me agora que alguns desses números vão ser desdobrados
Para já, lembro-me de 1986. Nao gosto, afinal, de livros muito grossos..

Estou, pois, lançando uma nova arrancada, para dar sequência àquele género que a todod prefiro.
A interrupção foi também originada, ao menos em parte, por uma conversa com o meu amigo, Dr, José Duarte, Actuou sobre mim, de maneira tal, que perdi logo o gosto de escrever. Não que ele o visasse, tenho para mim!

Veremos , depois, se este renascer da " chama antiga"vai tomar fôlego, com
vista a prosseguir! Gosto imenso de ler e também de escrever! Assuntos não faltam!
Não será boa estreia, para o início do ano que agora começa?!
É verdade como punhos que nasceu a ralar-me, pois me acordou, à meia-noite!, estrondeando nos ares! Apesar de tudo, relevo-lhe a falta, para ficarmos sem ódio e tudo correr bem.

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Amadora
2-1-1989
Hoje, por má sorte, matei a cabeça, para descobrir onde estava
errado um cálculo feito. Nisto de contas nunca fui ás! Vivi para a Arte, amei a Filosofia, aprofundei as Línguas, de modo especial a que bebi com o leite, deliciando-me em extremo, a Filologia bem como a Hermenêutica e a sagrada Teologia.
As Matemáticas nunca me atraíram. Jamais tercei armas, por essa matéria! Apesar de tudo, a méda obtida chegou a 13, por arredondamento
e não houve, que me lembre agora, nenhuma negativa.

Bom. Voltando ao tema que abre o Diário, é já o terceiro dia que ando a braços tensos, com números e contas. O essencial já o consegui! Dou-me por feliz, pois foi resultado que bastante me agradou. Para mais, levou-me a pesqisa a tomar conhecimento do que não esperava: ter eu em depósito 100
contos a mais do que julgava!
Valera a pena o esforço dispendido, uma vez que militou, em meu favor!
Quem as pagou foi o meu Diário. Com efeito, moída a cabeça, e já
descontrolada,, avanço na escrita, com dificuldade!E não foi só isto!
O frio acompanhou-me, ao longo da tarde. Nada lucrei, esfregando as mãos, com grande presteza!. É por esta razão que não sai coisa boa! Mal seguro a caneta, de mãos a tiritar, fazendo garatujas que são de estarrecer!

Por que não interrompia a tarefa da busca,, elaborando com tempo,este pobre Diário?!
Bem,! Isso é verdade! Poderia tê-lo feito, mas é timbre meu jamais desistir da obra começada ou deixá-la em meio!

Aproximam-se as 18! Quer isto dizer: chegando aqui às 13 e 3o, não fiz mais nada! Nem sequer aproveitei o calor da varanda, que mandei fechar, em tempo devido!
Havia uma saída: recorrer, neste caso, a um bom irradiador, que funcionasse a óleo. O certo, porém, é que o não tenho! Encontra-se em
projecto.
Ao 25 de Abril e seus continuadores ( estes, principalmente!) é que devo, a rigor, a minha situação!
Veremos, depois, se consigo alcançar o que assaz desejo e tanto preciso
Escusado é dizer que não acho possível trabalhar eficazmente, com a
temperatura que agora se regista!

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Amadora
3-1-1989
Encontrei-o em Lisboa, por volta das 13. É de meia idade ou talvez um pouco mais. Entretanto, acho-o envelhecido e assaz desinteressado, em ordem à vida.
Chamado à fala, não hesita nem pensa. Semelha um vulcão, arrojando a lava em todos os sentidos!
As palavras ferventes brotam-lhe da alma, saindo em tropel, sem nexo algum! Do impulso inicial, precipitam-se logo, desfazendo-se no ar,
com insólito ruído!

Notando o seu estado, procuro acalmá-lo e saber, em pormenor, o que o vai consumindo. Bem prestara atenção a dizeres e razões, mas fora impossível
distinguir-lhe as palavras. Desfeitas em sons e largadas dos lábios, corriam desencontradas , mostrando claramente o abalo do sujeito
-- O meu amigo, acaso está doente?!
-
- Olhe, senhor, doente, sim, e mais do que isso! É que eu já não vivo! Perdi o interesse, por quanto me liga às coisas da vida! Ando saturado! Não posso mais! Fiz tudo o que podia, sem nada lucrar! Rebento de paixão!
-- Mas veja bem! Nada aí´há que não tenha remédio! Preciso é calma, tempo, orientação!
-- Como posso ter calma, perante um filho , como eu tenho, à data?!
Nos estudos, perde o ano, por faltas! Só televisão, futebol e diversões!

Para a cama, vai noite fora! Ao outro dia, o que faz é dormir! Isto, sim, faz ele amiúde, em qualquer posição: deitado, em pé ou sentado! Note bem:
quando lhe pergunto o que deseja ser, no próximo futuro, responde somente encolhendo os ombros!
É isto viver?! Corpo de homem... pensar de criança! Se morrem os pais ou então se inutilizam, que viver será o dele?! Veja bem como sou infeliz!
-- Olhe, bom amigo, ele não é tolo! Por isso, há-de ter propensão
para alguma actividade! Pelo que tenho visto, ele anda contrariado. O
segredo está, pois em acertar com alguma tarefa! Observe-o bem e, quando
souber, deixe-o caminhar, nessa direcção. Deste modo, ele será feliz, não
criando problemas de qualquer natureza.
Chegado a este ponto, não fará oposição, que ele singrará.

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Amadora
4-1-1989
Três funerais, ao longo do dia
Raro acontece, ao menos agora, quer dizer, há coisa de dois anos, até aos
nossos dias. Anteriormente,era usual, havendo ocasiões de mais ainda.
O caso é devido, se eu bem avalio, à carestia da vida actual. Estando
uma pessoa fora deste assunto, nao chega de facto a compreendê-lo, o que não admira!
Significará isto que morre menos gente? A questão é outra! Há mais
gente disponível, afim de atender serviços fúnebres.
Encarecem os artigos? Maior diligência, para prover às necessidades.

A propósito do assunto, ouvi ontem comentários, acerca da Jugoslávia. Se bem me recordo, 70% da receita do país vai para a comida.!
É pasmoso! Neste caso e outros semelhantes, ou ainda mais graves, recorre-se a tudo, afim de obter o que é necessário. Em última análise, o mais que se pode!

O nosso caso não é igual, bem entendido! Muito longe disso!
Apesar de tudo, vai para a comida, uma parte notável do nosso rendimento.
Voltando ao assunto que abre este Diário, eram três senhoras que estavam em causa: Emília, Celeste e Líria.

Os dois primeiros nomes são bem conhecidos e muito usados.
O mesmo não digo, quanto ao derradeiro! Ouso até afirmar que é desconhecido, o que me levou a estranhar um pouco, havendo problemas, ao ser comunicado. Há o nome Lídia, isso sim, que é familiar, há muito já.
Como eu não fixava, pronunciando mal, houveram de escrevê-lo,
pondo assim termo à situação criada!

A morte importuna ronda mais perto das pessoas idosas. Sendo invernal a quadra presente, o frio intenso bem como a chuva, actuam
furiosos sobre corpos débeis.

Entretanto, ocorre um facto que me faz cismar. Há inúmeras mortes,
em gente de meia idade ou então pouco mais! Enfartes do miocárdio,
suicídios em drogados e o terrível cancro!
Já nem falo na sida que põe o mundo em pânico!

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Amadora
5-1-1989
O caso não foi há muito, que hoje mesmo ocorreu!
Viajando como é hábito, entre a Amadora e a capital, após o meu labor,
sucedeu então o que passo a contar

Não houve altercação nem sequer discordância. O facto em causa
deu-se no silêncio, em que eu, nessa hora, imergia, por inteiro
Junto da janela, entretinham.se jogando três jovens raparigas e também um moço da mesma idade. Tenho para mim que eram estudantes.
Em anos de existência, andarão, provavelmente, pelos 17 ou então 18.
Se bem concluí, tratava-se de sueca. Não faziam alarde nem chamavam a atenção. Tudo sempre normal.
De mesinha, faziam os joelhos, com um livro enorme. em cimadeles. Quem estava em redor, olhava atentamente, cheio de curiosidade, afim de

observar as multiplas reacções e notar a destreza bem como a sensatez dos 4 jogadores.
Entre os primeiros ficava também eu que seguia atento o desfecho da partida.
Interessava saber se eram bons jogadores., aplicando as regras que a sueca impõe: não sinalizar, de qualquer modo; não falar jamamais nem
seguir um "código"; atender às puxadas, quer do parceiro quer dos adversários; levar o jogo contado; dispor as cartas na mão, de tal modo e jeito, que logo as abranja de uma mirada.

Para tanto, colocar desde início, os naipes separados, ordenando as
cartas pelo seu valor. Devem, igualmente, levar bem contados os trunfos que saíram; jogar os ás todos, logo de início. O primeiro ;a sair é logo o de trunfo; havendo terno e duque, jogar aquele e não este, em caso de puxada:
não repetir qualquer dos naipes,, sem que haja, primeiro, uma rodada geral.

Nisto me ocupava, quando surge uma gaiata, dos seus 16 ou 17 anos.
que, atraída ali pelas colegas, se encaminha, prestesmente, para junto delas.
Coisa natural! Como na Física: matéria atrai a matéria... Velhos com velhos; jovens com jovens! Isto, na verdade, o que é uso dar-se, embora
realmente não seja ideal!

O separatismo deve banir-se.
Chegamos agora ao ponto culminante. A última personagem tirou-me a visão, de maneira total. É que ela fixou-se ao lado, ficando inamovível!
Como eu, realmente, estava sentado, e ela de pé, nada já via. Foi este o caso.
Perante o sucedido, fiquei alarmado! Como é possível dar-se tal coisa! Fosse eu embora simples criança! Entretanto, um de nós o era!
Que viragem foi esta?! Não se atende a nada! Baniu-se a educação e a mesma sensatez?!
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Amadora
6 -1-1989
Chamara... chamara! Ela, porém, é que não atendia.
A filha dedicada mantivera-se ali, como fixa no lugar! Isto, uma noite e quase dois dias! Sentada imóvel, no cadeirão, figurava uma pedra, não vendo nem sentindo! Imersa, talvez, em graves pensamentos,.. Mergulhada
num abismo, donde só a custo é possível emergir? Os seus olhos,dados agora a outras realidades, que ninguém suporia, viravam-se para dentro.

O mundo exterior nada contava. Esta a razão que me fez concentrar.
perguntando ali aos meus botões: ninguém que chore, gema ou suspire?!
Infeliz defunto que não era amado!
Estendido no ataúde, mostrava-se indiferente, insensível, alheado. Que
havia-de fazer?! O espírito deixara-o, seguindo o seu rumo, a caminho do Além. Imortal como é, ficava mais l,livre, sem o corpo a tolhê-lo.

Apesar de tudo, aquele homem vivera, tinha decerto amado, recebendo igualmente provas de amor. À data, porém, agia em tudo como ser ausente.
Seria, por isso que a filha se doía? Dar-se-ia o caso de estar ensimesmada, lamentando o proceder de quem fora seu pai? Incriminava-o
talvez, poer deixar de atendê-la?

Decorreram breve as orações fúnebres: veio a comunhão; finalmente,
a encomendação
Apenas silêncio, negrume. solidão! Coisa estranha! Nada que nos fale, em
voz comovente! Nem um gesto sequer... um suspiro abafado... o mais leve
indício dum peito em ferida!

Entretanto, chega pressurosa a Agência Funerária, Acomodam as floores e ajeitam as rendas, à volta da urna. É o momento culminante!
Quando o Agente vai para fechar, irrompe do lado alguém tremente, de olhar minaz, ordenando firme, com altivez; " Não fechem! Papá! Não
acordas? Não me vês? Não me falas?!

Enquanto diz assim, descontroladamente, roça com o seu o rosto do finado e vai gritando, por modo lúgubre. A gritaria, assaz descompassada, é horripilante!
Nunca eu ouvira coisa semelhante! As pessoas afastam-se, apertando
a cabeça e fazendo visagens que mostram confusão. O vozear hululante
insinua-se no peito e arranha os ouvidos!

Eu até julgava que tivesse enlouquecido
Não pude ver mais! A minha cabeça estava aturdida
Teria acaso fé na vida eterna! Acreditará na ressurreição?
Sem estas alavancas, não é possível encarar a morte, de ânimo frio.

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Amadora
7-1-1989
Passaram os Reis que, segundo o costume, tinham dia santo, em eras passadas. Em nosso tempo, o caso é diferente, pois esse privilégio foi já suprimido, como sucedeu a mais trê ainda: o de S, José, o da Ascensão e o de S. Pedro.
Por esta razão, foi ontem, na verdade, um dia como os outros
Sendo eu criança, em pouco ou nada ele dideria da festa natalícia
Beijava-se o Menino; pelo dia fora, pediam-se osr"reis", em casas amigas;
pela tardinha, reuniam-se as crianças no velho presbitério.

O amável Prior de Vide-Entre-Vinhas ia dar-nos os "reis, pequena moeda - 1 tostão ou 2. Cabia a cada um esta exígua lembrança, que o Padre Zé Maria recebera na igreja, ao beijar do Menino
Como então delirávamos, ante a perspectiva, que se antolhava magnífica! Um pobre tostão, apenas 10 centavos, tinha o condão de fazer-nos felizes!
Em longa bicha, aguardávamos todos que chegasse o Pastor. Ao
surgir ali,, com ar bonacheirão e sorriso nos lábios,, era como o Sol a erguer-se no horizonte do nosso viver!

Quem dera vibrar hoje tão sinceramente, com razões tão simples,
eficientes e modestas! O perfume dos Reis, embora a distância o haja
debilitado, ainda vem, nestes dias, revolver um pouco a minhsa alma saudosa!
Pudesse eu retornar a esse tempo ideal, em que tinha a meu lado, os
grandes amigos, sempre dedicados e tão leais!
É o tempo mais ditoso, verdadeiro e genuíno! Uma vez sem eles, fiquei destroncado e já sem apoio. Apesar disso, alenta-me a certeza, deveras confotante de os encontrar novamente, no dia grandioso da ressurreição!
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Amadora
8-1-1989
" Faz-se Disparates "
Fiquei horrorizado, ouvindo tal coisa! Para mais, foi a locutora que todos
apreciam e gostam de escutar, julgando afinal que sabe Português como ninguém! Até eu aprecio, mas estes baldes,com água gelada, fazem alterar
a temperatura! Que decepção! É mancha negra, em pano alvo!

Qual dos nossos Mestres usou, alguma vez, tal construção?!
Encontra-se, acaso, em Herculano, Garrete ou Castilho, no doce Bernardes.
Vieira ou Sousa assim como em Latino?!
Não me parece!
Notemos o seguinte: "faz-se" é forma verbal, do número singular,enquanto
" disparates", sujeito da oração, é do número plural!
Há, como vemos, grave transgressão! Verbo no singular e sujeito no plural!

Logo, concluímos: Fazem-se disparates.
Não se venha agora com a frase francesa: On fait des Bêtises! Neste idioma, o sujeito ´é "on" ( do Latim homo). Portanto, a frase está correcta.

Atenda-se a Camões:" Por segredos que homem não conhece."
Na frase inicial, o "se" não é sujeito, mas partícula apassivante (são feitos).
Veja-se o Latim popular: virtus "se" amat e virtus amata est.
Equivalência: Disparates são feitos por...

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Amadora
9-1- 1989
Motorista berrão, vaidoso e presumido, modelar e fanfarrão..
Vejamos, em pormenor, uma parte da cena, ocorrida em auto-carro,no qual eu me encontrava
Após a introdução,começa o discurso de auto-elogio e crítica mordaz. Dizia o sabichão, incomodando os presentes, que apertavam a cabeça
: " Eu, aos 5 anos, já dizia obrigado, se faz favor e outras coisas mais
que denotavam boa educação. Além disso, era extraordinário! Calculem só:
No meu exame, para a condução, fui tão brilhante, que recebi, sem delongas, um belo convite, para ficar instrutor

Já podem ver o grau de inteligência! Mal fiz eu, não tendo aceitado!
Bem pena tenho! Havia de estar melhor do que agora estou!
Isto de educação é uma coisa bonita!
Custará talvez alguma coisa dizer ao motorista: Senhor Motorista, faz
favor de me dizer se este carro, afinal, passa em Queluz! "

Não vou agora repetir as palavras soezes, brejeiras e calculadas , que
adornavam seus dizeres.

Salpicada assim a arenga espontânea que bastante alarmou todos os circunstantes e os pôs num inferno. cabe perguntar: um povo inteiro, com História longa, longa, de 3506 anos, bem documentada (Vilas do Norte de
Portugal, por Alberto Sampaio), avança tão pouco, na linha do progresso?!

Merecerá, realmente, que tratemos por senhor um sujeito deste género, que enxameia os dizeres, com palavras escurris, próprias de muleteiros, almocreves e arreeiros?!
Oh tempora! Oh Mores! Assim dizia, no Lácio, o famoso orador, de
nome Cícero.

"E levanta-se um padeiro, logo de madrugada, para alimentar quem
tanta asneira, sem o mínimo respeito, pelos utentes da Rodoviária?!
Apelo veemente para quem de direito, afim de pôr cobro a tais
desconcertos! Até porque há motoristas que são exemplares e dignos modelos,de imitação.

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Amadora
10-1-1989
Chegou, finalmente, o dia suspirado!
Pois não é hoje que saem de Angola os primeiros Cubanos?! Cinquenta mil homens, num país estranho! A fazer o quê?!Quem deve, afinal,guardar a nação, defender o governo e prover a tudo hão-de ser os naturais, os filhos de Angola!
A tropa mercenária não inspira confiança!
Foi dito, em Luanda que saem os cubanos, de cabeça erguida e punho cerrado.
Não sei porquê! Por evitarem, talvez. a invasão de Angola?! Por defenderem o seu territorio da África do Sul?! Por esmagarem a tropa da UNITA?! Sim. Que fizeram eles, em terra angolana?! Nada! Ou melhor:
somente asneiras e latrocínios!

A UNITA, que eu saiba, ficou sempre na Jamba, em terra nacional!
Quem a desalojou? Ninguém! A África do Sul entrou em Angola e ficou por ali, quantas vezes foi preciso e lhe aprouve repeti-lo. Portanto, que fizeram l´
É de notar que a temda vzinha não precisa de Angola!
Como ninguém, tem ela em barda quanto necessita. O que ela não quer é ter maus vizinhos!
Onde brilha a vitória? Para mim, é ponto assente: só na África do Sul e na própria UNITA.
Que tinha dito Savimbi? Que não descansaria, enquanto em Angola
houvesse um cubano! E no tocante à África do Sul? Que daria a liberdade e a independência à chamada Namíbia,, sob condição: evacuarem Angola os
soldados cubanos.
Que é que lucrou a nação mártir? Viu sair para Cuba as suas belas divisas (pagava em dólares); sofreu espoliações e toda a natureza, em
alfaias agrícolas, materiais cirúrgicos, viaturas e o mais, que Portugal deixara, para uso, sim, mas dos Angolanos!

Valeria a pena? Oh! Tudo se escoou para a Ilha remota! Não foi vitória, mas sim derrota!
O sonhado cerco, uma vez premeditado, à África do Sul, ficou gorado!
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Amadora
11-1-1989
O que se ouve ou lê e assim também o que vemos, hora a hora,
deixa de ter graça, passando geralmente despercebido, em seus pormenores. Para despertarmos, é preciso um repelão, algo violento, que nos faça reflectir, encarando o assunto como se fora a primeira vez, a ser tratado.
Vem isto a propósito do Evangelho de hoje, Narra-se ali a cura
miraculosa da sogra de S. Pedro. Estava de cama, retida com febre.

Não havia, talvez, quem servisse à mesa. Jesus, porém, remediou logo a situação. Pegando-lhe na mão, convidou-a a levantar-se, o que ela fez logo,
começando a servi-l!O.

Este é o fato, mil vezes ouvido, muitas comentado e outras ainda ,lido pessoalmenta e revivido. Admira-se ali o poder de Jesus. que mostra
ser Deus. Embora seja muito e constitua o cerne da presente questão, algo
lá existe que passa despercebido. Ninguém atenta no caso em foco, olhando
com agudeza e tirando conclusões. Foi esta a razão do presente Diário.

Vejamos então. Designa-a o Evangelho por sogra de Simão.Quer isto
dizer: S. Pedro, Apóstolo, chefe visívem da Igreja de Geus, era casado.
Equivale a dizer: o primeiro Papa, escolhido por Jesus, era de facto um homem que tiknha um lar seu.

Viu nisso Jesus algum obstáculo à sua missão?! Notamos que não!
Verificamos. pois, que nos séculos seguintes, alguma coisa se fez, que se
apresenta logo, em franco desacordo.

Deduz-se claramente, que não há oposição nem impedimento,mercê
do matrimónio. O sumo cargo, na Igreja Católica, foi concedido a um homem casado. Jesus Cristo achou isso bem.
Notemos o seguinte: se houvesse, realmente, algo a corrigir, tê-lo-ia
feito, como sucedeu, no caso do divórcio. " Não separe o homem aquilo que Deus uniu!"
Desta maneira, ratificou Jesus as palavras do Génesis: "Não é bom que o homem esteja só!"
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Amadora
12-1-1989
Shop Peter's

Vi isto algures, ali para o Seixal, distrito de Setúbal. Fiquei embasbacado
e maior seria a minha surpresa, se não tivesse exercido, por mais de 20 anos, o cargo de professor de Língua Inglesa. Apesar disso, tive um choque forte. Se acaso a meus pais houvesse acontecido, que fariam eles'! Certamente ficavam intrigados! Pois se aquilo, realmente, não é Português!

Em território nosso, manda o bom senso, o nacionalismo, a conveniência e a própria razão, usar termos lusos. Estava assim julgando, vem-me logo ao
de cima terrível suspeita. De facto, não era Inglês nem Português!

Que era,afinal?! Salada russa! Genuína salgalhada!
Atentemos de perto. e a rigor, Português não é, que os termos são ingleses.
Shop, inglês, significa, decerto," loja de vendas"; Peter equivale a Pedro.
O apóstrofo em Peter indica, naturalmente, o caso possessivo ou
genitivo saxónio, equivalente, em Porrtuguês, a um determinativo ou restritivo.
Aquelas palavras significam: loja de Pedro
Entretanto, Inglês autêntico não é também, porquanto exigia a seguinte posição: Peter's Shop.
Quer dizer: as duas palavras são realmente inglesas; a sua posição é portuguesa; o genitivo saxnio é, de facto inglês!

Grande marmelada! Afigura-se charada! Quem entende isto?!
Por que é que as autoridades, competentes, na matéria, não põem termo
a estes desconchavos?!
Em terra nacional, só termos portugueses! Todos os outros devem ser eliminados! Não seguindo este rumo, desfigura-se a Língua, cuja pureza deixa a desejar!
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Amadora
13-1-1989
Dentes

São eles, agora, a minha canseira!A partir dos 28, o cortejo prosseguiu, sem
intermitências. Nessa altura, furou-se o pré-molar, inferior direito, Decorreram já 42 anos. Ao longo deste tempo, quanta maçada, graves incómodos, noites sem dormir!Casos tive eu que foram horrorosos! Um molar, esquerdo inferior e o do siso. O derradeiro ficou incluso.

À data presente, rondando os 71, pois em Fevereiro já se perfazem,há outra ronda, mais devastadora, Começou o arranque, nos finais de Dezembro. Em fins de Janeiro, terei o meu caso quase resolvido. Ficarão apenas 5:
três em baixo e dois em cima.

Com eles, suportarei as placas esqueléticas, aguardando assim que venham as novas, já definitivas.
Hoje,sem falta, às 11 e 30, foi extraída a raiz dum canino, sendo ela a terceira. A camada inferior está quase dizimada. No dia 16, pelas 10 horas,
vai ser desalojado o suporte da esqueléctica. há mais de 20 anos.
É o segundo pré-molar. Sem ele.pois, restam apenas os que vão ficar!

Em seguida, vamos aos de cima: os dois da placa e mais uma raiz.
-- a do canino esquerdo.
É muita coisa, em pouco tempo! Não tem corrido mal! O odontologista,
de nome Seabra, é cauteloso e muito prudente! Além disso, manifesta dextreza e muita habilidade.
A raiz do canino que hoje me extraiu, é que ofereceu alguma resistência. Penetrava fundo no maxilar de baixo. Por esta razão, estou
a sangrar e com dor de cabeça!
Oxalá, pois, que esta situação não vá influir, em sentido negativo, no
trabalho escrito.
Escrevo, na varanda, em cima dos joelhos. A estas horas, a luz do Sol vai já escasseando, pois faltam 25 para as 18. O Sol declinou,
havendo-se ocultado, atrás do casario que se ergue em frente.

A tarde foi bela, com ser Janeiro! O pior é de noite, que arrefece bastante! Por esta razão, anda tudo engripado, o que me toca em cheio!
É a segunda vez que tal me acontece, a partir de Setembro de 88.
Depauperamento? Sintomas do fim?
Após esta vida, aguarda-nos breve outra me,lhor,Façamos por isso!

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Amadora
14-1-1989
Como são as minhas horas.

Estar ocupado é ponto assente, no meu viver. Várias razões me levam a tanto. Que, afinal, procedi igualmente, ao longo da vida. Uma questão de
hábito? Apenas isso? Não! Mais e muito mais!

Tenho sempre em vista fazer coisa útil, para os meus semelhantes.:
instruí-los sempre no que é possível; pôr-lhes ao alcance o fruto sazonado da minha experiência; falar por eles, quando não sabem ou têm receio;
apontar razões que eles ignoram e podem militar em seu favor; destruir, sem piedade, noções falseadas e hábitos cediços, que perderam a vez;

chamar a atenção para as injustiças e bem assim para os ultrages à liberdade; erguer alto o estandarte, que eles, hesitantes, apenas soerguem,
por timidez; encarar de frenteos grandes opositores, eliminando breve
suas falsas razões, alegadas com ênfase, ao longo dos séculos;
contribuir, em suma, para que haja liberdade, sem a qual, decerto, ninguém é feliz; dessacralizar, banir os mitos e reduzir o homemà sua dimensão; destronar, forçoso, os bem instalados, como ainda os parasitas; eliminar prontamente a discriminação.
É nisto que eu lido.
Ao mesmo tempo, sinto enorme gosto em cultivar a minha doce Língua, que desejo respeitada e sempre erguida.

Se critico a sociedade, em seu labutar.é porque ela abusa, pisando
os fracos ou ignorando-os, pura e simplesmente. Este é, de facto, o grande incentivo, para o meu trabalho. Não quero apenas vegetar, neste mundo.

Desejo, a valer, que fiquem vincados os sinais de meus pés, ao
trilhar em desacordo os caminhos pedregosos deste mundo hipócrita.
Nesta ordem de ideias, começando ao meio dia, o longo trabalho das minhas revisões, para 85,( Diário ) vou agora acabando esta humilde exposição, que é desabafo duna alma sequiosa.

Para as 18, faltam apenas 19 minutos, Sirvo-me ainda da luz natural,
mas vai escasseando, aqui na varanda. Quem me dera já, naquelas tardes
longas, em que posso trabalhar, sem luz artificial, até às 21. Esse tempo
chegará, se Deus for servido. Bem o aprecio!
Após 71, vão ficando arrumados quase todos os Diários (já muito mais de 15 volumes!)
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Amadora
15-1-1989
Um Sonho

Já falei dele , por várias vezes, de modo especial, a partir de 85,
Trata-se, é claro, do primeiro original que intento publicar, mas que, por culpa doutrem, não chego a ver impresso.
A primeira Editora a quem o entregara, com o fim de apreciá-lo, reteve-o 10 meses, com grande enfado, cá para mim. Não seriam bastantes dois ou três meses?!

Fugiam de mim; evitavam, ao máxiimo, trocar impressões... Uma carga de trabalhos! Por fim, esgotada a paciência, ameacei com a Polícia

Chegado à mão o dito original, encaminhei-o breve para a Europress,
com sede actual em Santo Adrião (Póvoa)..

Ocorreu isto, no mês de Agosto. É tempo a mais, sem darem troco! Como posso aguentar espaços tão longos, com 7o anos, já feitos em Fevereiro do ano passado?! Gostava, sim, que dessem resposta, fosse qual fosse, para eu agir, noutro sentido. Neste marasmo é que nada luz! Será tanto o azar, que leve o mesmo tempo, sem nada concreto?! Que triste sorte! Com tantos volumes para dar à estampa, não haverá maneira de alguém esboçar o pontapé de saída?!

Havia um caminho: fazer eu próprio os custos da edição! Os montantes é que assustam, a valer! Nada há barato! Além disso, é um risco que pode sair quente! Não sendo conhecido, criaria problemas que seriam
escaldantes!
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Amadora
16-1-1989
Apresentei hoje as minhas condolências à Dona Narcisa, pela morte da mãe. É um facto usual que sempre ocorre, entre gente amiga.
O Sr. Almeida, que é,nesta data, o dono prestigioso da Agência Funerária.
Baptista Filho, não estava presente. Encontrei, no entanto, o filho do casal, que já entra em função, caso seja necessário.

Impunha-se, de facto. este grave dever, que são bons vizinhos lá, em
Alcântara e lhes devo atenções. Até aqui, nada há, realmente, que saia do normal e já esperado. Uma coisa, porém, excede o comum, sendo esta a razão deste meu Diário.

A falecida cavalgaria breve os seus 90 anos, sendo isto o motivo, Até se diz segundo o costume de esperarem a morte e menos sofrerem os que ficam ainda :" Oh! Já tinha muita idade! Foi um alívio! Redunda em esmola! Não fazia já falta!"

Isto e mais ainda ouvimos nós, amiúde, em casos semelhantes.
O facto de hoje foi bem diferente! Por isso, exactamente, gerou logo em mim profunda emoção.

A Dona Narcisa, com lágrimas quentes a brotarem de seus olhos,
referiu-se à mãe com tal vivacidade, carinho e saudade, que fiquei abalado!

É que eu, realmente, aprecio imenso que honrem os pais os seus descendentes. E então a mãe, a sacrificada , a maior amiga, a heroína do lar, a bênção de Deus, aqui neste mundo!Pois é verdade! A dita senhora dizia comovida: " Minha mãe,com letra grande, criou 9 filhos!

Imagina, acaso, o enorme sacrifício que isso representa?! Atendendo às circunstâncias em que tudo ocorreu, foi na verdade uma mãe ideal! Nem
haveria quem a igualasse!"
Gostei imenso de a ouvir falar assim1, pondo na voz um acento
desusado! Senti-me feliz, nessa hora ditosa! É que minha mãe correria a par!
Óptimo sinal que um filho elogie , exalte e imponha o nome dos pais e seu actuar
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Amadora
17-1-1989
Ainda mais uma greve, para 20 do dorrente! Será geral? Será parcial? Anuirão, talvez, as duas sindicais? Trata-se, como sempre, de reivindicações. Alguns anos atrás, eram greves políticas e, por isso mesmo, injustificadas. Agora, não sei bem.

Cavaco Silva diz claramebte não haver razão, para fazer uma greve, o que ele justifica, por várias razões.Uma dentre elas e a seguinte: o Governo Português está dialogando com os vários parceiros, no campo social

Quanto a mim, não aceito a greve como se tem feito, cá em Portugal.
Por tudo e por nada, entrava-se em greve. Acho quase estúpido fazer assim!
Só por causas graves, havendo-see esgotado os recursos todos!.Ainda assim, apenas simbólica! Nunca total e menos geral!

Quem é que mais sofre comm essa atutude? São os humildes. Na verdade, os outros dispõem de carro ou têm recursos, para alugar novo transporte. Ponho o caso em mim. Já paguei o passe honradamente. Se não houver transportes. vou pagar outra vez?! Quem vai indemnizar-me do prejuízo
causado?!
Cidadão do país, tenho deveres e direitos sagrados que devem respeitar os outros cidadãos. Entretanto, havendo uma greve, eu nada conto!
Como é então isto?! Ninguém entenderá esta grande charada?! Por
outro lado, eu não posso defender-me, assegurando também os meus direitos. Quem o deve fazer? ´o próprio Estado, garante da paz, bem-estar e liberdade, para todo cidadão!

Desconcerta-me o caso! Dadas as circunstâncias que têm rodeado as
nossas greves, sou levado a pensar que se trata dum abuso: falta de respeito
às outras pessoas; ingerência na paz e bem-estar dos outos! Um cancro social! Parecem dois governos! Dois galos emproados, na mesma capoeira!

Para todas as coisas é preciso consenso, devendo este alcançar-se,
com boa vontade e moderação, olhando ao futuro e às necessidades da
época actual.
De outro modo, vomito as greves e aqueles que as sustentam.
Há-de ter-se em conta o bem da nação, o bem comum e a bela harmonia de todos os Portugueses
Mais uma vez eu pergunto ainda: quem atende ao meu caso, quando
sofro dano, por motivo de greves? Que é que está errado na trama da vida?!
Algo está mal! ´
É preciso agir.

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Amadora
18-1-1989
Ontem, o " Diabo" trazia uma epígrafe, cuja leitura me deixou estarrecido e quase sem fôlego. Gostaria de saber que houve um engano...
que não é verdade o que vinha ali. O dito jornal chega até nós, à terça-feira.

Diz o povinho que terças e sextas são dias de bruxas. Eu cá, navego noutras águas! Que diz Garrete, nas suas "Viagens", acerca do caso?
Belíssimas coisas, não haja dúvida, pois contrariam a superstição. Entretanto, para brincar, vamos repetindo a "música velha"

Perdoe o leitor que me haja desviado, moendo-lhe a paciência!
Que dizia o Semanário? Se eu bem li, que foi de passagem, pelo Calvário,. em Alcântara (Lisboa), trata-se de um desvio de montante astronomico, na
Caixa G. de Depósitos. Eram tantos os zeros, que preenchiam ali espaço a
valer! Seriam 9? Talvez isto, reduzido a escudos: 1ooooooooo$00. Será´
assim'
Fiquei espantado! Ao que nós chegámos! Fora de casa, tem havido
assaltos, mas dentro dela, em Firmas do Estado?! Como pode ser?! Já não temos, de facto, quem nos ampare e mantenha seguro o fruto amargo de
tantas privações?! Falo por mim. O pouco, afinal, que já depositei, é o que não comi nem pude vestir, há já 15 anos

Tais factos são incríveis e bradam aos Céus!
É urgente sanar estes casos... esta oisadia e reles postura! Nós, depositantes,
precisamos defesa, protecção e amparo! O Governo tem de inspirar inteira confiança, tanto a nacionais como a estrangeiros.

Sejam os gatunos chamados brevemente à responsabilidade e logo
punidos, segundo a lei. Caso contrário, será preferível irmos para a selva!

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Amadora
19-1-1989
A Mulher gárrula

Falar demais ou o que é pior, com voz tonitroante, é sempre desagradável. Faz-se má figura, criam-se reparos, geram-se breve dasaprovações.
O caso deu-se ontem, na Rodoviária, "Amadora-Belém".
Logo de manhãzinha, com frio de rachar, todos se encolhiam, dentro da carruagem. Uns , ensimesmados, remoíam na cabeça o que tnham a fazer;
outros ao lado, menos conturbados, pareciam, no entanto, alheados a tudo o que perto suceda.

Eu, no entanto, querendo evdir-me para ideias pessoais e coisas do meu labor, não pude consegui-lo. Sempre aquela voz, matraqueada e potente, sonorosa, impante! Que grande sarilho! Valia no caso a lembrança acolhedora e assaz deleitosa de que, em breve espaço, não voltaria a vê-la!

Autêntica gralha, só ela falava ,assumindo-se ali como última palavra e figura graduada com o número 1!
Para inferno em vida, nada já faltava! Entretanto, aspectos havia , muito mais delicados!, Se não vejamos: a vida e o futuro de centenas de pessoas,
pendentes em cheio daquela insensata!

Havendo uma desgraça, causada por distracção, quem iria sofrer?! Os utentes em massa e bem assim as famílias respectivas. Ninguém disse nada, ao menos que eu notasse! Apesar de tudo, era enorme o rancor e até o despeito que as gentes mostravam.
Foi um pesadelo p ercurso de ontem, devido à estupidez da sijeita presumida, leviana, imprudente!
É criminoso distrair o motorista ou ainda enervá-lo. Na verdade,ele é responsável por todas as pessoas que se encontram ali e procuram maneira de ganhar o seu pão.
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Amadora
20-1-1989
Greve!

Esta palavra irrita-me os nervos, só de lembrá-la! Tão grandes são os efeitos dela,, nas camadas subalternas da gente portuguesa, que chega a pôr em causa a sua legalidade.Dizem, porém: " É o único processo de fazer, entre nós, justiça social!"
Assim, também eu o aceitava! O que noto, afinal, é má compreensão,
inveja e cobiça, despeito, retaliação! Detém-se ela nos justos limites? Não
ultrapassa as barreiras legais, compreensivas e bastante humanas? Não puxam demais as partes em litígio, sem visos, para já, de chegar a um
acordo?
O que noto aí é falta de paz, serenidade e até bem-estar, nos mais
humildes! Todos a correr, sem destino marcado... sem hora nem caminho,
para chegar ao trabalho. Nem dormir sossegado nem comer que aproveite!

É isto a vida?! Não pagaram eles, honradamente, o passe social?!
Vão pagar outra vez?! Alugar um táxi? E dinheiro, então, para comer?! Só
isto leva em peso todas as receita!

Se agora olho para os povos de Leste, onde a inflação é de várias centenas,, mais descreio ainda! Algo está mal, aqui entre nós! Estatizar e
matar a confiança no chamado credor, é o mesmo que banir qualquer investimento! Sem este, adeus progresso! Falta o emprego, vem o desinteresse, junto ao mal-estar
É consequência fatal do chamado Socialismo, quando já extremo
(Comunismo)
Seria desejãvel aquilo que designamos por "meio termo".
Patronato e Sindicato limitarem, ao máximo as pretensões e a ambição.
Desta maneira, chegaríamos talvez a pronta solução
Partindo, porém, de normas suspeitas, desconfiança e mal de inveja, nada
fazemos, quanto a inflação, postos de trabalho, paz e bem-estar.

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Amadora
21-1- 1989
Escola e Drogado ( E.U.A.)

A grandeza enorme dos Estados Unidos torna volumosos todos os factos, ocorridos ali. Para bem ou para mal, tudo forçosamente é desmesurado.
Noticiaram os jornais um caso lastimoso, cruel, intolerável: um rapaz drogado, com 24 anos, entra numa Escola, munido com arma e
atira, alarvemente, sobre as crianças. Tremo e sucumbo, de lembrar tal cena. Infelizes criancinhas!

No princípio da vida! Flores em botão! Esperança radiosa dum porvir
maravilhoso! Que angústia a dos pais, ao saberem do caso!
O dito assassino matou algumas delas e feriu muitas outras. Este, realmente, é o facto deplorável.
Em tempos idos, matavam por vingança, atingindo somente os julgados criminosos.Fazia-se o mesmo, em legítima defesa. A inocentes ou
indefesos, quem é que fazia mal?! A uma criança!

Em nossos dias, são os inocentes, as pessoas de bem, as Autoridades
ou endinheirados que são alvo de ódio, rancor e vingança. É ver o que se passa, no desvio de aviões e, bem assim, na preferência de certos reféns!

Pode tolerar-se o mundo actual?!
Voltemos ao drogado, Foi criminoso. Terá ele, de facto, responsabilidade?!
Se a não teve no acto ( não posso julgar) teve-a decerto, no tempo iinfeliz,,
em que ele iniciou o uso da droga, conscientemente.
Como eliminar este grande flagelo?
Tudo tem remédio! Sujeitar a duras penas aqueles que vendem ou passam
drogas!
Primeiramente, fazer constar, por toda parte, as medidas severas que vão ser tomadas. Em seguida, pena de morte para os infractores

Que se faz a um membro do corpo humano,.estando gangrenado!
Afim de evitar a total destruição, cortamos essa parte, para salvar as que restam ainda.. Daqui não se foge! É caminho único!Duro? Sem dúvida que sim. Entretanto, não há solução, por via diferente.
A morte inesperada, cruel e brutal de inocentes criancinhas que vem
dizer-nos?!
Para grandes males, grandes remédios!

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Amadora
22-1-1989.
Lupanar e Droga
Segundo informações, eram 9 as mulheres de certo lupanar. Estas infelizes
alugavam os corpos a machos desembestados, para cevar a luxúria, à maneira cavalar. Triste situação! Fazem-me pena mulheres desta vida!

Desonram-se a elas, envilecendo; desonram o sexo de que fazem parte; ultrajam a Deus, que morreu por todos, no Monte-Calvário, para lavar, com seu próprio sangue, os nossos pecados; são a vergonha das suas famílias.
Sem lar nem amor, fazem-se realmente dignas de dó!
Assim viviam aquelas de que fiz menção. Um dia, porém, chega um drogado que as obriga a despir e,havendo saciado as paixões degradantes,
assassina-as a todas.
Coisa horrvel! Que maneira arrepiante de acabar esta vida! Não seria
já bastante a sua desventura?! Que mais juntar a tamanha desgraça?! Faltava ainda a suprema angústia, a mais refinada e maior humilhação!
Após o concúbito, finalizam a vida como tinham surgido, cá neste
mundo! Queixamo-nos, às vezes, da nossa má sorte! Que nos diz este caso?'
Que os passadores da horrível droga, a começar pelos maiores, devem ser enforcados!
São eles os responsáveis por estas misérias e casos lastimosos.
Que Deus lhes perdoe, se for caso disso, mas a sociedade mão pode fazê-lo.
Seria assinar, de mão beijada, a própria ruína.
No campo da Moral, como seria o fim das 9 infelizes? Não é dado sabê-lo.
Apenas Deus é que tem o segredo! Que terá ocorrido, no último momento? Quem sabe?
O tal drogado suicidou-se também! Assim acabam as vidas
miserandas!
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Amadora
23-1-1989
No Hiper-Mercado.
De vez em quando, passo por lá, na mira de comprar o que mais preciso, com menos dinheiro. É voz corrente haver amiúde enormes
descontos. Eu em pessoa tenho aproveitado, em certos dias.

Entretanto, devemos ter presente o rifão português que diz o seguinte: "Cria fama e deita-te a dormir".
Havia-me esquecido, mas hoje recordei-o! E que desilusão! Fora eu lá por farinha pensal, cuja embalagem custava menos 40$00. Isto, é claro, por unidade! Dera-se o facto, meses atrás. Tomando-lhe o gosto, quis repetir, mas já não havia o artigo em causa. Tinha-se esgotado.

Bom! Perante o facto, decido então preferir Weetabix. É constituído
por trigo integral, glúten e gorduras, fibras e o mais. Trata-se, afinal, dum produto inglês que dizem ser bom. Tem hidratos de carbono. proteínas, etc.
Verificado o preço - 300$00 - retiro, desde logo, 4 embalagens,
entregando por elas : 11o8$00. Regressei feliz, julgando, ingénuo que tinha poupado.
Em seguida, entro logo aqui no Super- Mercado, ao rés-do-chão.
Comparando os preços, noto sem delongas que era mais barato, cá na Amadora. Grande negócio! Mais 10$00 em cada embalagem! Valeu bem a pena!
Não sei agora se lá voltarei, ao menos, sem ver os preços aqui por fora! Após o facto, no Hiper-Mercado, alguém me ajudou a arrumar as embalagens Um senhor gentil, de boas maneiras, com palavras doces, muito acolhedoras! Tão pouco se vê! Olhei-o com afecto, agradecendo logo, harto penhorado.

Nisto, remata ele: "Deus o abençoe!"
Não esteve mal! No entanto, achei imensa graça! É que as ditas palavras ficariam melhor, na minha boca do que na dele! Sou bastante mais velho e tenho por missão, entre outros deveres, o de abenço,ar!

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Amadora
24-1-1989
Em conversa informal com um padre, Capelão, veio logo a pèlo o celibato do clero, verificando prestes ser o colega da minha opinião,
quer dizer, contrário à lei que o torna odioso. Admitimo-lo, sim, mas como facultativo: nunca imposto! Assim o entendeu o próprio Deus, que ordenou
sacerdotes homens casados., entregando a chefia da Igreja Católica ao Apóstolo Pedro, que era casado.

Amarrando o padre com o celibato, emendam a Deus e julgam-se até
superiores a Ele. Além disso, fazem algo avesso à própria natureza e aos
direitos básicos da pessoa humana.. O amor e o lar, assim como a família, são efectivamente, de direito natural e inalienável.

A meio do diálogo, interrompe, com tristeza:" De momento. o Papa já recusa, pois não concede a chamada redução ao estado laical.
A isto juntei eu: se adoptou o nome João PauloII, não pode recuar: apenas
continuar.Caso contrário, deve escolher um nome diferente.

Como pode alguém recuar, neste campo?! Os males originados são incalculáveis! Quem roga a dispensa é porque, na verdade,não se sente feliz
nem realizado. Considera-se amarrado! Ora, o dever da Igreja não é cercear a liberdade à pessoa,mas defendê-la .

Que faz, dentro dela, um padre constrangido? Além disso, crendo-se com direito à fundação dum lar, atira-se logo para o acto civil, uma vez
manifesta a oposião de Roma.
Quem é o causador?
Pelas ditas razões, entendemos nós que o Papa actual se encontra de facto em mau caminho, neste particular. O movimento contrário é irreversível! O comboio passou e Roma à data, já o perdeu! As palavras do Génesis têm, de facto, valor eterno:" Não é bom, não, que o homem seteja so!"

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Amadora
25-1-1989
Outubro - 87; Agosto - 88; Fevereiro - 89.

O que fica exarado, ai cimo da página representa já uma longa caminhada.
Não falta muito para dis anos. Passados 9 meses, nasce uma criança.
Passados 24, ainda não chega, para nascer um livro. É que o longo percurso vai sendo percorrido pelo meu Diárrio de 1975, " ASegunda Noite", escrito em Angola.

É a segunda Editora que o vai apreciando, comercialmente.
Chama-se ela Europress. A primeira referida dava pelo nome de Meri Iberica Liber Esta dizia que o publicava, mas agia tão morosa, que eu
desisti.
Quanto à segunda, espero transmitam o que está planeado. Tenho para mim que é já bom tempo de saber alguma coisa. Daqui a pouco, há
meio ano. Bem diz o rifão:" Quem espera desespera"

Quanta ansiedade! Quantas horas desoladas, sem nada me dizerem!
O que houve já, quanto a conjecturas e poss´veis situações
É muito aborrecido não haver meios próprios! Nem esperava eu nem fazia esperar. Era limpinho! Assim, porém, de asas cortadas, que posso fazer?!

Esperar somente e depois morrer talvez, sem nada feito! Isto, realmente, faz-me cair! É, na verdade, como se eu, afinal, esperasse um filho, não
chegando a vê-lo! Que pena me faz tudo quanto digo!
Será de crer que chegue, brevemente, Fevereiro 19, sem ao menos um clarão, a indicar o futuro?
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Amadora
26-1-1989
O Rapaz do Funeral.
De vez em quando, ouvia referver, com jeito moderado. O caso repetia-se, bastante amiúde, subindo o ruído,ao fazer a recolha. Perante o sucedido, perguntei a mim próprio: não terá lenço o pobre do rapaz?! Pudera eu nessa
hora, emprestar-lhe o meu! Entretanto, não podia fazê-lo, que andava engripado!
Entre nós ambos, havia contudo enorme diferença: ele, rotineiramente, fazia ali a absorção do muco, obrigando-o logo a inverter o sentido. que é sair pelo nariz. Nem se apercebe de que o seu lidar não é
aceito. Sentia-se feliz, por estar à frente, em lugar bem visivel. A força do
hábito inibia-o de pensar ou julgar-se carente, fosse do que fosse!

Reflexão, neste caso, não era com ele!
Curioso, não é? Eu, no caso dele, não seria feliz.. Preocupado e cheio de vergonha, fixaria no chão os meus olhos tristes, pela má figura que estava fazendo, ante aquelas gentes. A ele, porém, nem o coração podia bulir-lhe.

Eu, porém, incomodado embora, com aquele ferver e logo referver,
notei visivelmente, a grande ventura daquele rapazinho, que não era já
criança. Catorze ... quinze anos! Andaria por ali!
Para ele, afinal, foi um dia feliz. Vivendo à margem das misérias da vida, passa no mundo, sem se aperceber do que é reprovável e perturba os outros
Um factor de ventura?
Em pólos opostos é que nós estávamos. Também vim duma aldeia, em que
os narizes albergavam, geralmente, espessas camadas de muco nauseabundo.
Hoje, o tempo é outro. Há lenços em barda, muito mais higiene,
cuidados especiais, afim de evitar qualquer desdouro.
A verdade, porém, é que, postos frente a frente, constituímos um calvário, em que as duas partes ficam atingidas, sofrendo muito mais a que mais evoluiu.
Coisas amargas da civilização! Boa é ela, de facto, mas traz dissabores e cria problemas
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Amadora
27-1-1989
O Motorista
Aprecio bastante o cargo de motorista, quando é exercido, com habilidade,
muita dextreza e boas maneiras. É que nele reside, efectivamente, a paz dos utentes,, a boa disposição bem como a segurança. Uma companhia, deveras amável, dá logo prazer e traz conforto
Sendo Inverno, lutamos com o frio, arrostando com a chuva, que nos
visita agora, bastante amiúde. Porque assim é, torna-se a viagem muito mais pesada. Entretanto, lá vamos aguentando, o melhor que podemos.

O caso em foco teve surgimento, daqui para Lisboa.
São 20 minutos o que levam, geralmente, os breves quilómetros que nos têm separados da nossa capital. Repito o mesmo, logo de manhã, antes de nascer o astro amigo e faço isto diariamente. Ainda hoje correu o facto.

Às sete e um quarto, arrancava ansioso, do Largo da Estação. Para tanto,
ali manda estacionar a Rodoviária,
Como ia apressado, julgando talvez não achar banco, afim de sentar-me, despachei-me breve, aproveitando logo o banco da frente, que ficava
pertinho do nosso motorista. Não é preferido, ao menos de Inverno.

Isto, por ficar exactamente rentinho à porta. Mas, enfim, lá me ajeitei, envolto no sobretudo. Resignando-me ali, por ser breve o percurso,
ia confiado e cheio de esperança. Nisto, precisamente, vem a surpresa tomar-me de chofre: o motorista prepara um arremesso, a lançar pela janela.
Fico atarantado! Não estava eu perto?! Não corria o perigo de ser
atingido?! Fazendo recochete, por causa do vento, que podia suceder-me?!
Infeliz que eu sou! Fosse apenas uma vez! Chegava já e era bastante!
Aquilo horroriza-me! Enche de pavor, nojo e espanto!

Às portas já, do século XXI e nesta miséria?! Que tristeza imensa!
E foram 8 vezes, da Amadora até Lisboa!
Não haverá remédio para tal calamidade?!

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Amadora
28-1-1989
O volume XIII das obras de Garrete, Edição Disco-Livro, traz
em dada página, o Andrómetro de Spencer. Ora, acontece, realmente, que
põe a maturidade, entre os 29 e os 35 anos.
Vem isto a propósito do prersbiterado, que exige maturidade, sem
que haja aparência , motivada por entraves.
Antes de expor o meu ponto de vista, intento exarar alguns considerandos.
Para se verificarem os dados de Spencer, é necessário que o ser humano, em sua evolução, não haja tido quaisquer barreiras. É que, neste caso, aos 29 anos, poderia encontrar-se, com 5 apena.,
Faz impressão a muito boa gente que, aos 24 ou 25 anos, um homem
qualquer não esteja preparado, convenientemente, para assumir a responsabilidade e tomar compromissos!. A verdade, porém, é muito
outra!
Em primeiro lugar, dista enormemente do Andrómetro de Spencer.
Em seguida, pode ainda encontrar-se na segunda infância (3-5 anos). Há
casos em barda, por esse mundo fora.
As Ciªencias Humanas, que estão em pujança, na época actual, esclarecem tais casos. Infelizmente, a Igreja Romana, por escassez de informação ou algum preconceito, ainda não aceita o belo resultado que vem da pesquisa
O certo, porém, é que não podem negar-se, os efeitos obtidos: estão
docomentados, com muita seriedade, havendo precedido proba investigação.
O barrar da evolução que deve ser contínua, livre e firme pode ser
ocasionado por vários factores: o pai ou a mãe; outrem de familia; pessoa
estranha, muito dedicada; Escola Primãria ; o Internato; de modo especial o mesmo Seminãrio, como era no meu tempo; pressão exagerada, proveniente que seja do mesmo Superior


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Amadora
29-1-1989 (cont.)
O maior travão, no caso entre mãos, brota da mãe, com vista
ao menino.É assaz curioso e digno de nota. Quem mais ama o próprio filho
e por ele se entrega, de corpo e alma, é que pode lesá-lo, de maneira apavorante!
Tornando-se invasora da pobre criança, esta não passa de mero objecto que ela tem presente, e a que não renuncia. Sendo isto assim,
o menino é possuído e não toma iniciativas, quando o tempo chegar; depende inteiramente da fonte de seus dias.

Ela, por sua vez, tudo lhe faz, limando-lhe arestas e tornando-lhe a vida um mar de rosas. O querer do petiz dilui-se inteiramente no querer da mãezinha!
Quando chega a adolescência, continua infantil, porque não evoluiu.
O desenvolvimento que acompanha o ser vivo foi-lhe barrado pela própria mãe. Enquanto esta viver, nunca passará à fase seguinte, em que o adolescente pensa no "outro"Foi coarctado e assim continua. Para fora, jã ele não volta! Remete-se ao "casulo!

A outra fase, provavelmente, não surgirá. Teremos nós um invertido,
embora inconsciente? Um homossexual, embora em potência? Um marido infeliz, vindo a casar? Um pobre homem, sem maturidade?

Como poderá tomar compromissos?! Assumir, para logo, a responsabilidade? Sem liberdade, impossível se torna a responsabilidade!
É menino, sim, mas de sua mãe! Depende dela! A sua vontade não conta
para nada! Ele será sempre o que ela quiser!
Aqui reside a causa de muitas defecções, na vida profissional

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Amadora
30-1- 1989 (cont.
Tomemos em conta um facto indiscutível: o ser humano
evolui, sendo constantes as fases da vida. Não podem sobrepor-se ou deslocar-se. Sem que uma se realize, não começa a outra!

Julgarão ar mães que esta doutrina se opõe ao amor que votam aos filhos? Não é verdade que haja isso em mira! Não tenho em vista esse despropósito. Trata-se apenas de alertar as mães, chamando a atenção para um caso muito grave, que as Ciências Humanas vieram descobrir, já recentemente
Está em jogo a ventura do próprio ser humano À margem total desta prevenção, temos no mundo uma série de infelizes!
São três, de facto, as fases basilares: 1. a criança, primeiro, vive para si; 2.
o adolescente descobre o "outro,"com quem e para quem passa a viver; 3. o ser adulto
volta de novo a viver para si. São irreversíveis estes estádios.

Incumbe aos pais, aos professores, bem como aos psicólogos, tutores e mentores, aos conselheiros e directores nada oporem que vá interferir em
tais realizações. É que elas,na verdade, estão incrustadas nos seios da alma.

Foi o Criador que assim destinou.
Internatos e Colégios podem também afectar gravemente as fases da vida.
Claro se deixa ver que, havendo obstrução, o ser estaciona, psicologicamente e sexualmente, voltando à carga, muito mais tarde, já sem
controlo nem proveito algum.

Fixemos agora o caso da mãe que domina inteiramente a existência do menino.
É toda cuidados; substitui-o em tudo; vela em exagero pelo seu bem-estar; ela não admite, por modo nenhum, que alguém o acarinhe ou
lhe dê mostras de sincero afecto; não pode estar longe do ser que gerou;; não admite a hipótese de vir a perdê-lo ou perder o seu amor; não o larga um momento;
o ciúme de outrem é espinho acerado; no caso em foco; vigia-lhe
os passos, com toda a atenção; selecciona até as suas companhias; impõe-lhe os lugares que há-de frequentat; espia solícita e mete de permeio gente a colaborar.
Pelo que vemos. este pobre menino vai ser infeliz! A mãe invadiu-o: é exagerada em alto grau; A criança não vive a sua própria vida, mas a da mãe. Está decerto, no plano inclinado. Barra-lhe o crescer , na área psicológica e sentimental, já que a autora de seus dias de vida está exorbitando.
Desta maneira, vai dar contributo para mais um infeliz. Ensimesmado e harto diminuído, viverá o narcisismo... gastar-se-á sobre si
Um futuro invertido... um homossexual, (ao menos latente), seja consciente
ou inconsciente.
A quem atribuir a culpa de tudo?
Continuando infantil, não se encontra livre, para tomar decisões.

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Amadora
31-1-1989 (cont.)
Suponhamos agora que essa mãe invasora o destina ao sacerdócio, Este menino jamais conviveu. Era preciso e até urgente, evitar,
a rigor, as más companhias. Por isso, exactamente, viveu isolado.Sendo ele
o mais velho, esse isolamento foi sempre total e assaz desumano.

A piedade materna, sincera embora, mas algo fanatizada, (pelo menos vendo mal, em inúmeras coisas), tomava a peito desviar a criança
de tudo o que é humano, requerido também e necessário aos anos do filho

A vida infantil desdobrava-se, pois, só entre adultos.
" Possuída" pela mãe, a pobre criança não via mais nada
Em sua casa, evitava-se tudo o que pudesse manchá-la. nem atitudes nem
sequer palavras que originassem dano! Vida angelical e não humana!

O menino avançava, em anos a contar, mas ficava infantil, angelical e um ingénuo. Acerca da vida, nada ele sabia. Guardado, espiado, seguia o caminho de maneira estrambótica! Um ser infeliz, que não era deste mundo
nem tinha, afinal, vontade própria. O seu querer havia-se diluído na vontade materna..
Desviando-o de tudo, ele era empurrado, mas não guiado.
De modo nenhum ali há um carácter: por isso, exactamente, não pode haver
qualquer opção, chegada a hora de escolher o rumo. É a mãe que o faz..
Já o preparara, desde longa data.
Estamos assim, ante uma vontade, em que a outra se abisma.
Só igreja e orações; seminaristas e padres; catequese e reuniões; diálogos constantes e algo tendenciosos, vincando sempre o mesmo assunto.. .batendo a mesma tecla.

Esta criança nada mais viu... nada mais soube: foi o que aprendeu!
O conceito da vida é errado em globo! temos presente um ser artificial...
uma vocação, imposta à força, ( embora com jeito e modos especiais)
Não é ele quem escolhe,mas de facto a mãe!

Chegado que foi à sua adolescência,, não se apercebeu de que havia "outro", com quem e para quem iria viver. Quer isto dizer que ele estancara, ficando infantil.
Uma vez assim, vive para a mãe, depende dela... é o seu "objecto"
Está já pronto e bem preparado para o narcisismo.

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Amadora
1-2-1989
Já fiz alusão às fases do homem, que são, na verdade, em número de três. Para maior clareza, vinco melhor este mesmo assunto.
1.Introversão; 2. extroversão; 3. introversão.
Diria, talvez, com mais propriedade: fase do eu; fase do tu; fase do eu.
Ou ainda;.fase de recepção; fase de doação; fase de recepção Recebe,
primeiro; dá seguidamente; volta a receber.

Estas épocas da vida vêm todas seguidas, ao longo do tempo e
surgem, por força, invariavelmente, não havendo obstáculos, Não há aí saltos nem sobreposições.
Agindo a criança, em inteira liberdade e não havendo peias ou distorções, provenientes dos pais, tudo se processa, em grande equilíbrio.
A primeira época prepara s segunda, que tem seu início com a puberdade.

Acabada, pois, a terceira infância, ( 7 anos ) vem a adololescência,
que, entre nós, surge mais ou menos pelos 12 (meninas) e pelos 14.

O rapazinho, que viveu como egoísta, recebendo apenas (amor e
carinho; estima e afecto; solicitude, amparo,etc. descobre o "outro".
Nesta fese, se não foi barrada a evolução natural, pela mãe absorvente e
autêntica invasora, que não é capaz de renunciar nem de ser possuidora,,
começa o rapaz a dar do que é seu ao movo elemento, fora do lar.

Vai dar-se à noiva que será talvez a esposa do futuro; dá-se igualmente à prole que surgir..
Lançados ja na vida os filhos da união, vem a idade madura ( 43 a 49 ) que
o aproxima dos 50 anos.

Começa a terceira época., a que segue brevemente o declínio da idade (57 a 63 ), vindo logo a velhice (64 a 7o .
Na última fase, começam as moléstias, surgem os incómodos, leventam-se problemas.O casal requer auxílio, de toda a natureza.
Entretanto, havendo factores que impeçam este curso, a pessoa estabiliza e
fica dibinuída, sem capacicdade para assumir encargos e ser responsável.

É um ser inepto para o casamento e para o sacerdócio

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Amadora
2-2-1989
O Internato.
Imaginemos, pois, que se trata, afinal, de seminaristas, quer destinados ao clero regular quer ainda ao secular, Reportando-me agora aos anos 30, ( 1930 ) que senti realmente pesarem fundo sobre os meus ombros, o rapazinho ia da aldeia, para iniciar vida comunitária, fora do seu meio.
Admitamos também ser um dos muitos, já recrutados, por falta de meios. Para o Liceu, isso é que não! O Seminário convinha! Era gratuito
ou quase o seria. Tratando-se dum jovem que adora a mâe, na qual somente
deposita confiança, ouve tudo o que insinua ou chega a pedir a fada e autora de seus dias na Terra.

Escoou-se a adolescência, fase da vida em que ficou parado. Invadido pela mãe, que não prescinde do filho, criou o rapazinho igual necessidade. Continua, pois, sempre infantil. O "outro" não surgiu! na sua
vida íntima. A mãe, a rigor, é tudo para ele e continua ainda na mesma situação, já no Internato.

Aqui mandam nele como num abúlico: não tem vontade própria. É
mera peça do "grande mecanismo!

Os seus problemas a ninguém interessam. Obrigam-no a agir como se fora já padre. velho sisudo e angelical!. Este rigor mais e mais lhe vinca
os traços da mãe,. Por isso, em férias, apega-se a ela, com toda a energia,
acentuando-se mais a sua dependência.
Nada ele faz que posssa desagradar-lhe! O seu mínimo desejo é sempre adivinhado, pondo-o logo em pronta execução

Dados estes factos, o pobre rapaz não tem vontade própria nem vive a existència, Critério pessoal isso não existe! É manipulado! Sem ser padre ainda, obrigam-no a vestir e viver como tal!
Mercè dos hábitos, criados no lar, entrou no Seminário, ainda infantil
A secura e solidão a que agora é votado, aumentam as carências, próprias da criança.
Entrado em férias, sente-se bem, continuando infantil, pois vê saciadas ,em toda a linha, as suas aspirações.

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Amadra
3-2-1989
Os sintomas da absorção e posse total acentuam-se mais, ao longo dos estudos, subindo ao rubro, em dois momentos, que direi criciais:
ordenação dele e morte da mãe,

Primeiro momento: alegria sem par , de haver proporcionado a quem
deve tudo a maior ventura. Que poderia, afinal, essa mãe desejar que ele não fizesse?! Imolaria cordeiros, em todos os altares, para essa criatura se
crer ditosa. Sacrificaria a própria vocação, desde que ela sorrisse e o não abandonasse!
Desta maneira, está ele preparado, para ser um inútil, diria até indesejado, no meio da sociedade. Ainda preso à mãe, como em tempos de criança, continua assim, pela vida além. Nenhum dos dois pode estar sem o outro! Separação imposta, seria para eles verdadeira tortura!

Entretanto, um dia chegará, em que a morte cruel vai bater à porta da
mãe adorada, a quem sacrificara a própria ventura. O caso triste apresenta-se agora a cores lutuosas que o tempo e a vida não logram apagar!

A suprema angústia desce para logo ao chagadp peito desse adulto-
criança! Agonia com espanto, medo e prostração, eis o quadro tétrico, onde
a sua figura se apresenta logo, em primeiro plano

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Amadora
4-2-1989
Greve geral dos nossos transportes.
Ocorreu ontem ou seja no dia 3. Também eu a senti, no corpo e na alma,
podendo assim exprimir os efeitos maléficos por ela causados
Não quero negar o direito de defesa àqueles que trabalham. Muito
longe disso! Todos têm direito ao que é fundamenttal, para viver neste mundo, por modo condigno. Demais, eu vim de baixo! Pertenço igualmente à classe trabalhadora, visto que meu pai era lavrador e agricultor.
Entretanto, discordo profundamente do processo utilkiizado!
Por tudo e por nada, ameaça de greve! Ora, isso é que eu não aprovo! Além
do mais, os grandes torturados são os mais humildes... aqueles que de facto não têm voz... os que todos ignoram e não poden defender-se! A greve é feita, pois, à custa deles

Quanto a mim, paguei honradamente o " passe social", ainda antes de iniciar este mês É o L1. Já fica dispendioso. Tinha, pois, satisfeito os meus compromissos, afim de garantirem a viagem habitual, Amadora- Lisboa e vice-versa. Entretanto, com a greve, que veio a suceder?! Tive de ir a pé uns 4 quilómetros, aos 71 anos!

Para alugar um táxi, pagava duas vezes o mesmo percurso! Será isso
justo?! E logo uma greve de 24 horas!
Segundo opino, essa atitude há-ser simbólica, O mínimo de tempo e nunca por nunca, em horas de ponta.

É simplesmente dar um sinal, visível para todos! De outra maneira, torna-se
a greve horrível pesadeo! Não se dorme, já previamente, receando perder o dia... Uns dizem que há... outros, que não! Ao longo da jornada, bichas sem fim... gente desesperada... comentários azedos, palavras arranhantes... atitudes agressivas!

Por que é que os Sindicatos bem como o Patronato não resolvem a questão, chegando a consenso?! Palavra de honra que chego, por vezes, a desadorar tal meio de agir!

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Amadora
5-2-1989
O número 7

" A este número atribui-se malefícios!"
Ouvi esta frase a certa locutora da nossa televisão. Não preciso dizer
que perdi a calma! Em razão disto, foi~se o entisiasmo e o próprio interesse pelos asuuntos focados. Esvai-se igualmente a boa disposição. Quando tal sucede, fico paralisado, É qual enfermidade que logo me afecta.
Causará estranheza a minha impressão? Sendo o caso assim, pior ainda!
Não se trata,afinal, de grande punhalada no cerne da Língua?! !Notemos, desde já, que é um erro sintáctico! Por esta razão, a culpa agrava-se!Muitíssimo pior que mero termo, rebuscado fora! Denão vejamos!, Olhando bem para a estrutura da frase, (embora incompleta),
nota-se logo o decalque lastimoso da sintaxe francesa!

Alguém dirá: mas, se é bom Francês, é igualmente bom Porrtuguês!
É o que vou intentar no Diário seguinte, mostramdo. a rigor, que não
paralelo, entre as duas línguas, no caso em foco.

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Amadora
6-2-1989 (cont.)
Em Framcês, é correcto: está segundo a Gramática: o verbo concorda com o sujeito, em número e pessoa. Sujeito no singular, verbo no singular!
On dit des mensonges ( dizem-se mentiras). Sujeito: on, que deriva do Latim homo ( homem); predicado: dit, no singular,como on.; complemento directo: mensonges.
Neste passo, lembremos Camões : " Por segredos que (homem) não
conhece
Dizem-se mentiras. Predicado: dizem-se (voz passiva= são ditas;
sujeito:mentiras; agente da passiva: indeterminado (por algém; por alguns)
Vamos agora à frase, em que entra o se, junto do verbo, fazendo-o equivaler ao on francês (erradamente).

Para já, o se da frase que vem no topo, deriva duma palavra latina que nem sequer tinha nominativo /caso do sujeito\. O on francês provém do Latim - homo, caso nominativo,que serve de sujeito.

A frase correcta, na língua portuguesa, é a seguinte: A este número
atribuem-se malefícios.
Sujeito: malefícios; predicado: atribuem-se. Trata-se, pois, da voz passiva,
equuvalente a "são atribuídos."
Desta maneira, há já concordância, entre o predicado e o sujeito.
O agene da passiva é indeterminado ( por alguém... por alguns ).

Após as razões, quer etimológicas quer ainda históricas, vem o firme apoio dos nossos grandes clássicos e Mestres da Língua: Vieira e Bernardes,
Herculano e Sousa, Castilho e Latino, etc, etc.
Nunca, em seus escritos, se nota uma frase de tal construção.

Nota: na língua portuguesa, encontramos exemplos, em que a textura sintáctica é igual à da língua francesa ( on dit des mensonges , Vejamos um caso, rebuscado em Camões: " Por segredos que \ homem\ não conhece".
Latim: homo (nominativo); francês on; português: homem

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Amadora
7-2-1989
Viajar nos Transportes

Trabalhando em Lisboa, desloco-me à cidade, ainda cedinho. Levantar às 5 horas, preparar, como é devido, o que tenho a meu cargo e, por volta das 7, rumar a Lisboa. Para tanto, uso por norma o passe social. Dá bastante jeito,
como é de supor: posso utilizá-lo quantas vezes for preciso, durante o mesmo dia. Tanto leva um percurso, como dois ou mais. No que visa isto, o caso está bem.
Há, no entanto, um aspecto lamentável, que muito nos humilha e enche de tristeza: sendo muitos ali os utentes da estrada e poucos os veículos ( refiro-ne aos auto-carros ) sucede habitualmente o que é de esperar e que não se deseja. Os carros em foco vão super-lotados.

Empilham-se as gentes como trastes sem uso, dando isto origem a má disposição e até, por vezes, a palavras grosseiras. Lamento, ao vivo, que estas coisas sucedam, porque vêm aumentar o nervosismo existente. Acontece, não raro, sofrerem-se maus tratos, balanços repentinos, encontões chocantes, abalos profundos! Não haverá remédio, para esta
situação?
Algumas vezes, ouve-se dizer:"Se não está bem, alugue um táxi!"
Não concordo! Onde está o dinheiro?! Pagar duas vezes?! O que eu
entendo é que estes casos merecem estudo, com vista à solução.
As pessoas não são animais e, muito menos, trastes sem uso! Merecem respeito! Exigem atenção!
Gostava, realmente, que pusessem fim ao grande mal-estar, que toma, dia a dia os utentes da estrada.

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Amadora
8-2-1989
Novo Encontro

Havia já um ano, que deixara de a ver. Quanto isso me custava! Que saudade imensa, no cerne da alma! Dias e noites, horas sem conto, lembrando seus encantos, sem poder avistálos ou deles ter novas!
Como é doloroso viver deste modo!.
Cismando noite e dia, recordava arroubado seus doces eflúvios que, não raramente me faziam delirar! Seu ar fagueiro e meneios curiosos deliciavam-me a alma. Ao vê-la dee perto, renasccia a vida em meu coração!
Qual aurora radiosa, espancando as trevas ela actuava, dentro de mim. Em companhia dela , sentia-me diferente e os agudos espinhos, tao dilacerantes, não causavam já dor! Outra luz, outro fogo ardia vivamente, no centro do peito. Pesares e vilezas tudo se afastava, para viver o momento que era sem igual!.
Encontrara-a em Fevereiro, de 1988. Após esse mês, de novo a perdi.
Retirou-se o encanto por maneira subtil e, devido a isso, não houve despedidas! Ou seria, talvez, que não me apercebi, de enlevado que andava?! Podia acontecer! O certo,porém´é que a sua ausência veio penalizar-me!
De novo, pois, estava sozinho! Desfizera-se o encanto e o prosaico da vida instalou-se em meu peito!

Assim vivi eu, durante largos meses, sempre desditoso, pensativo... melancólico! Entretanto, a 1 do corrente, ao passar em Monsanto, irrompe
dentre as árvores, ostentando nos lábios um sorriso de encantar!
Benvinda sejas tu, ó linda Primavera!

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Amadora
9-2-1989
Acabei, agora mesmo, a segunda revisão, (melhor diria) a segunda, após a última, de 1971). Trata-se, claro está, do meu pobre Diário.
Tantas horas gastas! Tanto sacrifício!Tamanhas canseiras!
O meu objectivo é publicá-lo mas ,ao que vejo, há tanta dificuldade! Não acho maneira de pôr isto a andar! É que nem o Diário de 1975 foi possível editar! Por não ser conhecido, as editoras receiam.

Desisti logo da Meri Ibérica Liber; agora, encontra-se em campo a Europress. Isto, já desde Agosto! Não era bom tempo de entrarmos em contacto?! Mas não! Mudos como ratos! Chego a desanimar! No meu entender, bastariam dois meses, para se inteirarem, dando, em seguida, o seu parecer!
Este problema traz-me desgostoso, mercê dos largos anos que já pesam bastante! Além disso, cá na minha óptica,era promissora a época actual, pois me ocupo de Angola, cuja história política, militar e económica
vai sendo remodelada ou, pelo menos, em vias disso.
É um dos problemas da época actual a requerer mediação, com toda a urgência. Outros há. certamente. Entretanto, o da África Austral é dos maiores e mais candentes. Por estas razões, impunha-se, de facto, que saísse o Diário, elaborado já, há 14 anos, aproximadamente.

Poderia acontecer que o leitor o recebesse, preparando o caminho para assuntos iguais ou mesmo diferentes
Pela última vez, estão já revistos, do ano 70 a 86. O número de livros é sempre superior ao número de anos. Tem de haver desdobramentos, para evtar livros grossos e pesados na venda. Um ano somente vai a dois ou três livros.
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Amadoa
10-2-1989 Outra Surpresa

Quando agradável, sabe e consola, mas ao invés é harto amargosa! A que vou descrever pertence, de facto, ao número triste e indesejável. Quanto eu
daria, para fugir-lhe a tempo! Mas adivinhar?! O problrma é esse, exactamente. Ontem, por noite, assistia, deliciado. ao noticiário das 21 horas.
Até porque, na verdade, a nossa locutora satisfaz plenamente., gostando, por isso, de ouvir seus dizeres. Po r não ler jornais, habitualmente, dou enorme atenção àquele noticiário, que tem mais volume. Bom! No melhor da festa, havendo terminado a pessoa entrevistada, ouvi a senhora dizer assim: " Muito obrigado!"

Isto irritou-me, produzindo mal-estar! De facto, julgava eu tratar-se
de mulher, quando afinal o caso é diferente! Se ela pôs "obrigado" no masculino, que devo concluir?! Que eu andava enganado, como toda a gente!
Reflectindo, pois, sobre este caso, chego sem falta a esta conclusão: não devo confiar, seja em quem for! Só Deus, afinal, merece confiança! Vamos lá dar crédito ao que os outros dizem, pensam ou sentem! Do pé para a mão, elas aconttecem!

Não se trata, afinal. de mulher disfarçada?! Mas para quê enganar o público?! Não percebo o artifício! Nem vamos dizer que ela, de facto, ignora a concordância! Não creio nisso! Qualquer principiante da quarta classe faz a concordância, por maneira acertada. Ele diz: " obrigado"; ela diz "obrigada!"
Onde está o problema?! Quem agradeceu foi a locutora!

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4Amadora
11-2-1989
Falar Português.
Este programa foi introduzido recentemente, o que deu a todos enorme regozijo! Não fazia sentido que a nossa televisão guardasse má vontade ou emudecesse, a tal respeito!
Desde António Freire, docente universitário que tanto agradou ao público em geral, nunca mais, que eu saiba, alguém ventilou assuntos do género.
Ora, sendo a nossa língua o instrumento de trabalho, para transmitir o que amamos e queremos ( ideias, sentimentos e também voliçóes), impõe-se, realmente, que seja cultivada por todos em geral. Para tanto, requerem-se exposições, feitas, já se vê, por alguém competente .

Em razão disto, dou os parabéns à TV portuguesa, pela ideia feliz.
Quanto aos programas, que sigo com atenção, acho-os úteis e muito práticos para as classes mais humildes, às quais, muitas vezes, ninguém atende,
Este aspecto é defensável Entretanto, há senões que passo a expor:
1. o tempo disponível é exíguo em excesso. Por vezes, gastam-se horas em programas banais. Por que não dar maior duração ao programa linguístico?
2 . Intervêm nele duas personagens. Pergunto agora: para quê, se nem para uma dá tempo a matéria?!
Acho, pois, que devia ser apenas, um dos locutores, a expor o tema.
3 .Não ponho em questão o saber das pessoas que nele intervêm. Se foram
convidadas e elas aceitaram, é porque são idóneas.

A partir daqui, interrogo novamente: por que mostram elas certo acanhamento, de modo especial, a parte masculina?
Gera, de facto, má impressão, e cai bastante mal no público ouvinte.
Pode alguém interpretar, de maneira errada!

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Amadora
12-2-1989
Desabamentos.

São de temer fenómenos destes, pelos graves efeitos, que podem causar. De muitos deles já todos sabemos quanto mal originaram: mortes funestas; graves mutilações, desgraças inúmeras! E quando são barragens que se arrancam pela base ou então grossas penedias, a rolar medonhas, por uma vertente?! Deus nos livre de tais situaçóes!
Só temor e espanto na multidão!

Hoje, porém, assisti penalizado, a um desabamento de outra natureza. Tal coisa, afinal, deu-se no auto-carro, sendo eu paciente, e uma senhora a agente do facto. além de molestar, indispôs-me em extremo, pois aquilo não se faz nem a gente o admite!

Imaginem os leitores um monte de banhas ( dois almofadões, virados para mim), atirando-se impiedosos sobre o meu pobre flanco!
O incómodo foi grande. A outra faceta que deixei entrever, prende-se ao lado que virou para mim!
A parte mais nojenta do corpo humano, que serve, realmente, para as descargas!
Só a mim, por má sorte, acontecem coisas destas!

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4Amadora
13-1 1989 S, Tomé

Foi parte integrante do Império Português, sendo hoje uma nação que espera revigorar-se e gizar o seu destio, como povo livre. Com
isto regozijo-me, pois sinto na alma profunda alegria, o que sucede, afinal
se as partes dispersas do mundo Português se tornam progressivas, lutando
a valer por um futuro melhor.

Um coração português vibra intensamente, quando tal sucede. A que propósito veio este belo assunto? Muito simplesmente. Ouvi, há pouco, na
Televisão e li nos jornais, uma bela notícia, referente ao Arquipélago.

Decretou, finalmente, o Governo santomense que fossem recolocadas, nos devidos lugares, várias estátuas daqueles Portugueses que se tornaram famosos , por feitos singulares.
A Revolução, de tipo iconoclasta, em Abril 74, fizera apear o que fosse português ou lembrasse o passado. Como eu lastimei que tal sucedesse! Mas acho desculpa!

Esse ódio figadal havia sido instilado no peito dos nativos,. por velhos inimigos do nome portugês, os quais, na verdade, eram invejosos e
nutriam ambições que Salazar barrara.

A guerra do Ultramar foi levada a cabo, não contra S, Tomé ou outras partes do grandr Império, mas contra os intrusos e grandes inimigos do Velho Portugal como também dos próprios nativos, cujas riquezas eles cobiçavam.
Quinhentos anos de bom convívio deixaram marcas no peito das gentes! Nada se apaga! Os Santomenses reflectiram um pouco, chegando breve a conclusões que julgo acertadas

João de Santarém, Pedro Escobar e João de Paiva já se encontram, de novo, em lugar de honra!
Quem levou, de facto, a civilização aos povos da Terra? Não foi Portugal?!

Que mal haverá, em ser colonizado?!,
Portugal foi colonizado pelos Romanos.Foi isso uma desgraça? O nosso instrumento de comunicação com o mundo inteiro foi-nos enriqueci e afeiçoado por eles, Muitos outros benefícios nos vieram de Roma!

Parabéns,, S,Tomé! Foste pioneiro, o que eleva o teu mérito.
Que os outros irmãos sigam o teu exemplo!

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Amadora
14-2-1989
Duas saias, na verdade, não sobrepostas.

Não julgue o leitor que é fantasia o que deixo exarado! Se eu, passoalmente, observei o facto! Que diz o rifão? "Contra factos não valem argumentos"
Neste passo, alguém objectará: " lado a lado ou não sobrepostas, é isso comum! Que tem o caso de aspecto invulgar?!"
Uns monentinhos, com algo de atenção, que eu ponho as coisas em pratos limpos! Não se trata agora de duas pessoas. Uma somente é que entra em cena. Em sobreposição podiam ser mais. O caso, porém, é muito diferente.

Na mesma jovem, duas saias penduradas e quase talares,! Afigura-se impossível?! Não é coisa vulgar? Facto insólito? Cada um dos leitores pense a talante o que lhe aprouver! O certo, porém, é que o facto existe.
Quando o notei, quedei-me embasbacado, perguntando aos olhos se não havia algum erro.
Nisto, reparo melhor e que vejo, em seguida? Eram calças tão longas e avantajadas, como nunca eu vira, em dias da minha vida!

Tanto assim era, que uma só das pernas daria fazenda para inúmeras saias, já ultra- mínis que vejo por aí a certas donzelas.
Pois foi isto! Aprender até morrer! Se mais vivermos, ainda mais veremos!
O caso é autêntico e, queiramos ou não, temos de aceitá-lo!
É contra a estética? Depõe ele negativamente, em questão de bom gosto?

Não é agora tempo de carnaval?! Ainda há mostrengos,em fim de século? Pensem a capricho o que for do gosto, O facto é verídico, Julgum-no lá como entenderem!
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Amadora
15-2-1989
Reacendeu-se a luta

Recusadas agora pelo governo luandense, as propostas da UNITA, voltaram os soldados a pegar em armas, contra Luanda e as tropas cubanas.
Ficaram gorados todos os acordos, já realizados, nos últimos tempos.
É pena e lástima que tenha ocorrido esta decepção!! Houve grandes esperanças, julgando-se, a propósito que nova era se abria, na História de Angola.
Começaria agora a reconstrução, unindo-se as gentes e fazendo progredir a nova nação.
Perante o facto, surge a pergunta: " Quem é o culpado? A resposta certa vem logo de cima. Ninguém ignora que as propostas de Savimbi são
bastante razoáveis, e, ao mesmo tempo, as únicas possíveis, em ordem à paz.
Governo de transição, duranta dois anos, integrado, já se vê, pelas duas facções, MPLA e UNITA, seguindo-se por fim o que é designado por "eleições livres"
Luanda reagiu, dando em resposta:" Isso nunca! Amnistia, sim, após integração no regime vigente, Um só Partido, com inteira submissão de todos os grupos, com assento em Angola.

Esta posição representa um insulto para os bravos lutadores do aguerrido exército, apoiado pelo povo, de ser nacionalista.
Mais de 2o anos, sofrendo na mata,, como estrangeiros, na própria casa, para deporem as armas, ingloriamente?!
Quem o faria?!
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Amadora
16-2-1989
Nunca o vira antes nem ele a mim.
Hoje, porém, houve de escutá-lo, pois ia sentado, em lugar de reserva, logo á minha frente. Juntinho a ele estava a consorte, que falava convicta, acerca do marido, Ao longo da conversa, destinada às vizinhas, inquiria o velhote
cerca Clínica, sita na Reboleira, apertando amiúde,sobre o lugar, omde havia de sair.
Dizia com vaidade:" Conheço melhor as vias de Moçambique. onde trabalhei, que as desta cidade.
A nota dominante eram três pneumonias que o iam limpando. Ocorreram todas em curto espaço, havendo sido operado à próststs em crise
Estou já no fim -- acentuava ele -- mas com 82 anos e as minhas cautelas, vou indo benzinho e faço muita coisa!" Porfia também no bom entedimento com a amorável esposa, que partilha com ele não só as alegrias como as tristezas, há 58 anos.

Deu-me que pensar o bom do marido, cuja esposa o estremece, de maneira igual. Ela conta pormenores que o marido confirma, referidos, em globo. à vida, no passado
Mulher singular!Dela não fala.Cetra-se toda na existência longa do fiel esposo. Cinquenta e oito anos em boa camaradagem! Isto hoje é raríssimo! Tanta separação! Tanton divórcio!

Por qujue será tamanho descalabro? ostaria de ouvilo, a tal respeito! Mas... impossível! Cheado à Reboleira, sai prestesmente, rumo à Clínica.
Seguia direito, com passo bem firme, enquanto no olhar se via bem claro brilhar ao vivo a luz da esperança

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Amadora
17-2-1989 " Está boa?"
No século passado, era ofensivo dirigir a senhoras a pergunta do início. Ninguém se conformava com esta maneira de saudar uma mulher. Hoje, porém, de tal modo entrou no uso diário, que ninguém estranha!.
Vejamos, a propósito, se havia razão, para não aceitar aqueles dizeres. " bom ou mau", referidos a pessoas, dedenotam por certo qualidades morais, boas ou más. <<<< Saudando alguém, não temos em vista as suas qualidades, as suas atitudes, como também sentimentos pessoais. Indagamos, sim, da maneira como vive... se tudo corre bem ou então vai mal. Em razão disto, a forma correcta há-se ser esta; Está bem? Está mal?

Fixemos agora os seguinte dados: em vez da pergunta, com os termos adequados," bem ou então mal", empregava "bom ou então mau"
Ficaria assim: "Está má? Imaginemos até que a dita senhora estva desmaiada, Que levaria a gente a perguntar-lhe logo: a senhora está m´? Ou antes: a senhora está mal?
Apesar de tudo, creio não me engano, digo afoitamente que o caso em foco pegou de raiz. Sendo assim, tornou-se pertença da fala habitual, nada aí havendo que possa obstar. A razão, por ém, está do outro lad Deveria dizer-se: a senhora está bem? A senhora está mal?
Valerá bem a pena discordar ainda?
Quem é que emenda a palavra " saudade " que está mal formada. Entrou há muito nos h+abitos da l´lingua!

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Amadora
18-2-1989
" Levem os vossos livros"
Construções iguais ou algo semelhantes ouvem-se amiúde, tanto na Radio como na Televisão. Horrorizo-me sempre e fico mal disposto, quando ouço os locutores perpetrar,sem rebuço, dislates assim! É uma dor de alma fazerem salçadas como essa que aí fica! Não se admite!

De facto,"levem" é forma de cortesia, pois se encontra na terceira pessoa; "vossos" ao contrário, é da segunda pessoa.
Como pode conceber-se tal disparate?! Na mesma frase, em iguais circunstâncias, empregar a segunda, misturada ali com a terceira?!
Para estar correcta a frase apontada, havia de ficar segundo o que segue: levem os seus livros. Neste caso "seus! ( dos meninos, dos senhores,
etc, é pronome adjunto da terceira pessoa. Nada a objectar, pois é correcta a sua estrutura.
Tratando por tu, ficará deste modo: levai os vossos livros-
Na língua portuguesa, o tratamento cortês exige sempre a terceira pessoa, tal como na Alemã. Por esta razão, leva os pronones ( absolutos ou adjuntos) nas mesmas ppessoas
Notemos, agora, para mais clareza,:" leve os teus livros"
Dizem-me logo que a frase está errada! Então. assim, vêm dar-me razão!
Esta frase, a rigor, é igual à primeira. Uma está no plural; a outra, no singular.
Que dizer, pois? A segunda está mal? Também a primeira!
Portanto: leve os teus livros ou leve os seus livros?!
Daqui não saímos!
É necessário evitar estes erros que são nódoas infamantes, no idioma português!
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Amadora
19-2-1989
Após um dia, assaz trabalhoso, estou na Amadora, aonde regressei, depois do almoço. Às 16 horas, havia chegado, Deixei Lisboa, onde almoçara, para rever os meus papéis. É uma tarefa que jamais tem fim! As horas disponíveis são para ela, provocando isto alheamento e olvido, em outros assuntos.
Hoje, ao almoço, recebi cumprimentos, pelos meus anos. Se nao era isto, nem me lembrava!

Honraram-me a presença: o cunhado Martins, Carlos Alberto ( engenheiro) e Maria Regina. A mana Agusta lidava,nos Jerónimos, prestando serviço, razão pela qual nem dequer a vi. Esperava uma chamada pelo telefone, mas
anda absorvida pelos cuidados e afazeres que tem a seu cargo.

O Isaías esteve à mesa. Apesar de tudo, não sedeu por achado. Não o fez por mal, pois ele é bom rapaz. Amanhã, passa também o aniversário dele, mas eu não vou esquecer-me!
A estas vozes, já referidas, juntou-se, há pouco, a da Ção Lopes, natural do Sameiro. Gostei de a ouvir, embora `distância.
Foram 4 as pessoas que hoje me lembraram. É basstante exíguo este pobre número!
Tantos me cercavam, em dia de anos, quando era professor! É assim a vida. Tudo vai esquecendo, ao lobgo do tempo. Por outro lado, a vida profissional, os vários problemas que surgem pela frente, bastarão, decerto para desviar a nossa atenção, das pessoas amigas.

Que Deus me não esqueça e a todos ajude. isto bastará, para suprir quaisquer deficiências
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Amadora
20 -2-1989
Rescaldo
Ontem, afinal, foi para mim um dia singular. Achei-me diferente.Havia alguma coisa a travar os movimentos, O mesmo espírito
ficou deprimido. Tentando reagir, não consegui, de maneira cabal. Tristonho, melancolico, assim decorreram as horas ocupadas. Foi muito
bom haver sérios cuidados, que todo me fixaram! Mal dei pelo tempo. Se
fora de outro modo, não sei que seria!

Ensimesmado, viria a urdir-se uma teia enfadonha, cujas malhas densas trariam incómodo. Passaria em vista decepções e abandono, azares e mau
êxito. É que eu, de facto, embora em família, senti-me isolado

Em dias como este, precisamos de ambiente que forneça carinho e gere calor! Exige-se convívio e bem assim palavras de conforto.Acontece,
porém, que os membros da família se qcham ocupados, cada um no seu trabalho. Isto, de facto, origina o vazio, em tempo de aniversário.

Quanto a mim, duas causas houve que assaz me chocaram: o número de anos e a frieza do ambiente.
No tocante à idade, com seus contratempos, moléstias e perdas, ela só bastaria, para fazer-me pensar. Já fiz 71! É o primeiro degrau, na escada breve, que me leva aos 8o, caso lá chegue! Isso, afinal, pouco me afecta!

Arranco do planeta, quando Feus quiser e me vir preparado.
A segunda causa teve mais peso, que me fez lembrar os tempos de outrora,
em que tantas vozes e número igual de corações amigos vinham rodear-me!
O círculo aperta-se, não haja dúvida!
Entretanto, se Deus me ajudar, segundo firme esçpero., nada temerei!

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Amadora
21-2-1989
" A gente fazemos muita asneira"
Esta frase ouvi-a hoje, no auto-carro, a certa mulher que falava trovejando. Se ela, ao menos. o fizesse mais baixo! Mas assim, com voz rompante, ficámos a saber que é ignorante, assz presumida, harto estúpida e bstante malcriada. É que a sua voz, aguda e metálica ,entrava nos oividos, arranhando e ferindo!
Voltemos à frase que é incorrecta. A forma aceitável é a seguinte: "A gente faz muita asneira". Exige, pois, o verbo na terceira pessoa do número singular. Ela empregou a primeira do plural (nós).

Alguém objectará: a pavra "gente" designa pluralidade, envolvendo assin mais que uma pessoa.
No Poruguês arcaico, era obrigatório o número plural. hoje, porém, não se faz isso. Fosse ainda permitido usar o plural, não podia ser a primeira pessoa., mas a terceira.

Condenáveis se julgam estruturas como estas: a gente não sabemos...;
a gente não comemos....; a genta despedimo-nos...
É um caso lastimoso, por se tratar de falhas sintácticas. Atingem muito mais o nosso idioma que meras palavras de alfabetos estranhos..

A sintaxe é a alma da Língua.
Convém respeitá-la, com todo o cuidado e o máximo rigor.

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Amadora
22-2-1989
" A gente semos parvos"

Novamente censuro a pessoa e o número do verbo utilizado, pelas razões, apresentadas já, no Diário anterior.
Agora, outro aspecto: a forma verbal. Devido a um caso de analogia, o que sucede muitíssimas vezes, usa o povo a forma "semos" em vez de somos. Acontece ainda que se ouve, a par, a forma "samos"

A que vem no princípio é, como insinuei, fruto de analogia.Na mente popular, surgem outras formas que são correctas: vemor temos; hemos e provemos; devemos e outras. Levada por isto, a gente rude aplica o mesmo, onde fica mal.
A forma devida é apenas "somos" que vemdo Latim, com leves mudanças ; "sumus". Deu-se o reforço do u em o. A lei do menor esforço é uma constante da evolução fonética. A labial m tornou mais abertos os sons vizinhos
Por sua vez, o a de samos fica ainda mais aberto qie o e de semos
As formas portuguesas andamos,dançamos,amamos, odiamos e outras mais também influíram, por analogia.
Quanto mais rude e até ignorante for a pessoa, mais e melhor aplica estas leis, embora o faça inconscientemente e, às vezes se engane

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Amadora
23-2-1989 Roedores
Entre os roedores, encontram-se os ratos, que dispõem já de uma dentição, acomodada ao caso. Devido, sem dúvida, a tal ajustamento, penetram breve em arcas e arcazes, moradias e armazéns.

No arranque das batatas, encontram-se muitas já bastante desfalcadas. .
Penetrando em bibliotecas ou meras livrarias, são, na verdade ,autêntico veneno: desfazem o papel em exíguos pedaços, afeiçoando-os a ninhos, para a crriação. Vê-se, portanto, que nada lhes resiste.

Roendo, roendo, continuamente, alcançam, por fim, o objectivo. Nem quero falar do enorme prejuízo por eles causado!

Outro dado necessário: o mau cheiro da urina é insuportãvel e deveras espantoso, se não alarmante! Por mais anos que passem, não chegamos nunca a eliminá-lo, completamente, usemos embora desodorizantes e vários perfumes.

Toda a gente sabe como são indesejáveis , por muitas razões.
Interessa-nos agora o aspecto roedor. Como se não fossem bastantes, em número,vejo-os aumentar, assustadoramente.Há outros maiores, cujas habilidades eu desconhecia.Causam-me espanto! Serem roedores fez-me pensar!

Ultimamene. foram em barda os casos topados.
Embora destituídos, em questão de dentes, adaptados à função, o certo, porém, é que eles actuam, levando o caso muito a sério!,

Vejo-os nas ruas e nos auto.carros bem como nos electricos, onde se atiram ao próprio corpo! Quem iria pensá-lo?!
Declaro, para já, que tenho nojo e medo, quando tal sucede! É que as umhas sujam-se fácil, reunindo porcaria! Medo também não falta!

Sabendo nós estarem viciados tais roedores e roedoras, que intentarão fazer, após haver destruído as unhas próprias?! Atiram-se às de outrem!

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Amadora
24-2-1989 " Está boa?"

No século XIX, era ofensivo perguntar às senhoras se estavam boas. Creio até, ser entre todas, a maior ofensa. Hoje, porém, já entrou nos hábitos e pegou de raiz! Quem é que ousaria dizer assim?"

Como as coisas sâo! Aqilo que era mal deixa de o ser?! Será incorrecta a forma actual? Sendo isto assim, qual é a razao?
Antes de mais: a forma correcta que devia, também hoje, servir nos cumprimentos, é a seguinte: Está bem? A senhora está bem? O senhor está bem? Deve servir não de adjectivo, mas de advérbio. Aquele implica decerto uma qualidade, existente no sujeito.Tratando-se de coisas, denota realmente que o objecto é útil, prestável e de preço.

Cumprimentando, não queremos saber se a pessoa é boa ou então má. Têm-se em vista as circunstâncias, em que alguém se encontra.
Atenda-se a isto: como está?
-- Bem, obriada!
Não vem, pois: Boa, obrigada!
Nota-se, portanto, grande incoerência.
Vejamos ainda o que tenho a dizer. Empreguemos o antónimo de boa ou de bom. Bom dia, minha senhora! Está má? Bom dia, Doutor, está mau?
Que tal parece?
Ninguém usa tais dizeres, que seria logo vaiado!Normal seria, pois; a senhora está mal? O senhor está mal?
Pelos dados expostos, verifica.se bem que tais expressões estão erradas. Além disso, notamos incoerência, quando ela responde; bem, obrigada!
Há coisas erradas que entraram já no uso da língua: saudade, em vez de soidade; os patronímicos, escritos com s, em vez de z: Antunes Fernandes, Lopes,Nunes, Vasconcelos, etc. em vez de Antunez....como fazem os Espanhóis.
Do Latim, Antunici ( filho de Antunes) só podia vir Antunez
Se o caso referido entrou, de facto no uso da Língua, por que diz ela: bem,
obrigada? Deveria dizer, haveno lógica: boa ,obrigada!

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Amadora
25-2-1989 Cães
Não me vou pronunciar, ao menos desta vez, sobre a utilidade e serviços notáveis que prestam ao homem. Por demais conhecidos, não precisam de encómio. Encarecê-los também não é preciso. Basta, de facto, a sua dedicação, para estimarmos esses bichinhos que levam , por vezes, muita vantagem a certas pessoas

Entretanto, o que tenho em mira, neste momento é outro assunto que, afinal de contas, redunda em censura, não para eles, que são irracionais, mas para os donos que são negligentes ou até irresponsaveis, qando os abandonam.
O que intento focar é o aspecto lastimoso que Lisboa apresenta, por
causa do à-vontade que inúmeros cães manifestam, por aí.
Encontro-os sozinhos,, ao longo dos passeios,, urinando aqui, estercando além
Vêem-se também grupos a dois, quando não mais, correndo livremente, por estradas e passeios ou ainda farejando, nas Praças e jardins
da nossa capital.
Há pouco tgtempo, fixei-os por momentos, na Praça Albuquerque,
frent ao Museu. Quanto lastimei o que vi fazer-lhes! Bancos e assentos, para descanso, os mesmos cestinhos que recebem os papéis, cascas de frutos e outras coisas mais serviram ali, para eles se ocuparem, levantando a pata e molhando. em seguida!

Pergunto agora: quem vai sentar-se, tranquilamente, à sombra das árvores, no tempo do calor?! Toda a gente sabe quanto é incómodo o cheiro da urina! Os objectos jacentes ou próximos do chão ficam impregnados,
afastando assim os veraneantes bem como os turistas ou outros quaisquer.

Nas suas diligências aproveitam ainda para aliviar os próprios intestinos. Quem limpa os dejectos?! Quando bem calha, aderem " meias solas" ao nosso calçado!
São abandonados? Então resolva o dono o problema de direito! As
autoridades têm de empenhar-se, nesta cruzad!
Cães abandonados devem apanhar-se, dando-lhes um rumo
Como isto agora anda é que não pode ser!

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Amadora
26-2-1989
" Vocês têm a vossa maneira de ser!"

No programa "Às dez", que eu estava seguindo. pela Televisão, deparou-se-me aquela frase, que vemos ao alto. Confesso, à puridade, que fiquei alarmado! É que foi o locutor quem infrngiu as regras da Gramática .Fica a Língua uma salsada que ninguém já entende! Este solecismo é imperdoável e inadmissível.

Uma grande parte do povo português é iletrada. Por esta razão, precisa de aprender! Ora, que é que sucede? É o televisor um meio excelente de aprendizagem. Mas se espalha o erro, é isso exactamente o que o povo aprende!
Não me conformo com estes disparates! Os nossos locutores são obrigados a falar correctamente. É uma exigência de carácter nacional,
Quando um cego conduz outro cego, que vai originar-se?

Pois é verdade! Foi um locutor que deu tais provas!
Gente para o cargo só deve aprovar-se, com testes inequivocos de grande competência, no ramo preciso a que se destina!
Dentre as alíneas, a mais delicada , urgente e necessária é esta exactamente.
Vem agora a propósito deixar eu aqui a forma correcta Vocês têm a sua maneira de ser! Só esta se admite! O resto é, decerto, facada no idioma!
qe deve merecer-nos o máximo respeito! Não se pode transigir, fazendo vista grossa!, A Língua Portuguesa é a respiração da alma lusitana .

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Amadora
27-2-1989 Cont.
Tocando no assunto, há-de haver leitores que gostam, naturalmente, de saber as razões da minha afirmação. A esses, pois, me dirijo agora,, para
fazer luz, sobre a questão.
"Vocês têm a vossa maneira de ser!"
Foquemos o sujeito, relaconado ali, com o predicado ( têm ): vocês têm. Até aqui está bem. Sujeito: vocês; predicado:,têm. Sujeito no plural; predicado, no plural. Vocês, terceira pessoa (não segunda!); verbo, por igual, na terceira também. Nada a objectar, quanto às palavras que são basilares.
Onde a frase claudica é na palavra "vossa" Como sabemos, encontra-se o termo na segunda pessoa, por se tratar realmente, do pronome adjunto "vossa". Ora, como vimos, o sujeito da oração e o seu predicado estão, a rigor, na terceira pessoa, o que obriga, desde logo, a usar a terceira, em vez do termo "vossa"

Se quiséssemos, de facto, usar a forma "vossa", podíamos fazê-lo, ,mas era necessário alterar, a rigor, outras palavras.Tal oração daria em resultado: vós tendes a vossa maneira de pensar.
É correcta. Tratando alguém por tu, não merece reparos.

Acontece, porém, que "vocês têm" reproduz o tratamento cortês, por
se encontrar na tercera pessoa.
Dá-se a mesma coisa que noutras expressões, como por exemplo: Vossa Excelência; os meninos; as meninas; os senhores, as senhoras; os meus amigos; e assim por diante.

A nossa Língua usa,de facto a terceira pessoa, no tratamento cortês.
Em conclusão: na frase inicial, trart-se por senhor, no sujeito e no predicado, finalizando por "tu", na forma "vossa?"
Não façamos miscelâneas! Ou tudo por tu ou tudo por senhor!
O termo "vocès" é condensação de " vossas mercès" que se foi alterando. através dos tempos.: vossemecês, vomecês e vocês!!

Há também um aspecto, deveras curioso, a notar aqui. No Português europeu, já se não usa, para Superiores ou pessoas mais velhas. Fazê-lo
alguma vez, é falta de respeito! Só para iguais ou subalternos!
OBSERVAÇÃO
À data presente (2oo4), mercê da influência das novelas brasileiras, a fase evolutiva já regrediu, empregando-se "você" a torto e a direito!

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Amadora
28-2-1989 "Obrigado nós!"

Se bem me recordo, foi na TV que ouvi dizer isto. Claro! Fiquei mal
disposto. É que, nestas coisas, não devemos transigir! Ai de um idioma, quando tal aconteça! Em pouco tempo, ficava reduzido a montes de incongruências, irregularidades e manchas sem fim!
Não basta, afinal, ser locutor! É preciso preparação, ser aprovado,
estudar sempre!
Há milhares de olhos e tantos ouvidos, a registar o que se vai passando.

Por outro lado, havendo embora muitos ignorantes,( os mais prejudicados com certos locutores) a participar, nos programas diários,
já temos, felizmente quem ame a sua Língua. e até a cultive esmeradamente
Não basta, pois, seguir velhos hábitos, inconscientemente e utilizar chapas degradadas!
Necessita o locutor de ser um bom Mestre, sempre actualizado e pronto em
conhecer! Sendo ao invés, torna-se desde logo, assassino da Língua!

Voltando àquela frase que se encontra ao cimo, tenho reparos que aponto, desde já,.
O pronome "nós " é da primeira pessoa e do número plural. Isto, exactamente, obriga, sem dúvida a fazer a concordância. Como ali há um adjectivo verbal (particípio passado), temos de fazer os ajustamentos.
Quem agradece é que fica obrigado,-a,os,as.
Claro se deixa ver que, sendo mais do que um, não pode usar-se a palavra "obrigado", no singular! Será, naturalmente: obrigados-as.
Em conclusão: obrigado eu; obrigada ela: obrigados nós; obrigadas
nós.

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Amadora
1-3-1989 A grande Caminhada
Após 74, deixei logo de o ver, Era um bom amigo, o José Ricardo!
Nestes 15 anos, que pareceram mais, fui curtindo saudades que recrudesciam, com a marcha do tempo. Lembrava-me dele, a toda a hora e momento, entrando pela noite o meu longo cismar, que se ocupava de cenas, episódios e factos, ocorridos entre nós.

Deixara-o em Angola, cidade Silva Porto, donde eu parti, cheiinho de angústia, dor e martírio, pelo muito que ficava, em amor e sentimento.
A nossa despedida foi, desde logo, regada com lágrimas, sinal evidente de grande amargura, que esses dias tristes vieram causar-nos.
O silêncio pesado, envolto em suspiros é que tinha a palavra, qual
forma de expressão! Quando houve de partir, rumo ao Sudoeste, deu-me um abraço, daqueles abraços fortes, longos e frementes que faem estremecer as entranhas da alma!

Por fim, articulou, de espaço, os dizeres seguintes: Meu bom amigo,
urge, desde já, separar as nossas vidas. Caminhamos agora para o desconhecido!..
Eu, para a Namíbia como pobre exilado! Vou indo sozinho,, sem
família nem amigos! Recursos materiais... os mesmos que tu, pois a Revolu tudo levou!. É triste, de facto a sorte adversa que nos cabe esperar! A minha decerto pior ainda que a tua!

Línguas novas, pessoas e usos de raças diferentes; paisagens belas talvez, mas que não me falam; trabalho inseguro; futuro incerto!
Uma emboscada, em terreno hostil ... e adeus, minha vida, amigos e família! Entretanto, preciso de trabalhar, para obter meios, que ajudem prestes a solucionar problemas graves!

A família sem nada... os mortos queridos que jazem longe, em terra africana! Um ror de coisas que tanto pesam, na minha existência! Que Deus
bondoso seja connosco!
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Amadora
2-3-1989 Cont.
Foi deste jeito a nossa despedida. Os anos passaram e junto com eles,
fizemo-nos velhos. O traumatismo causado, os vários problemas que surgiram no caminho, as provações e contrariedades foram actuando, continuamente.
De vez em quando, vinha tudo à lembrança, acorrendo prestesmente a figura amiga do Zé Ricardo. Sentia cá dentro uma voz de murmúrio, a dizer. em segredo: "Confia a valer, que ele há-de voltar! Se a guerra o poupar e Deus o proteger, um dia virá, para juntos recordardes esses tempos infaustos e assim, à distância , já livres de perigo, expandirdes vossas almas!"
Eu deleitava-me neste imaginar e aderia a fundo. Era quase um sonho que figurava arroubar-me!

Um belo dia, na Praça Albuquerque, meditava eu, à sombra de uma árvore,surge ele inesperado, já pela tardinha. risonho e feliz, de haver-me encontrado. Os olhos fuzilavam e os lábios trementes abriam-se em riso,
enquanto as lágrimas ( agora de alegria ) lhe sulcavam as faces. Vieram pronto as grandes efusões, a viva expansão das nossas almas, transmitidas logo em frementes abraços!
Como eu lhe pedi me contasse breve a históiria longa do seu viver,
em peregrinação, por terras da Namíbia, não se fez rogado, começando logo a sua exposição.

Olha, meu amigo, vais enfadar.te, com a história longa das minhas andanças. É muito extensa, pesada e triste.a fase horrorosa que fui atravessando. Mil trabalhos diversos me estavam esperando... casos bem
difíceis houve de resolver ... problemas intrincados e cenas desagradáveis.

Em conclusão, autêntica odisseia que vivi a fundo!
Mas, já que o pedes, vou relatar, com grande minúcia o que sucedeu, ao longo destes anos.
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Amadora
3-3- 1989
Logo que arribei ao Sudoeste Africano, fiz o balanço, então
necessário, para verificar receitas e despesa.Em carteira, restavam apenas 4000$00! Insignificante,não é verdade? E tive muita sorte, porque, geralmente, depositava tudo, no Banco de Angola.
Sendo tão pouco, devia gastá-lo muito habilmente, caso contrário, ninguém me valeria.

Nem tu imaginas a grande apreensão que logo me invadiu, nessa hora amarga! Num país estranho, sem influência nem amizades, tudo era nebuloso na minha cabeça! Quanto a despesas, tinha logo a pagar o
combustível do Taunus e também o imposto de circulação. Foi deste modo uma baixa notável no remanescente!
-- E apenas com isso fizeste face a tudo?
-- Remediei bastante mal! Quando não havia, tinha de bastar-me!

Quantas vezes sucedeu passar fome e sede! Mas enfim, lá fui andando, com
todos os trabalhoos!
-- E cá, no país, não tinhas numerário que pudesses transferir, para essa região?!
-- Isso tinha eu, mas nada consegui. Era a Torralta, em que eu confiava. Entretanto, já intervencionada e em mãos do Estado ( era em (1975!) foi-me espondido: " Não pode agora levantar seus juros nem capital!
Isto desorientou.me, enchendo-me de asco pelas Instituições.
Calcula tu! Num campo imenso de refugiados, à espera da morte, já por inanição, já por ataque, permanecíamos lá, cheios de aflição!
Ante aquela resposta, dei o meu caso por dsarrumado e propus
trabalhar, sem fazer escolha, para garantir o que fosse necessário para a subsistência.
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Amadora
4-3-1989 Cont.
Conseguido o emprego, serenei bastante, embora na verdade me sentisse infeliz. Nenhum português ali se encontrava. Tinha, pois de utilizar idiomas germânicos; Inglês e Alemão ou ainda Africânder

O maior problema vinha certamente da alimentação, que nao era
suficiente. Só em fim de semana e durante as férias! Nos outrs dias, leve
refeição, peloo meio-dia. De manhãzinha até à noite, iludia a fome, com estreita provisão. Algumas vezes, nada tinha j+a, para comer! Outras ainda, comia uma laranja ou coisa no género. Por várias vezes, houve dias seguidos, em que nada comi!
-- Mas isso era horrível! Como subsistias?!
-- Com muita dificuldade Ganhando pouco, não podia alargar-me!

O meu objectivo era conseguir o que fosse necessário, para arribar à Pátria
e, antes disso, ajudar a família que partira sem nada, para a Europa.
Efeitos maléficos do 25 de Abril!
O programa de vida que levei por diante, era o seguinte: labutar, `saciedade; gastar dia a dia o mínimo possível e acumular o que fossepermitido.
-- E não tiveste ajuda?!
-- Alguma houve, sem d+uvida, mas tudo era ex´guo para as necessidades! Que eu restringia tudo: comida e vestuário; viagens e calçado; as próprias férias, bebidas e o mais.
-- E podias fazer isso?!
-- Que remédio havia! Necessidade obriga! Demais, embora com dureza, era-me agradável, para alcançar ali os meus objectivos.: dinheiro
bastante, para o meu regresso; magras economias, para a velhice e um
pequeno auxílio aos meus familiares, caso precisassem.

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Amadora
5-3-1989 Cont.
-- E lograste, finalmente, aquilo que desejavas?
-- Em parte, sim. Tudo envidei, no mesmo sentido. Quanto a bebidas, ninguém, decerto, fazia como eu. Via os outros colegas recorrer ao ordenado, para comprar cerveja ou outras bebidas, adequadas ao tempo. Ofereciam até, muito admirando que eu não aceitasse!

Não me recordo, se bem que pense nisso, de ter alguma vez comprado uma bebida, fosse embora grande a sede que me apertasse!. Bem insistiam os colegas amigos, mas eu porfiava em manter a posição.

O rio Cubango passava ali perto. Era ele, de facto, que me provia, quando tinha sede! Como deves calcular, a água era morna, por ser em zona tórrida aquela região. Apesar disso, bebia sempre dela, não hesitando.

Nestas circunstâncias, o bar não lucrava, com a minha presença!
Quanto a vestuário e ao mesmo calçado, ia recorrendo ao que outrem deixava. Para isso, acorria ami+ude aos contentores, onde estavam depostos, para fins não humanos É fácil de ver que andava mal vestido!
Por mais que tentasse ajustar ao corpo artigos alheios, não caíam bem
Se eles, realmente, não tinham sido feitos, à medida exacta do meu próprio corpo, algo debilitado! Enfim, coisas do Demo!
-- E agora já prescindes?
-- Vou iniciando essa caminhada! Se bem contamos, vão já passando 15 longos anos! É muito tempo, vivendo assim!

Por Deus cá cheguei, um dia mais tarde, encontrando os meus,, para ter, finalmente, boa companhia! Não foi muito aquilo que trouxe, mas alguma coisa, fruto bem amargo de porfiado labor, retenção e poupança!

Há conta bancária, embora fraquinha e bastanta módica!
É que os anos voaram e eu sinto-me débil!
Se nada tivesse, estava desgraçado! É pouco, sim, mas há-de bastar!

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Amadora
6-3-1989 Cont.
Pois, meu amigo, chegado que fui à terra-pátria, fiquei desapontado,
olhando ao que via. Já me bastavam os casos pessoais! É que eu, a rigor, era outro homem! Elas não matam, isso é verdade, no entanto, moem!
Atendendo, in loco, ao custo de vida, sérios problemas se ergueram logo! Casa disponível, para habitar; precisos, para adquirir e hospedagem completa.
Juntando a isto a falta de emprego, já fazes ideia, acerca de tudo!
Houve de trabalhar, mas à sobreposse. Umas vezes melhor, outras vezes pior, cheguei ao presente, com certo desafogo! Contudo, jamais consegui, apesar do meu esforço, repor tudo no lugar. Quer dizer: a situação antiga não pude reavê-la!
Lembra-me agora a quadra popular:... O pouco com Deus é muito! O
muito, sem Dus é nada!!

E eu creio, realmente, que é de facto assim! Continuava, deste modo, a minha odisseia.Claro! Não havia, a bem dizer, outra saída, O maior obstáculo era a minha idade! Após os 50, começar vida nova?! Para mais,
um trabalho diferente! Não é aconselhável nem se deseja! Não obstante os
contras, lá fui rompendo, sempre confiante. Deus ajudou-me e eu colaborei.

Não olhava a sacrifícios. A ninguém dizia "não"!
Férias para mim era coisa estranha! Diversões e nutrição, o mínimo possível! Com tudo isto, sentia-me alquebrado, bastante deprimido e assaz
fatigado! Nesta data precisa, em que entrei já na velhice, verifico, satisfeito,
que lucrei alguma coisa, embora a expensas da própria vida!

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Amadora
7-3-1989
Como vês, não foi delicioso viver assim!
-- Agora, porém. estás contente, pois conseguiste, ao menos parte, o grandeobjectivo.!
-- Sim, verdade seja dita! O que granjeei, se o Demo o não tirar, vai sero meu recurso, nos anos que faltam. À data presente, já não posso trabalhar.
A pensão de reforma é insuficiente, e os gastos são enormes! Basta,
de facto, a alimentação! Não obstante o que exponho, fixo confiado o peculiozinho, que vai dar ( tem que dar!)para os precisos!
É natural que suscite inveja e até mal-dizer mas, se for isso,, quem der à língua não tem razão!. Que fizessem como eu!

Fatigar o corpo; subtrair muito aos gastos da comida; privar-me de tudo quamto era possível! Não exagero, se disser o que segue: desde 1975,
levei um regime de sub,alimentação.
-- E quanto a bebidas?
--Oh! isso pior ainda! Sabes qual era o meu fornecedor? O rio Cubango! Calcula tu! Em zona tórrida, a beber daquela água! Sempre, sempre morna e, às vezes, turva!

Deus é que sabe quanto lá sofri! Foi, na verdade, grande pesadelo
quanto passou! Ainda bem que certa calmia desceu â minha alma!
Por Deus do Céu que me olha com agrado, passarei o final, em paz e sossego!
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Amadora
8-3-1989
"Vocês têm a vossa maneira de pensar!"
Sempre batendo a mesma tecla! Isto obriga-me, decerto, a repetições!
O leitor perdoará, se puder fazê-lo!
Ouvi aquela frase na Televisão! Já não é, de facto, a primeira vez!
Fiquei espantado, com tal disparate!

Cultivando a minha Língua, com tanto desvelo, atenção e cuidado, ao longo já de 5o anos, não tolero nem aguento que se dê tal coisa! E para
mais, na Televisão! A fonte universal que o povo julga impecável, certa e
segura!
Que vai depois fazer a gente iletrada?! A mesma transgressão. Quer
isto dizer: os disparates crescem, multiplicam-se até, alastrando no país,
fazendo todos as mesmas asneiras!
Pobre Língua de Camões, Vieira e Castilho, Garrete e Bernardes e Frei Luís de Sousa, sem omitir o académico Latino!

Olhemos para Cícero, expoente máximo das Letras lainas,sublime orador e grande filósofo. Que fazia no Lácio o insigne pensador?
Lia assiduamente os que ele julgava mestres da Língua Latina.


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Amadora
9-3-1989
Aproveito agora e corrijo a frase, repondo as coisas, no devido lugar. Fi-lo decerto, anteriormente, Apesar de tudo, mais uma vez! A forma
correcta é a que segue: Vocès têm a sua maneira de agir e pensar!

Serve este ensejo, para esclarecer a minha posiçaão e justificá-la.
Empregando alguém o pronome "vós", em lugar de "vocès, que é condensação de vossas mercês, vossemecês, vomecês e vocês, já se constrói a frase de outra maneira: vós tendes, sem dúvida, a vossa maneira de pensar e agir
A forma usada vocês, com o dito verbo na 3ª pessoa, exige a rigor,
tratamento cortês. Neste, como é sabido, não pode entrar a 2ª pessoa,mas a 3ª.
" Vossa" é tratamento de tu".
Em conclusão: vocês, os meninos. as meninas, os senhores, as senhoras, vossas excelências,o senhor Doutor etc, etc. têm "a sua maneira de pensar e agir "
Que pena me faz que os nossos locutores não saibam, a fundo, a
Língua Portuguesa! Por que não astudá-la com o máximo empenho?! Por que não exigir dos nossos alunos as noções adequadas às necessidades?!
Na África do Sul, onde fui professor, antes da independência, é eliminatória a língua africânder. Reprovado nessa língua, fica o ano perdido.

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Amadora
10-3-1989 Dentes
Assunto bem vasto, para ser tratado em simples Diário! Entretanto,
somente um aspecto agora me interessa. É que ontem, na verdade, ocorreu um facto, que é relevante na minha existência.
Esquecida já a primeira dentição ( a de leite) e deteriorada a que chamam segunda, houve de recorrer a uma nova série, que é já terceira.

Desta vez, porém, vieram de fora os dentes em causa, pois são artificiais. Sucede, portanto que, aos 71, já estou dispondo de placas dentárias, onde foram implantados os novos dentes. Para outros que naão eu, é facto banal.

Comigo, porém, o caso é diferente. Senti-me bem e quase feliz, atendendo, já se vê, às magnas dificuldades, por que fui passando, a partir de Novembro.
Dez dentes extraídos, ao longo destes meses! O que tal representa,em cuidados e nervos, como em dor e ate apreensões!
Em seguida, a enorme dificuldade, já para comer, já para falar, sobretudo em público! Nem quero lembrar-me

Acontece, pois, que me vou habituando ao novo sistema. Leva o seu tempo, como é natural. São corpos estranhos, dentro da boca, provocando,
na verdade, um pouco de mal-estar, pelo menos agora, nos primeiros tempos.
As sibilantes é que dão nas vistas. São muito acentuadas.
Já me disseram que, após algum tempo, se vão modificando e ficam
normais.
Oxalá, pois, que seja como dizem

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Amadora
11-3-1989 Cont,
Foi bastante longa tal preparação. De facto, havendo seu início, em
final de 88, só agora termina!
O odontologista não quis apressar-se: fazia tudo, com grande calma!
Um dente apenas, cada vez que lá ia! Além disso, intervalos sensíveis, entre as extracções..
De nome Seabra, lê-se . à entrada, não é dentista, como julgava!
Apesar de tudo, não desgostei. Anestesiava primeiro, com todo o cuidado
A 1 de Fevereiro, acabou a intervenção, pois o último dente a ser extraído, foi nesse dia. Os mais renitentes e enfadonhos foram, decerto, os incisivos
aos quais se juntaram os próprios caninos.

Estes, afinal, dispõem de uma raiz que é um pavor! Compridíssima!
Quanto aos molares, se têm duas raízes, oferecem também alguma dificuldade
Bom. Terminada esta parte, decorreram então, umas 5 semanas,
período amargoso, para comer e falar. Em seguida, recorri sem demora ao protésico dentário, que reside aqui, na Miguel Bombarda, número 15. 2º
direito. É Miguel Prieto.

Esta acção revestiu dificuldades, ao menos para mim. É o caso da língua! Não cheguei a acertar, conforme ensinava
Repetiu várias vezes, dizendo paciente: " levante a língua para o céu da boca! Se o não fizer, devidamente, ela puxa decerto o molde para a frente,
gorando-se tudo!"
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Amadora
12-3-1989 Cont,
Bem tentava ali o amigo protésico mas, afinal, eu não conseguia o que ele procurava: um molde rigoroso, certo e exacto. Não queria, por certo, deformidades!
Eu até me envergonhava de fazer má figura! Semelhava então um aluno vencido e, para logo, desclassificado!
Era necessário que ele observasse o lugar exacto, onde as tais placas, melhor direi, os dentes superiores incidiam ali nos inferiores.

O que é a vida! Tanto sacrifício, de lucro zero!
Bom. Aquilo passou e, volvidos 8 dias, segundo fora ajustado, fui então à prova. Havendo afastamento, quer dizer,não incidindo exactamente uns sobre os outros, ele ia acertá-los o melhor que pudesse.

Assim procedeu. Logo depois, seleccionou a cor: não muito brancos nem dissemelhantes dos que ficam ainda, no maxilar inferior, tendo sempre em vista fixarem a placa.
Uma semana depois, chegou finalmente, o dia da entrega, sem faltar a dolorosa: 33900$00.
Não achei muito, olhando já se vê à caresta de vida. Com material de 2ªclasse, podiam ser apenas 28 mil e tal. Eu, no entanto, preferi o primeiro.

De momento, estou.me adaptando à nova dentição. Não é muito fácil! No entanto, para falar, é já muito bom!. O acto de comer é que vai lentamente.
Ando a aprender!
Bem certo é; " De velho se volta a menino" Acontece agora.

Já os tiro bem, para fins de higiene. Cortar alimentos com os incisivos é que não vai! Será, de facto assim ou, com o tempo, normaiza-se o caso?! É o que estou para ver!
Irei procurar a quem tenha experiência,, afim de esclarecer -me.

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Amadora
13-3-1989
Poluição
Esmeram-se as gentes por dar a conhecer os perigos enormes que origina para o homem, Podemos dizer, para todos os viventes. De facto,
a intoxicação produz mal-estar, ocasionando até a própria morte em todos os casos
Por estas razões e outras ainda que não vou enumerar, é que os homens se preocupam, levando as pessoas a tomar cautela, em devido tempo, afim de evitarem graves contratempos!
Sendo eu criamça, eram as mulheres assaz meticulosas, em precaver-se contra a poluição e, ao mesmo tempo, em evitar ainda. que ela surgisse.
Pena é, de nosos dias, que o mesmo não suceda!

Discordará o leitor do que fica aí? Isso, então, obriga-me, desde já, a ser mais claro, para que a dúvida não ganhe terreno.
Apos o ano de 1972, ignorava tudo o que foi sucedendo, cá em Portugal.É que eu embarquei em Julho de 1972, regressando apenas, em fins de Dezembro de 1979.
Neste lapso de tempo, que durou mais de 7 anos, dois factos ocorreram que se prendem, a valer, com a poluição, originada pelas mulheres. Como se torna óbvio, antes de 72, eles não existiam.
Qualquer dos dois é harto reprovável, inconcebível e assaz lastimoso, pelo
efeito deletério que vai ocasionar!

São eles, pois: o ruinoso tabaco e a racha profunda, na própria saia,
ainda que seja na super- mini!
Como assunto candente, é de tomar em conta!
Não podendo tratá-lo, neste Diário, fica para o seguinte.

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Amadora
14-3-1989
Comecemos, desde já, pelo uso do tabaco, vindo em seguida a racha da saia. Aqueles que fumam não se apercebem do cheiro molesto que exalam de si. O que mais irrita são, justamente, as exalações que provêm dos brônquios e assim da traqueia. Os resíduos abundantes que se vão acumulando, com o tempo a rodar, é que originam ambiente irrespirável.,de
todo repelente, impossível de aguentar!

No acto de fumar, nem todo o cheiro é repelente! Alguns deles há, que vêm com aroma, para disfarçar!
Não é muito raro ser o outro semelhante ao de giesta verde, já em combustáo.
Bom. Provado está que é mais um foco de enorme poluição, existente na atmosfera. O que mais horroriza e merece, para logo, severa
condenação, é que a mulher comete assim um crime nefando: o primeiro
atingido, pelas emanações, ainda antes de vir para a luz, é fatalmente o próprio filho que traz no ventre.

Fica logo drogado e, sendo impotente, não pode barafustar nem usar medidas, que o afastem pronto do ambiente deletério. Se for já de mama, dá-se exactamente o mesmo caso, sucedendo, pois, que a sua protectora vira assim inimiga e logo causadora de enorme ruína.

Em conclusão: a mulher portuguesa que nunca fumava, quis imitar o que viu lá fora e lhe foi apresentado na Televisão. Grande pena!
Imitar o que é bom óptimo é; fazer ao invés, é condenável!
Não bastavam já as fontes naturais de poluição?!
Além disso, prejudicam os estranhos que, não fumando, harto se angustiam e têm de afastar-se
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Amadora
15-3-1989
Vem agora a propósito s racha da saia. Também esta, igualmente, será na verdade, fonte de poluição? Com certeza que sim, pois o é, s duplo título Se n-ao, vejamos.
O que talvez não lembre a todos os leitores , vou eu despertá-lo, porque é realidade. Trata-se, claro está, de uma espécie nova de poluição,
que é interior, uma vez que actua, nos domínios da alma - a poluição moral!
A primeira, que se nota claramente. pois é bem vis´vel, provém do seguinte: por não haver barreiras ou ainda anteparos, todos os produtos,
emanados do corpo, vão para a atmosfera. Não será esta decerto,uma fonte de poluição das mais avantajadas?! Tanto assim é que a dita racga termina ,
exactamente, no lugar do "escape" É pasmoso! Como pôde chegar-se a tal descaramento?!

Por este andar, virá, por fim. a supressão da saia! Que ela já o não é!
Um resto de saia lhe podemos chamar! Foi preciso atrevimemto!
O que era mal, em tempos idos, jão não será?!

A princípio, olhando para a racha, ainda me convenci de que era um aviso, para a gente incauta usar de cautela.
Aqueles que tiraram a carta de condução sabem-no bem: o chamado triângulo é sinal de perigo! Ora, na verdade, foi esta realmente a ideia primeira que logo me veio. mas depois reflecti, chegando a conclusões.

O que valeria era uma legenda, com a palavra "perigo". Não é, de facto, o que vemos nas estradas ?!
A gente lê, a tempo, e dá-se a cuidados!
De facto, a racha, olhada grosso modo, figura um triângulo
Entretano, que importa isso, não havendo tempo de a gente fugir?! É um bico de obra a tal descoberta! E, para mais, num lugar daqueles!

Não é dali que procedem, afinal, os cheiros piores?!
Torna-se urgente uma boa campanha, muitíssimo a sério, afim de evtarmos que alastre o mal.

Tenho agora em mente que alguém proponha a supressão total ou ainda a sua inversão, quer dizer: voltar a barra para o lado contrário!
O que lembra às mulheres (não a todas, claro!) não lembra ao Diabo!

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Amadora
16-3-1989
Vem agora a propósito a segunda poluição, que não é visível,
pelo facto de actuar, no íntimo das almas. Havemos-de convir em que não é decente vestir daquele modo! Indecente e provocante isso é que ele é!

A mulher pode ser, na verdade, um apoio seguro da moralidade, pela sua modéstia, decência no trajar, compostura de maneira e jeito do corpo.
Claro e seguro que todos os factores se tomam em conta!Como pode alguém manter-se impoluto, sendo provocado com tal descaramento?! Se fosse impecável! Mas não é! Por ser pecador, conta decerto, com a boa vontade dos outros elementos que formam a sociedade!

"A ocasião faz o ladrão!" É a máxima antiga!
No caso entre mãos, a ocasião é, pois, a desfaçatez de certas gaiatas que se armaram em pernaltas!. Só se vêem pernas a falar-nos de sexo!
Muito mal estariam as mulheres portuguesas, se estribassem o valor nessa exposição!
O que o homem,de facto, aprecia na mulher, muito para lá do próprio sexo., é o aspecto moral. As belas qualidades que podem adorná-la: exemplar modéstia;; espírito nobre de sacrifício; religiosidade (sem fanatismo); amor de família;; uma longa paciência,, não esquecendo um espírito são e de boa vontade.
Aliados a estes, há outros predicados; amor ao trabalho; economia sã; boa compreensão.
Enganam-se, pois, as que julgam, tolamene, ser causa de apreço mercê de algum homem lhes fixar as pernas!
Se bem atentamos, fazem assim, aproximadamente, os próprios cães.
É um domínio puramente animal. Olhar para as pernas, denota só instinto e animalidade! Mas o homem tem, como é sabido, um destino excelente, superor ao dos cães.
Onde há só paixão ou pura animalidade, não há razão bastante nem apoio firme, para cimentar qualquer união!
Por isso, é claro, há tantos divórcios e causas em barda para discórdia.
Claro se torna que para os divórcios pode haver outras causas

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Amadora
17-3-1989
O pobre jardim da Praça Albuquerque

Esta bela Praça estende-se amplamente, face ao Museu dos Coches.
Assaz primorosa, o 25 de Abril não a tratou com a estima devida.
Refiro-me, agora, mais directamente ao que se passa, no seu interior,
nomeadamente o jardm bem como os lagos que o desprimoram. Já direi porquê.
Quanto ao monumento, é desonroso e pouco abonatório que se mostrem nele as habilidades , tentando alcançar o topo do conjunto. É má educaçao e falta de chá, denotando grossaria da mais selvagem.
Dói-me em extremo ver tais abusos. Claro! Nao havendo educação,
é preciso dá-la! Até lá, impõe-se vigilância,, guarda solícita que abranja em globo, não só o monumento e as outras estátuas, mas também os canteiros do próprio relvado e os cestos diversos, para recolha de tudo..

Por que não fazemos como os Espanhóis?!
Que alguém se atreva, lançando ao chão uma simples beata! Verá logo o polícia aproximar-se altivo, ordenando ali:" Haga Usted el favor!"

Tem de apanhar, imediatamente, deitando o lixo, no lugarr próprio.
Que resultará dos abusos aludidos, ao começo do Diário? Riscos, pela certa, escoriações, que não devemos, por modo nenhum, consentir ali!
Uma das estátuas ( o nosso povo chama-lhes bonecas) tem a mão amputada.
Que dirão os estrangeiros, quando tal virem?! Censuram o povo e as
Autoridades!
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Amadora
18-3-1989
Agora o Monumento
Gradiosa ideia! Feliz também a concepção desta obra-prima! Era digno dela o insigne Capitão! Tão alto subiu, no exercício do cargo, que
é tido, sem favor, como um dos maiores, a titulo mundial!
Vem logo a seguir ao grande Aníbal e Alexandre Magno. Claro está
que ficam abrangidos o Júlio César e Napoleão!

O nosso Albuquerque não foi grande somente como Cabo de Guerra, pois também primou nos outros ramos do seu agir: amor á Pátria , simbolizada no Rei que era o seu representante; amor aos homens por quem tudo fez; firme lealdade que nunca desmereceu; nobre sacrifício que ele mesmo se
impôs; desaires enormes a que foi sujeito, quer por ambição, quer por inveja.
Por que é que o Rei o mandou substituir?!
Pois o monumento assenta em padestal de enorme altura, no cimo do qual está colocada a estátua do herói, voltada para o Mar.
No seu discorrer,era o Mar distante a grande expressão, no Continente Asático. Ouso até dizer que ele foi o senhor do Continente-Gigante. Ormuz, Goa e Malaca, eram decerto, a chave segura dessa mole imensa!
O estilo usado é de traça manuelina. Nele se encontram os sinais denunciadores: cordas e âncoras, mastros e vegtação e os próprios animais dessas zonas longínquas.
Fixando, cá de baixo, o herói do Oriente, o grande incompreendido,
se não aviltado pelo Rei, Dom Manuel, que fez a mesma coisa a Fernão de Magalhães e Duarte Pacheco, fico deleitado, por ver claramente que o vulto dele não foi amesquinhado. Bem ao invés, permanece hirto, aprumado, inexorável, ante os criminosos; pai, amigo e serviçal de todos os infelizes, que, após a sua morte iam rezar-lhe à campa fria.

Se ele fosse traidor ou ambicioso, levantaria o Oriente contra a sua Pátria, como antes fizera o próprio Coriolano, quando Roma era senhora.

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Amadora
19-3-1989
As estátuas do Jardim (Lisboa- Belém). para mero adorno, estão afeadas. A primeira vez que tal observei, deprimiu-se logo o meu coração! São, evidentemente, estátuas femininas, cujo sexo denunciam
inequívocos sinais..

Sefosse em África, lá entre os cafres, não figurariam tais desacatos!
Os iconoclastas não foram concebidos e dados à luz por uma mulher?!
É esse ultrage a devida recompensa?! É deste modo que traduzem, no país, a sua gratidão os cafres europeus do século XX?!

Que liberdade é esta que ultraja, a fundo, a maternidade?!
Qual será o comentário, feito por estranhos, ao fixarem os olhos, altamente
curiosos, nestas obras de adorno?! Invade-me a tristeza que logo me prostra! As suas obras são, em todo o tempo, dignas de atenção. amor e respeito!
Não foi o Diabo o autor da mulher! A Sagrada Escritura é muito clara, sobre este assunto.
É, pois, necessário que as autoridades tomem posição, repondo as coisas no devido lugar e proibindo se repitam ultrages que fazem corar, pela maldade que pronto revelam tais desacatos.

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Amadora
20-3-1989
Perfaz-se hoje um século e mais três anos que meu pai nasdeu.
Não podia, claro está, deixar no olvido, este facto relevante, pois se trata, afinal, do autor de meus dias. Se os pais, na verdade, são os grandes amigos! Depois que nos deixaram, bem contra seu querer, só aderindo, por
amor a Deus, tudo no tempo nos foi adverso!

Faltavam, realmente, as grandes barreiras, que o génio do mal haveria de romper! Não seria fácil conseguir o objectivo! Meu santo pai era um lutador. porfioso, incansável, no grajeio dos meios que serviriam o lar
Depois de Deus, para mais nada agiu e viveu senão para isto.
Mercê do exposto, recordo a sua vida bem cmo o seu exemplo que é luz
ainda, nas trevas deste mundo!

Que o Deus de misericórdia o tenha em sua glória,, peço hoje eu, lembrando emocionado o dia maravilhoso do seu nascimento, que foi exactamente, a 20 de Março de 1886, na freguesia de Prados - Celorico da
Beira, distrito da Guarda.
Alenta-me a certeza de torná-lo a ver, no dia glorioso da Ressureição!
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Lisboa
21-3-1989
Embalado como ia no verde-mimoso dos nossos jardins, aqui
nomeadamente, na soberba Praça, Afondo de Albuquerque, margem direita do rio Tejo, face ao Museu dos Coches, até olvidava a minha própria doença e o grande sofrimento que, há 8 dias, me prostra, a valer!

Desta vez, a minha decepção elevou-se ao máximo.
É que, das outras vezes, passava em pé a gripe e o mais.!Nem me lembrava de que não sou jovem! Esta a grande realidade!

Aconteceu, pois, quma gripe assanhada veio ter comigo, rindo talvez da minha ingenuidade! Aos 71 anos, haveria razão, para tanta confiança?!
Era ousadia e firmeza a mais!
O tempo decorria sem qualquer melhora, e eu esmagado, ia drfinhando, a olhos visto!. Por outro lado, quase me persuadia de haver algo mais a complicar a grave situação - malária crónica! De facto, notei alguns sintomas, embora ligeiros: tremuras acentuadas, em todo o organismo; debilidade total, nos membros inferiores; febre alta, ao princípio. Delírio é que não! Todos estes factores me traziam assistado!

Preparando-se já uma consulta urgente, no Instituto Medico Tropical,
a febre baixou sensivelmente. Sendo assim, desisti, ao menos por agora.
De momento, é apenas a tosse o meu calvário! Uma vez na cama,
faz-se constante! Deu isto como efeito: passar a noitr de hoje sentado
num sofá
É esta, de facto, a Semana da Paixão! Acompanho o Mestre!

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Lisboa
22-3-198
Voltemos agora aos pequenos lagos, melhor diria "tanques",que bastante adornariam a Praça Albuquerque.
Apresentam-se eles junto das estátuas, a que já me refri: uma, decerto, ao pé de cada tanque. Seriam benef'cio a contar para enfeite, pois são airosos e, quando cheios de água, é delicioso ver os peixitos voltear lá dentro.

Diversos em tamanho e agilidade, são regalo para os olhos que as fixam delirantes!
Bom. Vê-se claramente que foi maravilhoso o plano criador. Um lago qualquer, pequeno que seja, trate-se embora de exíguo tanque, empresta desde logo, uma nota de rescura, encanto e maravilha!

A primeira ve que ali cheguei, logo a decepção me tomou, a fundo!
Fiquei a ter nojo... repulsa... naúsea! No seu imterior, encontrava-se, a rodos, a maior imundície; latas já velhas, casca de frutos, res´duos vários,
tijolos e pedras, bocados de cartão, escarros e saliva. Não digo mais, que já estou saturado!
Perante o caso, fica a impressão de que se trata, afinal, dr amplo
vasadouro!
As nossas crianças primam, já se vê, entre os delinquentes. Os pais,
a rigor é que são os culpados!
Cabe, de facto, às autoridades evitar o que anoto. Requer-se ali a presença de alguém.Será, desta vez.

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Lisboa
23-3-1989
Bancos de jardim

Falar dos serviços que a todos prestam não vale a pena! Quem ignora aí o conforto que originam, em tardes calmosas dum Verão ardente?É delicioso e nunca louvado, extremamente, o enorme regao e supremo bem-estar que
infundem na alma os momentos serenos que ali se usufruem, havendo uma àrvore, frondosa e virente, a servir de cobertura! Sentimos delícia, não havendo força que dali nos afaste!

Para tudo ir bem, sem nada a molestar, é necessário que os ditos bancos se achem, para logo, em boas condições, sem olvidar a limpeza do assento e do próprio chão
É o que, realmente, não vemos ali! Qual a razão? Ela tem de axistir, com toda a certeza! Já vi, com horror, inúmeras vezes, colocar os pés, onde os utentes que são educados colocam as mãos!, mantendo ali a posição anormal. Claro! Que pode suceder? Ficar o assento bem conspurcado!

Quem dele se abeirar,sente logo repulsa!
Pois os diabretes não vão sentar-se no espaldar, ostentando assim maneiras de símio?! Farão a mesma coisal´am suas casas?! É provável que sim.
Vítimas do hábito...

Que pensam fazer os nossos governantes? Urge pôr cobro a esta situação que afugenta os estranhos e dá nascimento a crítica azeda, sobre um país dos mais antigos da velha Europa.

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Lisboa
24-3-1989. Cont,
O chão em volta.

Em Julho e Agosto, de modo especial, é deveras agradável sentar-se a gente, à sombra duma árvore. Sendo num jardim, sobe de ponto esse
bem-estar, por causa do arranjo e boa disposição que esperamos achar, à volta de nós..
O aroma das flores e sua variedade; a ordem e simetria que em tudo se nota; a limpeza irrepreensível que ostentam as coisas; o chão varridinho e alheio a dejectos de qualquer natureza, constituem, de facto,ambiente ideal, onde é grato ficar, repousando e lendo , se não acontece vir ter connosco um bom parceiro que ali nos ensine alguma coisa útil.

Tudo isto é exacto, muito desejável, sumamente apetecível! Entretanto, se
no acto de inquirir, notamos lixo, escarros ou saliva, restos de comida, cheiro nauseabundo, procedente de fezes, já humanas, já caninas, apaga-se desde logo todo o encanto e o próprio desejo de ficar ali.

A ideia premente que nos assalta logo é de fugir, às sete partidas! Nem mais um segundo!
Note-se agora quão ruinoso há-de ser para o turismo, (principalmente se vem de fora ), o aspecto lastimoso em que vemos o chão dos nossos jardins!
Será chegada a hora de tudo cambiar? Oxalá que sim!
As autoridades é que têm, de facto, a solução para estes desaires!

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Lisboa
25-3-1989
Relvados e Passeios

Uma vez respeitados, limpos e tratados, constituem, realmente, um regalo para os olhos. Vou tendo em mira o jardim dos Jerónimos , uma vez que lá
passo quase diariamente.
Não há muitos anos, levava-se ali um tempo delicioso, porque alguém velava pela manutenção. Não basta a rega! Essencial, claro está, mas não exclusiva!

Os relvados virentes, quando mimosos, são na verdade um encanto, na vasta paisagem. Que acontece, porém, no caso entre mãos? Nota-se,
desde logo, que as gentes os desamam e não respeitam.

Talhar passagens, ( peqenos trilhos), ao longo dos tabuleiros, é coisa
frequente que denota mau gosto. e deveras lastimamos! Além do que já expus, verificam-se pedaços, em forma de clareira, o que é reprovável!

Quanto aos passeios, raro sucede encontrarem-se limpos!
Achamos em barda pedaços de papéis; cascas de frutos; resíduos de comida; latas abertas e outros desperdícios que afeam o lugar e o tornam
ermo!
É assim, de facto, que chamamos os turistas?! Quem vai educar as
crianças buliçosas, algo atrevidas e malcriadas?! Continuaremos assim,
dando a todo o mundo a imagem triste de gente rude, grosseira, indelicada?! Por que não confiar a pessoas responsáveis o encargo urgente
de vigiar, com esmero,os nossos jardins)!

Só com palavras, aqui em Portugal, não vamos nunca a parte nenhuma!

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Amadora
26-3-1989
Celebra-se hoje um facto ímpar, na História do mundo.
Houve factos notáveis que apraz lembrar, fazendo-o nós com grande amor
e até alvoroço. Entretanto, comparados todos eles ao milagre estupendo da Ressurreição, ficam na sombra. distando muito mais que a sombra, da luz. o nada e o tudo, a riqueza, da penúria, o infinito, do limitado.

Cristo Jesus destruiu a morte, provando assim que é Deus e Senhor, o que nos traz certezas e luz a jorros, para as trevas densas, em que vivemos.
Sei donde venho e, de igual modo, para onde caminho. Não existem
dúvidas, para ensombrar esta luz radiosa, quanto ao destino do meu pobre corpo. Uma vez desfeito, e, já por fim, reduzido a pó, vai depois surgir um corpo novo, à maneira da semente. Esta desaparece, mas esse facto origina
outra nova, sadia e bela, encantadora!

À luz meridiana da Ressurreição, tudo se transforma: as trevas em luz; a derrota, em vitória; a tristeza, em alegria; a nossa dúvida , em clara certeza! Provando ser Deus, com poder sobre a morte,( esta foi por issi aniquilada), eu tenho (a) certeza de não ser ludibriado.

Deus não se engana, porque sabe tudo; não me engana a mim, porque
Ele é Santo, o que dá coragem, para levar a cruz, até ao final.
Sei muito bem que, para triunfar, hei-de primeiro sofrer humilhações.
"Pelos espinhos à glória". Per angusta ad augusta!

Primeiro, a Paixão, a Cruz, o Sofrimemto, as grandes provações; depois, então, a coroa da glória!
É este o programa! Deus ajuda sempre, assim eu queira e lhe peça com fé.
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Amadora
27-3-1989
A minha Gripe

Era costume passá-la trabalhando, imerso na lida, sem desfalecer,Desta vez, porém, saíram as contas harto furadas! A minha resistência, aliada também às convicções, deram como fruto sério agravamento!. Com efeito,
se baixasse ao leito, assim que a doença ficou manifesta, era mais fácil correr com ela! Assim, porém, vou-me arrastando, com dificuldade e amarga lentidão.
Fiquei desodratado e sem energia. Além disso, perdi o apetite, o que muito preocupa! É que sinto repulsa por todo o alimento.
Isto amargura-me! Querendo voltar às lidas de sempre, não me assiste força para abalançar-me! No entanto, a vida continua! Parar é morrer!

Sem nada a ocupar-me, não estou bem nem sinto calma! Cismar... cismar e delguma coisa, penso que sou válido e útil ao próximo. e aplico as faculdades que o Céu me doou.Efectivamente, achando-me absorido, já o Mafrrico não pode agir, à sua vontade. Isto, na verdade, confere bem-estar,
paz e ventura. Que ele é traiçoeiro, muito arguto e assaz manhoso!

Apesar d e tudo, nada receio, tendo por mim o nosso bom Deus.
São estas as razões que me levam agora a travar combate, para destruir os efeitos danosos da enfermidade, que me traz sujeito, vai para três semanas.

Que Deus me ajude, para que,enfim, tudo corra bem.
Por outro lado, Abril não dista já muito! Oh! o Abril em Portugal! Com sas claridades e céu veludíneo, encontrarei ambiente, para serenar, enchendo a alma de grande ventura!
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Lisboa
28-3-1989
Terça-feira.

Ante-ontem já, ocrreu um facto de grande projecção, na existência do homem. Sem ele,realmente , tudo seriam trevas, na vida humana! É que esse clarão trouxe-nos paz, bem-estat e sossego

Um facto assim, embora apenas em comemoração, é a grande chave, para todos os problemas que t~em ligação com o nosso destino
Viemos ao mundo, a partir, já se vè do Desconhecido. Ninguém nos consultou nem podia ser! Se não éramos nada, como responder?! Dez meses inteiros, antes de nascer, nem os mesmos pais sabiam de nós!

Após o ciclo da vida, tornzmos breve para o Desconhecido, havendo
xperimentado as mazelas da existência, Tanta dor e sofrimento! Tanta decepção! Tanto amargor, sofreado nestes dias! Em seguida, apaga-se tudo!
Grandes aspirações, planos de futuro, anelos da existência, tudo ficou
e seu embrião! Nada se realizou!

Em paralelo, seriam mais felizes os próprios animais. Valeria a pena viver tal vida?!Não valia! O próprio nada ou a vida animal era preferível.
Entretanto, as coisas alteram-se e tudo se entende, aceita e ama, se
pomos logo diante de nós o facto estrondoso da Ressurreição!

O princípio humano a corrida para a morte e o enterramento foram
comuns a Jesus de Nazaré. O ciclo d!Ele, porém, teve um desfecho inteiramente diverso: o seu belo corpo, visto ser invólucro de um Deus feito homem, ressurgiu da morte, que ficou destruída e assaz humilhada,
Esse Corpo Santo voltou â vida, sendo este facto que vem alentar-nos.
Em tudo, na vida, quis o Bom Jesus ser igual a nós, (excepto no pecado), afim de merecer e abrir.nos o caminho
Tornando-se Cabeça do Corpo Místico, nós. os seus membros, seguiremos, a rigor, o mesmo destino.
A esta luz, assaz meridiana,já tudo se clarifica. A própria noite volve-se em dia; as trevas em luz; o sfrimento em júbilo sem igual; a amrgura em alegria
o Senhor Jesus Cristo é quem nos vale! Fez tudo por nós, infundindo na alma a alegria de viver.
Que Ele seja para mim o supremo ideal.

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Belém
29-3-1989
Os Vizinhos da Amadora

Foi ante-ontem que deram pela falta!. Ora, a verdade é que tinha adoecido, havia três semanas. Como estava sozinho, não podia valer-me, o que pres- tes me levou a ficar em Lisboa, junto da família, Aconteceu, pois, que deixei o meu andar, por motivo de doença. Ninguém se apercebeu do facto em causa.
Eu sei muito bem que há graves problemas e causas diversas,que nos
absorvem, quase por inteiro. Apesar de tudo, senti cá dentro avivar-se a amargura. Podia morrer, que ninguém dava conta! Mais ainda: podia talvez ser até sepultado, sem que os vizinhos dessem por isso!

Apenas ao destempo, iam inteirar-se do que tinha sucedido! Aqueles três dias que tentei ficar lá,, com enorme sacrifício, decorreram solitários e cheios de angústia. Não houve ningué, para dar-me um recado!... ir buscar um artigo que me fosse necessário, enfim, dar solução a múltiplas coisas. que um enfermo, sozinho em casa, não pode atender.

Mais esta decepção! É assim a vida! Um longo rosário, feito de amargura, dor, aflição!
Que Deus não falte, é já bastante, mas somos humanos, fracos, volúveis.

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Belém
30-3-1989
A Notícia chegou. Esperava-se com ânsia, havia já meses!
" Não há maneira de vir!" - assim desabafávamos, revelando angústia , dor no peito, inconfomidade!
Era uma carta, emitida na Austrália, a qual, por sua vez, daria resposta a perguntas de cá.
A Maria Regina poderá emigrar, tendo como alvo achar emprego, nessa zona do globo? Relacoadas com esta, outras perguntas vieram a pêlo..
Bom. Aquilo que esperávamos chegou-nos ontem. Alegria e dor teve
ela como efeito. Claro! Veio favorável. Ela vai solteira e, portanto, sozinha!
Uma vez lá, ocupando-se, ao que dizem, num Restaurante, faz o casamento por procuração, indo depois o marido ao seu encontro.

Tudo a primor! O meu colega Barros conseguiu o objectivo!
Este é o lado agradável. Entretanto, neste mundo, é tudo imperfeito, fugaz e variável. Perante o facto, surgiram os contras: a dor da mãe, que, tendo agora só esta filha, se crê desamparada, na velhice que avança.
A todos nos afecta esta separação, para terras longínquas, bem perto de Timor.
Por meio de avião, resolvem-se hoje muitos problemas. Do longe se faz perto! Apesar de tudo, sendo constante a presença de alguém, é mais
eficiente, quando necessário. Seja como for, a vida é exigente; puxa por nós e vai constrangendo a nossa existência.
Eram três irmãs, duas das quais ficaram sepultadas em Silva Porto.
Apertando o círculo, maior é a dor!

Não obstamte os grandes contras, impõe-se a decisão. Começar é a tempo! Acho bem que a Gina se empregue, com eficiência,, o que não tem conseguido, cá entre nós. Assim, proverá às suas necessidades: casa para habitar e o mais que lhe falta.
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Belém
31 -3-1989
Finaliza hoje o longo mês de Março.

Para mim, não foi dos melhores, por causa da gripe, que tive de aguentar e me reteve de cama, uns dias consideráveis. Preso de movimentos e cheio de febre, fui atacado por tosse importuna e assaz fatigante.

Eram acessos, uns após outros,, sem força bastante, para suportá-los!
Seis noites seguidas, em tosse contínua!. Mas, enfim, com medicamentos e a bênção do Céu, que não falta a ninguém, já estou melhor e decidido, assim o julgo eu, a retomar em breve, a faina costumada. Não me enganarei?!

Com Abril, pois, voltarei às lidas que houve de esquecer, de modo especial, as literárias. Há três volumes que preciso de rever, nos próximos dois meses. Com eles em ordem, ficarão ultimados 26 volumes. Os restates, que
são intrncados e erquerem, por isso, mais tempoe cuidados, ficam então para os dias maiores e mais favoráveis, mercê da luz que o bom Sol nos traz.
O pontapé de saída, quanto ao ,meu livro, já na Gráfica, não vejo maneira de poder efectivá-lo! Logo que possa ( brevemente, já se vê) dirijo-me prestes a Santo Adrião, onde o senhor António retém, desde Agosto, o Original: Diário vivo de 1975. É a Segunda Noite.
Já vai para 8 meses!

Não será tempo, mais que bastante?! Pelo que observo, terei eu de fazer edição de autor, o que pesa enormemente, sobre os meus ombros.
Canseiras e dinheiro... Terei eu idade, aos 71 anos, para estes movimentos?! O futuro o dirá!
Que o Céu me ajude a sair deste beco, onde me entalei,sem ver esperança de lhe escapar!
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Amadora
1-4-1989
Dia de Enganos

Fosse apenas um,durante o ano todo! Mas, afinal, que sucede aos mortais?
Raro será o dia que não seja de enganos! Isto, realmente, denota a ruindade,
que o hoem alberga,nos seios de alma!
Não foi Jesus Cristo que uma vez esclareceu este caso lastimoso?!
" Se vós, que sois maus, dais coisas boas aos vossos filhos...!"

Que pode sair de quem é mau?!
A árvore boa dá frutos bons; a má, porém, só os dá maus.
Anaiisando melhor a atitude humana, em ordem ao próximo, nota-se, ao vivo, a triste verdade! As nações mais recentes que foram colonizadas, lançaram o grito: "Acabar a exploração do homem pelo homem!"

Mas que vimos nós, logo em seguida? Os homens da cúpula, senhores do mundo, surgiram brevemente, envolvidos em ações que desdiziam do seu ideal!
Só Deus não engana, porque Ele é bom.
O homem envilece, quando presa de seus vícios, e sujeito de inveja ou de ambição!
Cada um, afinal, procura locupletar-se, à custa do parceiro! Triunfam, é claro, os mais expeditos, argutos e malandros. Os ingénuos e
sinceros, bem intenciomados e dados à paz, ficam manietados e vítimas injustas de seus atropelos
Isto acontece, no dia-a dia

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Amadora
2-4-1989
Após a gripe assanhada que me reteve, em Lisboa, durante semanas, voltei à morada, aqui na Amadora. Embora solitário e como abandonado, assim vegeto agora e me vou arrastando. ao longo do tempo.
É pura verdade que o sofrimento, levado por amor, vai purificando a nossa existência . Bela moeda, no campo supra-humano, trocada por débitos de carácter moral, dá lucros valiosos!

Entretanto, há sofrimento que outrem impõe e se torna, para logo, fonte de revolta, já por ser estranho ao nosso querer, já por considerarem a nossa pessoa abaixo das outras.
De facto, a vida que eu levo e como se estrutura, nesta cidade, não me torna feliz! O homem é gregário. por sua natureza. Necessita, pois, de contactar, pôr em comum ideias e planos e assim também maneiras de ver;
ensinar os outros e deles aprender; confiar suas mágoas e ouvir, amiúde, palavras de conforto; desabafar, inúmeras vezes; ser útil e prestável; rezar em comum.
Tudo isto é impossível, com vida solitária.! Eu e as paredes; eu e as aranhas; eu e o silêncio... Ora, é certo que não vim ao mundo, para ser eremita!
Nem sequer para monge!
Por andar contrariado, mais difícil e duro se torna, por vezes, levar o fardo sozinho!
Tenho certa esperança de que algo mudará, num futuro previsto.
Apesar de tudo, esse dia vai tardando, pois os 71 já estão a carregar-me
com todo o seu peso. Quantos vão morrendo, mais novos ainda! Que posso esperar?! Confesso, para já, que é lastimosa a minha situação!

Precisando alguma coisa, ao longo da noite ou mesmo duranta o dia,
quem vai atender-me?! E se eu não puder, como tem acontecido, por mais de uma vez?!Ninguém se proxima, ainda que eu, impossibilitado, não esteja em condições de valer-me então.

Quando terá remate esta vida amargurada?!
Noutros tempos, era facílimo arranjar uma canónica, mas hoje, infelizmente, não se consegue! Tudo é fidalgo! Ninguém quer servir! Ser
patrão, sim! Dar ordens a rodos, mas não, recebê-las!. Por outro lado, requer-se honestidade e muita sensatez! E onde encontrá-las?!

É possível que existam, mas descobrir o lugar da existência?!
Resolvia-se o caso, vindo minha irmã, logo que pudesse!
Acordará meu cunhado em vir para aqui, nos últimos anos? É caso a ver!
Uma interrogação se vai já erguendo, em frente de mim.

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Amadora
3-4-1980
Namíbia (independência)
Interessa-me a fundo, quanto se refere a esta região,(Sudoeste Africano ou ainda Namíbia) Razões para isso, tenho-as de facto,em grande abundância: fui lá professor, durante 4 anos - de 1976 a 1980. Asrescendo a isto as graves circunstâncias, em que ali entrei, ( ao som de canhões e estrépito de minas),faz-se já ideia, um tanto aproximada, acerca do facto.

Além do mais, percorri o território, em várias direcçóes, nomeadamente, rumo a Vinduque e assim à Zâmbia e Botzuana.
Mercê do que expus, sinto na verdade grande interesse, por tudo aquilo que lhe lhe respeita.

Noticiaram já haver dezenas de mortos, ( 14o), embora a rigor, só em 1 do corrente, se tenha começado o processo requerido para a independência..

É lamentável que tais coisas sucedam., Culpam a SWAPO. Que haverá de
exacto nesta afirmação? Sou fácil em crer que tal acontecesse. Essa Organização encontra-se en brasa, se não ao rubro.
Nas eleições, desejaria obter a maioria dos votos, mas como teme, por fortes razões, o número dos contrários. que formam três Partidos, afectos em globo Àfrica do Sul, procura o Movimento desestabilizar.
Em meu entender, nada com isso ela tem a ganhar, Só prejuízo é que eu antevejo!
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Amadora
4-4-1989
Cont,
Razões possíveis da minha afirmação, dizendo afoito que a dura SWAPO só tem a perder, com a sua atitude?
É o que passo a expor.

Há mais de meio século, administra a zona a invejada República da
África do Sul. Ao longo deste tempo, lançou evidentemente fundas raízes que permanecem fortes, já no campo da Política, já sobretudo na Economia e bem assim na esfera administrativa.
Se há ferozes inimigos, tem por certo ali muitos e bons amigos, ainda
entre os Negros.
Só no Estado do Cavango, que eu melhor conheço, havia nessa data, Escolas Secundárias, em número de três: Katere, onde eu exerci como professor, Rundu e Nankudo.

Escolas Primárias, espalhadas pelo mato, eram às dezenas.
Os Negros, em geral, sentiam-se bem, pois a África do Sul custeava as despesas que os estudantes faziam com a vida escolar.

O que pagavam os pais era um acto simbólico ( por insignificante.).
Tomemos em conta a tribo dos Herreros, que é inimiga figadal da chamada SWAPO, formada por Cuanhamas
A razão de tal ódio vai entroncar num facto lastimoso: o assassínio do Chefe pela dita SWAPO. Deu-se este facto, residindo eu ainda, no Sudoeste Africano.
Ora, os Herreros são temíveis na guerra!

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Amadora
5-4-1989 Cont.
Outros factores de suma importância.

Não se desconhece quanto a Namíbia depende em tudo, da África do Sul.
Nenhum sector escapa a isso: Agricultura como a Pecuária; Indústria e Comércio, Comunicações e assim por diante, não esquecendo também a exploração mineira e a tecnologia. O único porto ( Walbis Bay) é território da África do Sul.

Por isto se vê que a dita Swapo esvurma agora todo o seu rancor,
temendo, com razão, que, a perder a cartada, nas próximas eleições, que vão ser livres, fique minoritária, tornando-se por isso, dependente da República.
Isso é que ela não quer. Entretanto, só em boa amizade e grande convergência, pode o Sudoeste evitar a desgraça que atingiu Angola e a outra costa.
O orgulho, porém, obceca os chefes das novas Repúblicas: procuram ser únicos a chefiar os Estados, governando em Ditadura e logo exercendo a cruel tirania, contra os discordantes.

Em boa harmonia, apenas vantagens, de parte a parte, haverá que registar.
Consentirá, pois, a África do Sul, inimigos à porta?!

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Amadora
6-4-1989
Duas Grafonolas

A este propósito, lembro-me agora de certa pergunta que um dia me fizeram: qual foi, na Terra, a primeira grafonola?
Ignorando o desvio que tinham em mente, não respondi. O caladinho foi o que adoptei. Nisto, dizem-me então, com leve sorriso: a primeira grafonola foi a nossa mãe Eva!

Registei o facto e, pela vida fora, notei, pasmado, que também entre os homens, há, não raramente, bons tagarelas!

Hoje, porém, assentou às mulheres, Juntinho a mim. por infelicidade, encontravam-se elas, bem instaladas, já desde o início. Iam,pois, rentinho da janela. Anafadas e nédias, tinha sua voz um volume notável, denunciando, ao que vi, formidável pulmão e pouca delicadeza.

Matraqueavam-me os ouidos, sem a mínima pausa. Se uma parava, tinha a outra a vez! Durante o percurso, a partir de Lisboa, quanto não ansiei pela chegada breve! Lá me fui aguentando, embora a muito custo!
Se fosse divertido. útil ou prático o seu dialogar!.Mas não! Era sensabor, desinteressante, assaz berrado e muito incolor!,

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Amadora
7-4-1989
Mal-cheirosos
Quem viajar por aí, utilizando o "passe,"terá belo ensejo, para exercitar a olfacção. É que a gente, por via de regra, vai empilhada,
lembrando sardinha. em velha canastra. Assim, juntinhos, hemos de aguentar o bom e o mau.

A primeira hipótese vigora tão raro, que mal se notará! A segunda,
sim! Esse mau cheiro! Tremendo horror! E quem o exala nem se apercebe.
Lembram as pessoas que trauteiam a Música, sem bom ouvido, para o fazer!
Voltando aos cheiros, tenho experiência, bem larga e ampla, em tal assunto. Não faço diariamente o percurso obrigatório, Lisboa-Amadora?!
Vejamos, a propósito, algo para amostra do que vai sucedendo, neste capítulo.
Em primeiro lugar, vem o cheiro do tabaco. Este, com razão, ascende logo ao primeiro plano. Que nauseabundo!

Os fumadores mostram-se apáticos, mas eu estremeço, vibro fortemente e quase me angustio! Não posso tolerar a sua vizinhança! E quando é a mão que se agarra ao suporte, mesmo rentinho ao meu nariz!

Outras vezes, é o seu nariz que faz de chaminé e se encontra obstruído, com produtos mal cheirosos, procedentes do tabaco! Aqueles resíduos, harto engrossados, que se vão acumulando, são fonte inesgotável
de cheiros deletérios.

De vez em quando, é a boca escancarada que exala pestilências, jamais descritas, em meras palavras! Aqueles brõnquios e assim a traqueia
são fonte perene de odores mefíticos!
Quando um fumador vem logo sentar-se, juntinho a mim, é tal o desconsolo e revolta íntima ,que prefiro levantar-me e ficar em pé!

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Amadora
8-4-1989 Cont.
Nem só o ttabaco origina mau cheiro; a roupa sebenta; os dentes cariados ou então por lavar; o corpo imundo, por falta de banho; a lavagem do rosto, logo pela manhã, atendendo somente ao nariz e às faces....

Os emissores dos cheiros nauseabundos não se aperebem de que outrem se incomoda e sabe alguma coisa da falta de higiene.
Para nao criarmos situações delicadas, é preciso e urgente lavar os dentes,
com certa frequência e recorrer ao Dentista, logo que avariem.

A lavagem do rosto há-de ser completa, estendendo-se ainda às áreas vizinhas: cabeça e pescoço, a par das orelhas, não poupando a água nem temendo o frio.
No tocante ao banho, duas vezes por semana, no tempo do calor, e uma vez, ao menos, fora do Verão. Isto é o mínimo!

Trabalhos há que exigem o banho todos os dias.
Também exala mau cheiro a roupa que trajamos. Dormir com ela ou não mudá-la ( a interior),já produz situações, bastante desagradáveis.

Não se invoque a pobreza ou falta de condições. Há sempe um
´minimo que se pode fazer! Basta-nos água, um pouco de sabão e um recipiente, seja embora de plástico!

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Amadora
9-4-1989 Os meus Livros

No mês de Agosto de 1988, fui pessoalmente a Santo Adrião (Póvoa), para ali deixar um original ao conhecido Gerente da Europress. -
António Bento Vintém. Houve troca de impressões, fazendo-me ver os cuidados e tarefas, a que tinha de olhar, afim de inteirar-se do valor comercial do livro em causa,

Trata-se do meu Diário de 1975, escrito em Angola, com o nome provável de "A Segunda Noite". Não é esta a primeira Editora que o traz entre mãos! Com esta lentidão, não auguro já bem das minhas diligências.
no sentido visado! Tantos meses se passaram, de Agostp para Abril!

Oito, sem dúvida! Calculava eu que dois ou três bastassem!
Desta maneira, impossível se torna pôr a máquina a andar! E com tantos manuscritos, já prontos há tempo! Diz o nosso povo: Quem não pode, morrer se deixa!
Não queria, não, que fosse o meu problema!
Na semana que vem, caso esteja bom tempo e me sinta com ânimo,
dou lá uma saltada! Quero, na verdade, saber o que vai! Afirmativo ou negativo!
Chegar brevemente a conclusões! Se tudo falhar, tenho outros meios a que possa recorrer! Edição de autor?! O receio é enorme, por não ter experiência, nesta grave matéria! Além disso, por não ser conhecido,
pode ser grande risco!
Para edição de 3000 volumes, vão logo, de início, mil e tal contos!
Em seguida, vem a distribuição e a venda dos mesmos, o que absorve logo 50%!
De ânimo leve, não posso encarar este grave assunto! Pensarei melhor!
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Amadora
10-4-1989
Em último apuro, ando agora a braços com os meus Diários de
1968 e 69. Olhando ao assunto e à meneira realista, objectiva e clara como é tratado, pode o caro leitor ficar um tanto chocado, pela surpresa que o facto lhe causa. Por esta razão, vou aqui expor aquilo que penso, a tal respeito.
Era minha intenção pedir à Santa Sé me dispensasse, então, do celibato, projecto acarinhado que vinha já de longe, após 64, ano preciso, em que morreu minha mãe. Não queria, não, causar-lhe um desgosto que pudesse matá-la. Seria um remorso a tornar-me infeliz, para o resto da vida! Estava, pois assente que reveria o caso, após a sua morte.
A posição da Igreja, com João XXIII e Paulo VI. veio corroborar a minha aspiração
O meu plano estava gizado, arrastando-se lento, pois a Santa Sé agia
cautelosa. Entretanto, em mim, era caso arrumado!
Postas as coisas no plano inclinado, era irreversível a minha posição.
Pensara, desde sempre, muitíssimo a sério, Não foi de repente que tomei posições.
Os vastos Diários dão largo testemunho dessa atitude, que é originária de tempos recuados. De modo igual ou melhor talvez, uma das Novelas e Papéis de Vasco bem como ainda Papéis de Beto.
Mercê do que aí fica, tencionava casar, ordenando a minha vida, em tal sentido
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Amadora
11-4-1090 Cont.
Não obstante os projectos, o tempo foi rodando, embora não morresse o plano que formara. Logo em 64,não tive coragem. Estava ainda
fresca a memória do facto! Parecia-me ousada, ultrajante para ela! Volvidos talvez alguns 5 anos, veio o caso ao de cima, com decisão e pronto querer!
Iria mesmo adiante, mercê de factores que então ocorreram.
Quando tudo ali se mostrava já, de avorável cariz e resolvera assumir a responsabilidade, algo ocorreu que pôs logo em risco o projecto ambicionado. Foi este facto que, a meu ver, desfez o sonho!

Após o incidente, que me fez sofrer o que Deus sabe, já não tinha raiz aquela decisão.Resisti, pois, Faltando-lhe apoio, caiu por terra, debilitando-se logo, a olhos vista.
Não morreu inteiramente, o certo, porém, é que me fez recuar, hesitando sempre. Igual posição mantenho ainda, estando convicto de que seria talvez um padre aproveitável, dentro do matrimónio, como vem sucedendo com o padre Saul, pároco das Mercès, na capital portuguesa

.Cristo Jesus não deu o Sacerdócio a homens casados?!
A Igreja Católica não deve agravar nem dificultar o Sacerdócio com o Matrimónio. Não são incompatíveis, segundo notamos, na Sagrada Escritura
As difculdades que tenho sentido são enormíssimas.
É urgente e útil que ela desfaça o que Roma criou, por não corresponder ao ideal do nosso tempo e ser contrário ao que Jesus fez.
O problema está de pé: tornou-se irreversível!

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Amadora
12-4-1989
Comunismo

O que fazem os homens! Ergueram o sistema, no ano recuado - 1917 -
tendo por Mestres de grande prestígio, três nomes famosos: Karl Marx e
Lenine bem como Engels.. Com sua doutrina, ficava estruturado o "grande
Sistema, que parecia eterno e irreversível!"

Passaram, ao que vemos, uns 7o anos. Ao longo do tempo, divulgaram-se "milagres", sobre o desejado "paraíso russo"

Entrementes, levantavam-se muros de toda a natureza, para isolar o mundo comunista. Nada constava, no exterior. A "cortina de ferro" impedia
a transparência. Entrementes, a gelada Sibéria acolhia diligente os inconformados e todas as prisões se enchiam de infelizes, que porfiavam ainda em manter a liberdade! Tantos crimes hediondos, no tempo de Estaline, seguindo-se o mesmo, após esse monstro!

Estava assim resolvida a "questão social"! Acabava, de vez, a suja
exploraão do homem pelo homem! Direitos iguais! Que maravilha!
Paraíso na Terra e antecipado!
Cá por fora, só de uma coisa as gentes sabiam: armas a rodos...
experiências várias, de natureza nuclear... Pacto de Varsóvia... muro de
Berlim!
Apesar dr tudo, a verdade surgiu- Com Gorbachev tudo se aclarou!
A odiosa mentira retirou a máscara. Nova era começa!
O Comunismo agonizou, porque não tinha firmeza nem alimento.

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Amadora
13-4-1989 Cont,
Já que falei de raízes, convém, sobremodo apresentá-las agora e fazer, a propósito, alguns comentários. Assentava o Comunismo em três grrandes pilares: ditadura férrea; colectivismo e parvo ateísmo. O terceiro
dentre eles era exigido pelo segundo.

Trabalhar para o Estado, sendo ele, realmente, o únicq patrão! Morria, deste modo, a iniciativa privada. O colectivismo foi assim imposto na órbita comunista. Tudo. ao presente, está nacionalizado!
A propriedade privada extinguiu-se, inteiramente.

Ao mesmo tempo, guerra de morte ao Capitalismo, acusado ali, de ser o causador da grande exploração! Mudando assim, o homem infeliz se
ria protegido, acabando a miséria bem como s desigualdade.

Afim de conseguirem os seus objectivos. preeconizaram logo o ódio de classes, abrindo caminho, afim de apearem o sistema odioso!
Acontecia, pois, estar em desacordo com o Evangelho, onde o Mestre dos Mestres diz claramente:" Amai-vos uns aos outros como eu vos amei!"
Daqui, a guerra aberta ao Cristianismo! Nesta caminhada, fechavam as igrejas, não exceptuando os próprios Seminários. O culto divino e as procissões foram proibidos. Deus e seus Santos puramente eliminados!
O povo, no entanto, guardou sempre a fé, reagindo a seu modo quanto era possível! É caso modelo o que respeita à Polónia. O Partido
único foi chão que deu uvas!

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Amadora
14-4-1989
Durante 7o anos, assim viveu o mundo, na " Cortina de Ferro".
Diziam maravilhas,sobre o Comunismo! Entretanto, permanecia oculto, nada revelando, cá no exterior. Uma coisa sabíamos: que tinha, de facto, armar terríveis, já na qualidade, já na quantidade!. Ignorava-se, pois, o que hoje está patente: o sistema esboroava-se, caindo agora, pelos fundamentos!
Inflação e fome, descontentamento,despesas de guerra, perseguição e
prisões sombrias, privação da liberdade e encargos excessivos (Afeganistão e Cuba, e outros lugares), cavaram a ruína, para o sistema económico.

Gorbachev sobe então ao poder. Com ele,agora, tudo vai mudando.
O mundo comunista reconheceu logo o erro crasso. Havendo abertura, surgiram francamente os desejos dos povos, altamente escravizados ao Partido ùnico. Há levantamentos, por todo o lugar. Exige-se breve a independência, requerem novos métodos... é banido o Comunismo, já na
esfera social, já na política.

Recorre-se pronto à iniciativa privada; concede-se também a liberdade de culto; diminuem-se igualmente os arsenais de guerra,
Numa palavra: descrédito pleno do Sistema Comunista!
De que valeram, pois, tantos assassínios, tanto sofrimento e tanta amargura?!
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Amadora
15-4-1989 Entre Porcaria.
Logo de manhãzinha, vou açodado, rumo à paragem. Uma vez ali,
aguardo paciente a Rodoviária que há-de levar-me, em 20 minutos, à Praça
Albuquerque, lá na capital.

Até aqui, tudo muito bem! Entretanto, não passa muito, sem que ali surja grave empecilho. Dois cuspidores, sendo um fumador, colocam-se de jeito, que fico no meio. Pouca sorte! O cheiro nauseabundo causa-me vómitos! O chão, em volta, apresenta vestígios de matérias sórdidas.
Queira eu arredá-las, náo posso fazê-lo, que é bicha formada , para a
camioneta
Que fazer então? Mas não é tudo! Desejando aliviar o braço direito, olho para o chão, mais uma vez, mas está conspurcado. Nem os sapatos eu posso deslocar, à minha vontade! Que tormento! Um cospe à direita , o outro, à esquerda!
Se eles fazem assim, cá no exterior,é porque fazem o mesmo, lá na sua casa! São hábitos velhos, já inveterados! Há-de ser bem porca tal habitação! Que pena imensa! Dá-se o facto lastimoso, mesmo já rentinho às portas abertas do século XXI!
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Amadora
16-4-1989
Noventa e cinco mortos e duzentos feridos! É obra de vulto! Como pode a Inglaterra erguer a cabeça, ante o noso mundo, já civilizado?!
Por cauea do futebol, perpetram-se crimes desta natureza?! As pessoas inocentes e as próprias crianças não têm já direitos?!

Velha Inglaterra, como salvaguardas esses privilégios que são inauferíveis?! Estes excessos vão ultrapassar as barreiras antigas dos próprios cafres! É isto na Europa do século XXI!

Além do mais, não foi a primeira vez
Será que a Inglaterra já não tem homens que sustengtem o leme?! Será por
esta razão que ascendem as mulheres aos lugares de mando?! Uma rainha!
Uma primeira- Ministra!
O mundo inreiro ficou horrorizado, perante a agressão! Droga no caso?! Brutalidade?! Selvajaria, por atavismo?! Não sei o que é, mas lavrei o meu protesto. contra o fanatismo e a brutalidade, que os adeptos mostraram!
Já nãp é possível o convívio amigável, franco e leal, com jovens ingleses?!
Será que o Governo já não tem mão, receando a barbárie descomandada?!
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Amadora
17-4-1989 ETA
Esta palavra causa terror aos nossos vizinhos, em terra espanhola. Havendo falhado as conversações, iniciou-se agora um período agudo que faz estarrecer! Explosivos diversos, no caminho de ferro, em artérias marcadas: Madrid- Sevilha; Madrid. Valência; e outras mais!

O reflexo causado na população e no próprio Turismo, que vai de fora, é incalculável Também as estradas se encontram agora armadilhadas! É um
pavor, à data presente! O horror e o medo alcançam toda a gente
Como pode o Governo resolver a siuação?!
Quanto a mim, só tem uma saída: independência total, concedida aos Bascos.
Outra não há. A longa experiência o mostra claro! É uma aspiração,
que tem já séculos. Não eram os Bascos já independentes, muito antes de
a Espanha surgir,um dia,à luz da História?! Foi pelas armas que foram subjugados, já nos princípios do século XVI!

Outra saída não pode encontrar-se! Os paliativos de nada valem!
Este revolver de furor e violência é, na verdade, significativo! Implica, realmente, que outras medidas irão ser tomadas, num futuro próximo. Segundo a atitude que o governo assumir, é que a reacção vai jogar os dados!
A minha convicção, pelo que ouvi, alguns anos atrás, a um frade carmelita, natural da zona, é que o governo central tem de renunciar à<
ideia absorcionista, lembrando-se. a propósito, de que em 1516, foi a Navarra apeada brutalmente, pela força das armas. A liberdade é algo sagrada: pode muito mais que os próprios canhões. Adiar a solução, protelando sempre e usando paliativos, a nada conduz.
Porquê essa atitude?!
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Amadora
18-4-1989 Cont,
Nada vi escrito, sobre este caso, mas tenho para mim que a rzão-mestra reside na Catalunha. Esta, de facto, aspirou, desde sempre à independência, que tentou, a valer, no sáculo XVII, mas não conseguiu. Já
fora independente, em séculos idos bem como a Navarra (País Basco)

Se o governo espanhol atendesse a Navarra, a Catalunha vinha a terreiro,exigindo o mesmo. Postas assim, as coisas de Espanha,, quer dizer, concedida a independência àquelas regiões. ficava cercead em vastos domínios. O pior de tudo não era isso!

Não me enganarei, se disser, a propósito o que tenho no íntimo: ficaria talvez a nação mais pobre da velha Europa! É que a Galiza aspira ao mesmo. De facto, ela é mais potuguesa do que espanhola, tanto no idioma, como na paisagem. Nem faz excepção a psicologia do povo galego. A mesma evolução, no campo da Fonética, se tem processado, conformemente às leis da Portuguesa.

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Amadora
19-4-1989
" O maior império do mundo habitado"
No jornal O Dia é que li, não há muito, aqueles dizeres. Eu sabia que era assim, mas gostei imenso de verificá-lo, em Crónicas saborosas do beirão, João Coito.
A este propósito, recordo as palavras do nosso épico, exaradas por ele, na Epopeia Nacional.;" Vós, poderoso rei,cujo alto império\ O Sol, logo em nascendo vê primeiro\ Vê-o também no meio do hemisfério1 E
quando desce o deixa derradeiro".

Segundo Camões, esse império glorioso estendia-se, a rigor, de Nascente a Poente, Nenhum outro houve, com tal extensão! E não falo
já das enormes regiões que abandonámos, um pouco mais tarde nem daquelas também a que chegou primeiro, sem prestar atenção.

É ver, por exemplo o caso da Austrália, por Manuel Godinho Herédia, segundo o nosso Almirante, Gago Coutinho; a África do Sul;
a própria Arábia; etc,etc.
A quem pertenciam? ( Res primi capientis - Direito Romano)
Se fòssemos Cem Milhões, ao tempo dos Descobrimentos,o
império inglês, espanhol e francês bem como o holandês ficavam mirradinhos! Enquanto a Europa estava dormindo, chegavam já os Grandes Navegadores aos confins da Terra

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Amadora
20-4-1989 A população do nosso país, nessa data memorável, era apenas de um milhão e duzentas mil almas! Tirar dali as crianças, mulheres e velhnhos, quanta gente válida iria para o mar?!

Apesar de tudo, ainda o Poeta, em 1572, pôde escrever o que fica citado, no Diário anterior. "... o Sol,logo em nascendo,vê primeiro".
Macau e Timor estão sob o olhar do Poeta imortal..Podíamos até dizer que é o grande Continente que está na mira de Luís de Camões

Efectivamente, Afonso de Albuquerque, ao conquistar Ormuz, Goa e Malaca, grandes centros estratégicos e comerciais, colocou a Àsia toda sob o seu domínio. Eram pontos-chave.
Já no século XIV, reinando em Portugal D.Afonso IV, fomos às Canárias, por mais de uma vez!
O Papa Alexandre VI, que era espanhol, pediu ao rei de Portugal que
cedesse as Canárias aos espanhóis, que ninguém os aturava, cheios de inveja e grande azedume!
Portanto eram nossas e muito nossas, Nessa altura, já por très vezes as tínhamos visitado.
É uma desgraça ter vizinhos invejosos e importunos! Quem lhes deu
Ceuta e a Iha de Ceilão ?! E aquele concelho que é hoje pertença das duas
nações ( assunto mal arrumado!)e é constituído por 23 freguesias?!
A Espanha,sem pedir licença, ocupou o território, logo no princípio do século XIX. Por que razão?!

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Amadora
21-4-1989
Cont,
Os nossos vizinhos mordiam-se de inveja,, ao notar suspeitosos, a
expansão portuguesa, através do mundo.
É pura verdade: quando os outros povos iniciaram de vez, os seus descobrimentos, já os Potugueses andavam nos mares , há mais de 100 anos! É obra! E tratava-se, a rigor, de navegação, no alto Mar, sem terra à vista, o que os povos antigos,incluindo os Fenícios, nunca fizeram.

Eram desconhecidas as coordenadas geográficas que os Portugueses
utilizavam já, podendo sem perigo afastar-se da costa.
É assaz curioso que também fomos os primeiros a navegar no ar,
cientificamente. Muitos aí há que desconhecem este facto, assaz curiosi e deveras notável!
Gago Coutinho e Sacadura Cabral, em 1922, foram de Lisboa ao
Rio de Janeiro, pela primeira vez! Foi uma apoteose! Jamais se tinha feito
coisa igual na Terra!
A quem deve o mundo a realização deste facto assombroso? É a Gago Coutinho,que foi o inventor do " Horizonte Artificial"
Armstrong, ao regressar da Lua, fez referência ao caso, porque também ele se serviu desse invento, prestando homenagem a Portugal!
A navegação aérea, a título mundial recorre, em no«ssos dias, ao famoso invento dum grande portuguès.
Que o mundo todo saiba que Portugal não é pequeno! Se tem a alma
grande!
O 25 de Abril tornou-õ pequenino, mas a alma não mudou!

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Amadora
22-4-1989
Lição Magistral.
Durou très horas - das i8 às 21, e foi dada pelo Serra, funcionário distinto da Tabaqueira
Antigo aluno, em Manteigas, aqui estudou, ao longo dr 7 anos, após a Primária.
Por ser tão longa a lição referida, foi preciso paciência, vontade de servir e muito apreço. Caso contrário. não se efectuava. A dita exposição teve por objecto o seu computador, para dar-me noções de carácter geral, sobre a maneira como ele actua.

Para isso, começa. desde logo, por fornrcer dados. em grande pormenor, prendendo a atenção e ocupando-me em cheio, com muito prazer, cá da minha parte.

O Marcos Serra é um belo rapaz, amigo de servir, prestável sempre e igual a si mesmo! Sabendo ele, há tempos, que eu ando interessado, num computador, para efeito de escrita, pôs-se logo a ministrar o que julgava essencial, com vista a elucidar.me

Quanto em mim cabia, fiz todo possível por dar atenção, receando embora que os olhos repontassem, no auge da aplicação, o que veio a acontecer, mas já no final
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Amadora
23-4-1989 Cont.
Disse então o Serra, pondo na voz acento especial: " O computador é isto apenas: uma espécie de rectângulo que, por acaso, tem anexo o teclado.
Aqui dentro, tem a possibilidade de armazenar na memória, milhões de palavras! Nada escrito, dentro dele! Guarda, pois, com fidelidade o que lhe for entregue! Que ele é burro tapado, se nada lhe disserem!
Nós é que temos, realmente,de fornecer-lhe quanto é necessário, para ele agir, fazendo umas coisas que o tornam curioso Depois, veremosalgunas, para fazer ifeia
Resumindo então: vê o computador; acoplado, encontra-se o teclado;
além, ao alto, encontra-se o monitor, com o seu ecrã e, ao lado esquerdo, a
impressora de agulhas. Se fosse leiser, seria bem melhor, mas é bastante cara. Este pequeno objecto, que sustenta na mão é chamado rato.Com ele por ajuda, vou eu localizando o que tenho em vista.

Note, a propósito, como se deloca a seta no ecran, à medida exacta que tento conduzi-la, em cer'ta direcção. Onde ela pára, fixa-se, desde logo, o chamado cursor
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Amadora
24-4-1090 Cont.
Disse eu, há pouco, ser necessãrio fornecer elementos ao computador, sem o que ele, a rigor, nada consegue.
Bem. Por onde entramos nós em contacto com ele? Por dois lugares: boca (driver) e teclado. Neste ecrevemos nós o que ele vai guardar. Nada fica gravado.
A sua capacidade permite-lhe, no entanto, guardar fielmente até
um dado limite ( variável com o aparelho) , o que vamos escrevendo.
Se tiver disco duro. a que não fiz alusão,aqui atrás, guarda ele então, quanto for necessário. Havendo disquetes, prescindimos dele, mas faz muito jeito. em questão de segurança.Torna-se dispendioso, lá isso é verdade, mas vale a pena! Custa à volta de 100 contos.

Além do teclado, para entramos em contacto com o aparelho, tem ele a boca, ao lado direito. É por entram as disquetes, que já estão gravadas.
Impõe-se agora saber como vai o aparelho contactar connosco.

Efectua-se o caso por três processos: o chamado ecrã; o alti- falante e a impressora. A minha que está vendo, custou 7o contos; o computador levou
130. Perfazem-se, pois 200 contos. Mais 100 do disco duro, eleva-se o montante a três centenas!
Já puxa um bocado, tratando-se, às vezes, de economia débil!

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Amadora
25-4-1989
Há muita gente, de cravo ao peito, ostentando no rosto sinais de alegria. Na grande Assembleia da Nossa República, efectuou-se há pouco luzida sessão, em que tomaram parte figuras de relevo: Presidente da Nação e o da Guiné-Bissau, que também discursou. Ouviram-se palmas e vários aplausos, ao longo do acto.
À tardunha, realizou-se um desfile, pela Avenida, rumo directo à Praça do Comércio. Manifestações, por todo lugar, vitoriando assim a lusa Democracia que o 25 de Abril de 1 974 veio trazer à nossa Pátria.
Perante o que vai, fico meditando e, enquanto o faço, o meu coração não sente alegria.
Reconheço, na verdade que algo de positivo nos trouxe a Revolução, mas foi encaminhada em sentido negativo. Por esta razão, milhões de Portugueses, aqui em Portugal e no Ultramar, vestem hoje luto, melhor diria, acentuam o luto, uma vez que não cessou o período infausto que vem
caracterizando a época de tristeza. Esta vai prolongar-se, durante a vida inteira.
A este grupo também eu me associo, tendo presentes ps casos dolorosos de Angola e Noçambique e bem assim o de Timor-Leste-

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Amadora
26-4-1989
Um Busto irreconhecível

Foi há três dias. Olhando, casualmente, deparou-se-me então um caso censurável, que me deixou abalado! Era junto â igreja do Santo Condestável.
No Largo próximo, aonde vão estacionar os meios de transporte, ergue-se um monumento, constituído por alto pedestal, encimado este por um busto de granito, em memória de alguém que as gentes da zona muito acarinharam.

No exame que fiz à dita memória, apresentou-se o rosto manchado a preto. Caí das nuvens, quando o notei! Desacato assim não era de esperar!
Nem eu acreditava, se alguém mo dissesse! Entretanto, como eu próprio vi!..
Parece impossível que, no século XX, às portas já do século XXI, tais
coisas se dêem, num povo milenário!

Os factos, porém, colocam ante nós acções de cafres!
É vergonhoso que tais factos ocorram! Que dirão de nós os turistas de longe, ao notarem o caso? Nem quero imaginar! Que referências farão, de.
regresso à Pátria?! Belo chamariz, para incentivar o nosso turismo!

Nem que tivéssemos fontes de riqueza como as de Angola ou a
Áfiuca do Sul e outras mais!
Onde está o urânio, o metal reluzente. os diamantes e o petrolio)

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A madora
27-4-1989
Mísseis de curto alcance.
Estão na berlinda os receados mísseis , qualquer que seja o seu
alcance! Não sao eles atraídos pelo motor dos aviões?! O engenho humano é poderoso e assaz arguto, no campo da cilada! Outros, dentre eles, não vão cair no ponto exacto?! Por estas razões é que as gentes os temem.

Apraz-me agora falar só dos primeiros (curto alcance), por uma razão que vou expor. Há poucos dias, atravessava eu o Largo do Calvário, em Alcântara ( Lisboa), quando um míssil (de cuto alcance), passou rentinho ao meu nariz! Um jovem treinado o lançou, de muito perto, com tal rapidez,
que ninguém, por certo, seria capaz de afastar-se a tempo!

Deveras assustado fiquei eu então, mas de nada me valia! Foi por um triz que a dita massa, deveras nauseabunda, constituída por muco e outras substâncias, não me colheu!
Bem diz o Camões, na Epopeia Imortal:"Onde terá segura a curta vida?!"
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Amadora
28-4-1989 Dois Gralhos
As mulheres faladoras é que têm má fama. Até correm dizeres, um tanto mordazes, a esse respeito! Vejamos um deles: "Qual foi, a rigor, a
primeira grafonola que houve no mundo? - Foi a mãe Eva!"

A verdade, porém, nem sempre corresponde àquilo que se diz!
Foi o caso, hoje observado, nos transportes públicos, onde vinham mulheres.
Dois rapazolas, dos seus 17 ou 18 anos, falavam então pelos cotovelos, fazendo empenho em que aos utentes chegasse perceptível a sua voz.
Chamei-me "pecante", como se exprimem, na minha aldeia, quer dizer, "vi-me em palpos de aranha" ou ainda "fiquei da cor da abelha"
Situações encravadas, em que o povo mísero se mortifica, ingloriamente!

Quanto eu daria, para ver.-me livre de tal flagelo!
Mas tive de gemer, até ao final! Nem tugir nem mugir!
Afinal de contas, o dito assunto a ninguém interessava. Além disso, eles martelavam, fazendo inflexões que deveras torturavam o pobre ouvido
àqueles circunstantes!
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Amadora
29-4-1989
Ocorreu o centenário do grande Salazar.
O 25 de Abril propôs-se enterrar este vulto notável da nossa História. Em 15 anos, foi de todo impossível realizar, em pleno, o seu objectivo.
Antes,ao contrário, começa a recrescer, com grande amplitude.

No Mosteiro dos Jerónimos, celebrou-se com fervor a Eucaristia, por sua alma. Foi concelebrada, tomando parte 6 sacerdotes e muitos fiéis que
enchiam o templo Gostei imenso disso!

Na televisão, surgiram defensores e também opositores. Entre aqueles, marcaram presença: Veiga Simão, Franco Nogueira e Caulza de Arriaga.
Os que se opuseram, ninguém os tomou a sério, porque estão feridos.
Espírito exaltado não diz a verdade.

A História é serena e feita por outrem, quando as paixões houverem afrouxado, para que a verdade suba ao de cima.
Vai sendo bom tempo de fazer-se justiça a quem tudo imolou pelo
em dos portugueses.
É um dos grandes vultos, para não dizer o maior de todos, na História de Portugal
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Amadora
30-4-1989
O Abril de 89 está finalizando.
Teve ele mau princípio, continuou mal e acaba agora em grande beleza.
São 17 horas, parecendo já uma tarde formosa de linda Primavera!
Anunciaram os serviços 22 graus, para o dia presente. De facto, houve calor! Dentro dos carros, não se aguentava!
Lembra-me agora a frase de Bocage, no fim da vida: "Saiba morrer quem
viver não soube". Assim fez Abril! Sempre enevoado, sempre chuvoso e, às
vezes frio!
Mais figurava tempo de Inverno do que Primavera!
Quanto melhor não fora Março! Apesar de tudo, entre chuvas e neves, cá chagámos ao fim!
Será isto, realmente, para durar, ao longo de Maio? Estamos para ver!
As nossas barragens encontram-se já para baixo do meio!.
De facto, o Inverno foi seco. Veremos então o que o futuro incerto nos reserva ainda!

Água e oxigénio são fundamentais para a existência de todos os seres, à face
da Terra: são os humanos, animais e plantas. Por esta razão, enchendo-se as
barragens, o povo exulta de alegria e entrega-se,confiado. a um sono reparador.
Benvinda seja a chuva, no tempo devido, para abastecer as nossas barragens, garantindo o sono, a paz e a alegria às poulações e, de igual passo, fartando os animais e saciando as plantas.

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2004-4-09
Amadora
Alguns assuntos ficaram de tangência, em lugares diversos.de escritos passados. Retomemos o fio, com maior largueza. pois muito convém. Seja de entrada :a nossa origem Interessa a todos? Pois então vamos ao caso,
Vejamos, a propósito. o que diz algures Sarmento Martins:" É um facto que as costas ocidentais da Hispania I P I ) foram infestadas por diferentes bandos germânicos que, em seguida, foram quase totalmente
exterminados pelos Átabes.
A invasão árabe, melhor dotada de força e cultura, submeteu
quase toda a antiga Lusitânea e, muitas vezes, inquietou a Galiza, ao norte mas não é menos verdade que, a par e passo que os novos semitas foram sendo expulsos, se vê levantar, dox confins do Algarve, até às fronteiras da Galiza, um povo, possuindo o mesmo modo de sentir e pensar, a mesma límgua, conservando a toponímia romana e ligando a seus castros e seus dólmens,às sas fontes,etc, uma infinidade de tradições que, sem dúvida, têm as suas raízes na civilização pré-romana"

Deste conjunto de observações, estudos e hipóteses, um país, a Lusitânia, um povo, o lusitano, cujas condições mesológicas e étnicas lhe asseguram autonomia, dentro do clássico mundo europeu, vai erguer a cabeça e dar que falar
Dentro deste mesmo país de hoje, localizado como ao tempo do geógrafo Estrabão, está o núclio exacto da nacionalidade moderna, a portuguesa, proveniente desse anterior composto, ibero- lígure.
Apesar das suas diminutas proporções, resiste e constitui-se, sob os grandes cataclismos históricos que assolam o país, e luta heroicamente pela sua independência, ocupando algumas páginas das mais gloriosas da História da Humanidade.
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Amadora
2004-04-10 Origem do Povo Poruguês.

\ Remontando agora aos tempos pré-históricos, vamos encontrar a primeira raiz no povo autóctone, anterior aos fenómenos glaciários das
primeiras épocas do período quaternário
Seguidamente, vem o povo ibérico, não ariano. de características, semelhantes ao anterior mas de vulto maior, o qual se propagou, pelo ocidente da europa e é irmão do primitivo berbere do norte de África.

Em terceiro lugar, surge o povo lígure, dito ariano, de características diferentes. do anterior, originário do Oriente e portador duma civilização mais avançada. Com os Lígures, vem a indústria da pedra polida e a dos metais.
Prepara-se-nos agora a primeira nvasão de povos indo- germânicos,
chamados Celta s ou ainda Gauleses, que se fixaram no No mas de vulto maioreste e Sudeste da Península Ibérica.
Em 5º lugar, chegam expedições de Líbios e Fenícios,
com intuitos cemerciais. Criam empórios ou feitorias, ao longo da costa marítima.
Um pouco mais tarde, chegam os Púnicos, ou Cartagineses,
pretendendo conquistar ou avassalar a Península Ibérica. Actuaram, desde o século XII ao século II , antes de Cristo.

Nesta data, aparecem os povos de nacionalidade romana, que, após lutas sangrentas com os Lusitano, dominam a Península,
impondo a Límgua e a civilização, que era mais avança da.

Tendo o mesmo fundo ibero- lígure, dos vencidos, não houve quertões de maior, no campo étnico, bem como linguístico.
Vir iato chegou para eles!! Tiveram de o matar!
Em 7º lugar, chega ainda a segunda invasão de povos germânicos ou Teutónicos.
Decorre o século V, P, C. São os Alanos, Vândalos e Suevos,
a que seguem os Visigodos.

Em 8º lugar, já finalmente, no século 8º. (712),, de param-se-nos os Árabes e berberes do norte de África, Fixam-se na Península, onde permanecem, até ao século XIII, em Portugal, e século XV em Espanha, donde foram expulsos.

Dentre os países pré-históricos, houve um elememto, verdadeiramente estranho.o galata, germânico ou celta, cuja influência foi mais acentuada, nos países da Galiza e de Portugal..
Quanto aos outros povos de maior influência, Lígures e Romanos, , havia características ,étnicas e linguísticas , bastante similares o que facilitou a aceitação da Língua, das suas Leis e da civilização.
O povo lusitano foi, dentre todos o mais ag uerrido e o mais bem organizado e defendido, constituindo um perigo notável para os que tentassem fazê-lo escravo ou dependente.
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Amadora
2004-04-11 Raízes do Povo Português

A obra notável de Alberto Sampaio, " As Vilas do norte de Portugal" têm por lema, fazer a reconstituição da vida social e assim artística dos Lusitanos, ao longo de 13 séculos,( do século 15, A.C. ao século 2 A.C.), mostrando o desenvolvimento que ela atingiu.
Vou extractar,de Ricardo Severo, um belo resumo deste colossal trabalho, escrito elaborado, com tanta perícia, diligência e
patriotismo." Dentro de cada cividade. com os seus oppida, existia uma população fixa, organizada em Gens ou Famílias.

Cada cividade ocupava uma circunscrição agrária (Ager) que lhe proporcionava a alimentação. em ceriais, frutas e animais domésticos e bravios. O regime era o das pastagens comunais, tais
como chegaram até hoje, nas regiões montanhosas.

. A cultura cerealífera, acanhada e rudimentar, não constitui ainda um regime particular de propriedade.
Com a romanização, constituíram-se as Vilas. Nelas, os chefes das cividades, instruidos pelos conquistadores instalaram em parcelas os clientes pobres, e tomaram para si uma secção, agricultada por escravos.
Nessa já vasta propriedade, desponta desde logo a pequena agricultura. Coberto o país de Vilas ou prédios rústicos, sistematicamente organizados, para exploração agrícola,, jamais se interrompe o aproveitamento do solo e o alargamento da gente.
Fixa-se a terminologia rural, da qual o neo- dialecto deriva a de uso corrente.
A romanização transformou a primitiva sociedade e criou uma nova. É o período da grande e definitiva civilização.

Em 409, chegam os Suevos., povo de raça nórdica, ou germânica. O seu advento não provoca mudanças raicais. Breve se unem invasores e invadidos, para constituirem um reino à-parte, que vai até 515, ano em que outro povo, de extirpe germânica, os
Visigodos, os absorveram.
A organização social , no entanto, não se alterou: só alguns nomes germânicos se substituíram aos romanos, como estes haviam suplantado os das cotânias.
Com a invasão sarracena, em 712, a desordem foi maior e
prolongada!
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Amadora
2004-04-12
Os nvasores não conseguiram fixar-se, para além do Douro. Apesar da incerteza, do terror do inimigo e decadência das
cividades, as Vilas permaneceram. Dentro delas, o povo, guiado pela prática, perseverou,no cultivo da terra, muito embora, na falta de governo protector a visse talada,, frequentes vezes, ou tivesse de a defender ou esconder-se, enquanto enquanto passavam os novos exércitos, indisciplinados

Com o trabalho agrícola, manteve também as tradições de cunho espiritual Da vila romana, passa o regims da propriedade através da evolução agrária, neo,goda, até à freguesia de tipo rural.

A feudalidade não se institui, em Portugal.
Na Alta Idade-Média, a pequena lavoura de tipo romano transforma-se ja em pequena propriedade.

As duas instituições, vilas e freguesias sucedem-se. é verdade, mas nao se confundem; as vilas foram propriedades, em todo o rigor;
a freguesia é uma espécie Comuna sem carta, que se forma em volta do campanário
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Amadora
2004-04-13
Estamos chegados ao Estado Portucalense, cujo topónimo indica bem claro a sua origem. histórica, De facto, na
margem esquerda do rio Douro, situava-se Calem,, com o seu castro, lugar de passagem,entre Lisboa e Braga ( Portucale Castrum). Na margem direita, avistava-se o porto de Calem,

Aconteceu pois, que, no Castro da cividade pré-romana, teve origem o nome dum Distrito, Condado ou de um reino futuro.
O rio Douro marcava o limite norte da Lusitânia, segundo o cadastro, legado pelos romanos. Após o rio, ficava a Gallaecia.

Curioso se torna verificar-se nesta cividade o mesmo processo da Lusitânia, em questão de civilizações, população e cruzamentos étnicos. Isto nos revelam os dados arqueológicos, que também apesentam análogos eventos de carácter histórico..

Mercê de várias crcunstâncias, de tipo geográfico, étnico e histórico, a nação portucalense eve o seu berço na velha Lusitânia.
Trata-se, pois, de factos históricos, a contestar a opinião de Herculano., que negou quaisquer relações de afinidade, entre
Lusitanos e,Portugueses.

Diz Herculano - repetindo o que já escrevi, anteriormente -
"Portugal nasceu no século XII, num ângulo da Galiza., constituido em atenção às divisões políticas, anteriores,dilatando-se pelo
Gharb sarraceno. É uma nação moderna."

Moderno, sim, o indivíduo político, como diz Ricardo Severo, mas não o povo de remota origem que ocupava a terra da nação portuguesa, nessas datas históricas da sua nova constituição política
Dados arqueológicos e antropológico, posteriores a Herculano, deixaram esboçado o quadro exacto dessa linhhagem
que remonta a tempos anteriores *as mais antigas cronologias.

Em vida de Herculano. a História Natural dos povos civilizados, estava no início. Ensaiavam-ae as primeiras escavações, nada se sabendo acerca dos caracteres antropológicos dos seus habitantes
Numa palavra: fundando Herculano a História de Portugal , no período asturo- leonès cometeu um erro grave, privando-nos da verdade e cerceando-nos um título de glória e fund orgulho!

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Amadora
2004-04-14
É justo citar aqui a obra colossal de Alexandre Herculano:" Portugalia Monumenta Histórica", verdadeiro Tombo de antigos pergaminhos, sobre os fundamentos da História Portuguesa, anterior ao sèculo XII. versando costumes, tradições e
mitos de antepassados.
Ventilou-se tudo. por cima da terra, não se lembrando de que, por baixo dela, se encontravam as fontes que nos ligam aos Lusitanos.
Sarmento Martins e Alberto Sampaio foram mais felizes
A Revista 'Portugalia' reacendeu o estudo dos novos documentos,, que nos chegaram às mãos, após as excavações no alto dos montes, com valor esratégico.

Foi, afinal, como um ren ascimento!
As origens da nacionalidade despertaram o desejo de muito estudo
e exame acurado, investigando e comparando a natureza das raças,, a contextura dos povos, os caracteres específicos de cunho antropológico bem como étnicos, foram comparados aos dos Portugueses.
Um trabalho profindo, levado ao pormenor! Não faltou o rigor
científico! Haveremos notado cono era singular o regime político e
social destes povos antigos que bordejavam o Oceano, viviam em comunidade com humildes lavradores!
A nobreza não formava casta! Lindo e humano!Fundamente popular e demcrático!
Também assim fazem os povos civilizados do nosso tempo?!
Ouçamos Oliveira Martins: " A Hispânia ( Península Hibérica) foi. por todo o tempo, uma democracia. Era-o na sua existência de
tribo, foi-o sob o regime municial romano!

A invasão das instituições germânicas, aristocraticas, não pôde destruir a constituição da Hispânia nem fundar, no seio dela,
o regime da hereditariedade, como o fundaram, no resto da Europa"

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Amadra
2004-04-15
Cont
" Este facto, social e histórico, combinando-se com o carácter da raça, o orgulho e a independência pessoal, fez da Península uma democracia ora militar, ora eclesiástica, ora monárquica, ora oligarquicamente governada. O fundo, como as rochas ígnias era inabalável: o resto eram acidentes, como os terrenos superiores, sujeitos às influências erosivas das correntes,
isto é, às acções determinadas pela vontade dos homens,
Ora, esse fundo como as rochas ígnias, é hoje o pedestal da
República. Condensa a alma dum povo, ao longo dos séculos.
Sempre democrata é a síntese indissolúvel do carácter étnico, social e moral, uma nacionalidade, cujas origens se confundem com
a história do próprio solo nacional, desde os períodos geologicos do
quaternário..
Ignoram os homens dessa primitiva sociedade portuguesa a irmandade do sangue e uma pobreza forte. A nobre humildade desta pobreza forte é ainda hoje uma qualidade ingénita deste pequno povo de Portugal
Há quem lhe profetize o glorioso renascimento dos tempos
áureos dos séculos XV e XVI ? Aquele das epopeias?"
Outros pensarão contrariamente, neste século XXI, em que já nos encontramos.
Envergonhados talvez, pela exguidade, a que nos reduziu o 25 de Abril de 74, cortando-nos cerce os laços fortes que nos uniam ao passado, e entregando tudo aos inimigos da Pátria, consubstanciada em Salazar, abarrotaram seus cofres, com largas somas, passando a viver como nababos, enquanto a maioria, esmagadora e grossa, vive inquieta e desasossegada, por escassez de tudo quanto precisa, para viver com dignidade.

Precisamos de alguém que seja carismático e sacrificado, como ,Salazar, para evitar o colapso horrendo deste povo imortal.

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Amadora
2004-04-16
A temporada que vai correndo, mercê de causas várias, umas externas e outras internas, figura estar-se a degradar
e, com ela, juntamente, o patriotismo nacional.

Em nossos dias, toda agente sabe, até os analfabetos, o que vai por esse mundo. Ora, ouve-se dizer que o ordenado mínimo da
Uniião Europeia, é superior ao nosso, nas outras componentes; que os outros têm que chegue, para o necessário; que tudo por lá é mais barato; que os artigos de fora, com o transporte pago, ficam mais em conta que os nacionais; a mesma coisa também, quanto às habitações.
O Zé povo escuta, faz o paralelo e, vendo o que sucede, ,compra o importado e não vai em cantigas!
Tudo isto contribui, para arruinar, cada vez mais, a nossa economia
e, prezando mais aquilo que é estranho, fica esfriando o amor sincero ao torrão natal.
Causa-me angústia esta situação!
Ouço dizer, com certa frequência: " a Pátria é a barriga!"
Por outro lado, os de fora abancam por aí, tomando eles posse de quanto aos nossos custou a conseguir e a manter!

Quantos sacrifíciios e sangue derramado! Quantos mortos generosos, para conservarmos erecta a face da Pátria! Ela que tanto se orgulhou de seus filhos amados, no passado glorioso!
No 25 de Abril de 1974, quiseram suprimir a Bíblia da Pátria -
os nossos Lusíadas, Claro! Houve, nessa altura, protestos veementes, como presenciei, em Silva Porto ( Angola)
Nunca! A morte da Epopeia é a morte da Pátria!

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Amadora
2004-04-17
Enquanto os Lusíadas forem amados, e defendidos,, a
Pátria Lusa não morrerá! É um pregão eterno de alta ressonância,
vibrante e persistente.. Pulsa nele o coração da Pátria. ,
. Quantos sacrifícios, mortes e perigos, para se talhar este
rectângulo, emancipá-lo. defender-lhe as fronteiras e levar au«o mundo todo a civlização e a boa Nova!

Não pode cair uma Pátria gloriosa, que iliminou o mundo, o
ilustrou, sabiamente o dirigiu, e tornou adulto!
" E se mais mundos houvera, lá chegara; Nûa mão sempre a espada e noutra a pena; Dilatando a Fé e o Império."

As nossas caravelas transportavam sempre Arautos do Evengelh0, e a civilização foi daqui levadaaa todos os cantos da nossa Terra, pondo esta a rezar em língua portuguesa. Foi um Chefe africano que um dia se exprimiu , da seguinte maneira:" O idioma português
é a língua que Deus entende e fala também!

Salazar disse um dia:"Se fôssemos 100 milhões... o que nós não faríamos!"
Ainda assim, muito fizemos nós! É de notar o seguinte: o nosso país, no tempo glorioso dos Descobrimentos, posuía apenas
1200000 almas! Tirando ainda as crianças, os velhinhos e as mulheres que gente ficaria)!
Claro! Tivemos um empecilh que muito nos doeu, incomodou e fez sofrer, ao longo de 8 séculos! Aueêntica d esgraça!Um travão forte!
Amargo espinho! O que faz a ambição, juntamente com a inveja!

Quando o mundo inteiro dormia a sono solto, incluindo a Europa,, as Caravelas do pequeno rectângulo percorriiam o mundo, em todas as direcções e fazia-o já cientificamente!
Entretanto, Castela mordia.se de inveja! Mas porquê?!
Queria, primeiro, amarrar o País Basco. a Catalunha e o reinoReino árabe da Andaluzia?! Nada tínhamos com isso!

Não prejudicávamos ninguém! Só benefícios proporcionávamos à Humanidade! Se brilhante foi, incomparável e sem paralelo a
Epopeia dos Mares, bem como a ilustração que o mundo recebeu, mais ainda faria, sem aquele ódio ferranho de Castela a Portugal.
Era um caso assanhado para um bom psiquiatra! Estará sanado?!
Nunca levou a nelhor! Esses castelos, essas fortalezas, ao longo das fronteiras, a que foram devidos)!vQuem os motivou?!
As duas guerras mortíferas - a da independência e a da Restauração. com diversas batakhas .- em que derrotámos os Castelhanos, por que sucederam?!

A acção dos Portugueses foi singular,, por terra,mar e nos ares!. O primeiro homem que voou no mundi foi um português
- o padra Bartolomeu de Gusmão - . Que dizer de Gago Coutinho e Sacadura Cabral)!
Quem ensinou o mundo a navegar cientificamente?! Que
disse Armstong, ao voltar da Lua? Que se tinha servido do
invento português!
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Amadora
2.004-04-18 Vizinhança

É deleitosa a boa vizinhança, mas infernal a qoe o não é! Isto, exactamente, é o que sucede, tanto em ordem à casa como à nação. Por vizinha só tem Portugal a nação espanhola: o resto á marítimo! Havendo inimizades, só podem surgir entre Portugueses e Castelhanos. A princípio, també. português- leonês!

É ce rto e provado que, dese o princípio, teve Portugal problemas gravíssimos e permanentes , com Leão e Castela Falam disso as Crónicas, a História de Portugal. os monumentos,, os vários castelos e fortalezas que bordejam as fronteiras, sem e squecer a Aliança Inglesa,, que nasceu exactamente pela m+a vizinhaça que nos incomodava.
Perdas em vidas, no vil metal,desassossego, rancor e má vontade,vinganças e latroc+inios, diligências várias, para que Portugal fosse riscado e jamais constasse de qualquer mapa.
Que havia na base de tdo isto? Ambição desmedida e roedora inveja
Os reis católicos, Fernando de Leão e Isabel de Castela, conceberam, certo dia, um plano megalómano: reduzir à escravidão todos os povos da Península Ibérica. Foi então decretada a pena de morte para a minha Pátria, cujo povo famoso é dos mais antigos da velha Europa, pois se filia no povo lusitano.

Todos estes factos, de si lastimosos, ocorreram ainda, no século XI, P,C, Ora,nesta data, já o guerreiro povo, luso-portuguès.
contava 2600 anos, como está documentado, com todo o rigor, em
dois autores; Alberto Sampaio ( As Vllas do norte de Portugal; e Alexandre Herculano ( Portugalia Monumenta Histórica).

Estes valiosos trabalhos, de cunho científico e, altamente patriótico, abrangem sem dúvida os primeiros 13 séculos, até à invasão romana ( século II A.C.), Nesta altura,começa Herculano,que prossegue até ao século XI ( 2 +11).

Bom! A trombeta soou, começando a luta, que, no século XXI,
ainda continua. Navarros e bascos, Galegos e Catalães, etc.
Quando um povo tem língua própria, bandeira nacional,
usos e costumes também diferentes, tradições e lendas, etnua
à-parte, folclore e tudo o mais, incluindo o culto e se ritual, é
um mundo separado que não admite fusão ou apagamento.

É que o pensar e sentir caminham a par!
Os Lusitanos persistiram na luta e os seus descendentes continuaram o prélio. deixando uma obra que é das mais gloriosas da História da Humanidade
, em cujas veias circulava pujante o sangue lusitano
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Amadora
2004-04-19
Duas guerras violentas e monstruosas sacrificaram o povo português, em cujas veias circulava pujante o sangue lusitano: a da Independência, no século XIV, e a da Restauração, no século XVII.
Apõs várias batalhas, tanto em uma como na outra, o
exército português saiu vitorioso, o que é atestado pelos monumentos que figuram no País: Mosteiro da Batalha, na
primeira guerra, sando chefes nilitares, D. João I e Nuno âlvares Pereira .
Pelo bom êxito, na segunda guerra, D. João IV ofereceu â Virgem a coroa real euna igreja à Senhora da Vitória, que pover-se ainda hoje, em Guimarães. D. João I oferecera também à Virgem Senhora um cordão de ouro, com um quilómetro de comprimento,
e o percurso de um quilómetro, a pé descalço, ganhando a batalha de Ajubarrota.
Com muita mágoa, deixo aqui a triste nividade (talvez?), para muitos Portugueses: a coroa real e o crdão de ouro, que estavam guardados, em Guimarães, no conhecido Museu, Alberto Sampaio, foram roubados por mãos criminosas e também sacrílegas, no último quartel do século XX.
Esta informação recebi-a pessoalmente, no próprio Museu, onde eu ver tão rico tesouro..

Nas duas guerras, a que fiz referência, um pouco atrás, o povo protuguês e o patriotismo mostraram seu valor e impuserem respeito aos nossos inimigos!. Não se lembraram os Castelhanos, de que, em nossas veias, corre sangue lusitano!
Não escreveu Estrabão geógrafo grego do séculi I P. C.,que o
povo lusitano era o mais aguerrido, redpeitado e temido da Península Ibérica?! Como ve mos, são os de fora que o recnhecem!
Alcácer Quibir e a perda irreparável do nosso Rei que não casara ainda, deixaram vago o trono português, sucedendo-lhe então Filipe II de Espanha, por ser candidato.

Havia mais candidatos, mas não podiam bater-se com o estrangeiro. Filipe II de Espanha reinaria em Portugal como Filipe I.

Os símbolos habutuais da independência - lingua, bandeira e moeda - foram mantidos Passados anos, sobia ao trono Filipe IV de Espanha e III de Portugal. Nesta data, o duque de Olivares julgou chegado o momento da "formosa esperança" - riscar Portugal do mapa europeu., ficando províncias do grande Reino, como a Catalunha e outros povos irmãos!
Esta afronta e vilania levantou protestos e indignação, fazendo vibrar os corações.
Começava a 2ª Guerra que saiu vitoriosa, após várias batalhas. Fé e patriotismo, como sucedera no século XIV, operaram o milagre
Houvera sempre boas relações e vizinhança amiga, teria sido
melhor para ambas as partes, mas o orgulho castelhano e sua ambição é que impuseram, o grande sacrifício da vergonha e da derrota.! Até canhões estrondearam fortemente, em Ajubarrota..

Já fiz alusão aos padrões imorredouros, que atestam para sempre o valor dos Portugueses! Não serem descendentes dos famosos Lusitanos!.
Os espinhos, porém, levaramños à glória, por ser jus ta a causa defendida, com fé e patriotismo!
Ao longo de 8 séculos, houve sempre questões, originadas pelos nossos vizinhos. Ninguém diga, por aí que eram bons vizinhos

A Ilha de Ceilão, ao sul da India, foi-nos extorquida ! É a
Taprobana do nosso Camões! Ainda hoje se reza lá em Português.
Isto me garanyiu uma jovem senhora de lá procedente..

A cidade de Ceuta, que permitiu os !Descobrimentos, ficou"
também na posse indevida dos nossos vizinhos, após o reinado de FilipeIII de Portugal.. Outro latrocinio é também a posse indevida do concelho de Olkivença, for mado que é por 20 e tal freguesias.

Nós não abdicámos nunca!
É conhecido o caso das Canárias, que eram nossas também!
"Res primi capientis!" Clamava assim o Direito Romano,
Quem lá chegou primeiro?
Em favor da paz, interveiio célere o Papa de então, Alexandre VI, pedindo a Portugal que renunciasse à posse. Não foram extorquidas, mas...

O espírito absorvente e dominador, julgam alguns que já não existe., mas eu cá tenho provas claras de que ele se mantém.
Antes de ir para Angola, em 1972, encontrando-me em viagem pela Espanha, deu-me na cabeça, para investigar, se o problema era igual, na época presente. Precisava, para tanto, o

Compêndio de História , uttilizado nas Escolas e Liceus da terra espanhola. . Com isto em mira, compro o livro, para elucidar-me.
Uma vez na minha posse, atiro-me a ele, com toda a alma,
sublinhando as partes que eram suspeitas.e desagradavam,

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Amadora
2004-o4-20
, Em 1972, larguei de Portugal,
na velha Europa, mas deixei em Lisboa dois recipientes, abarrotados de livros, entre os quais se encontrava a História
Universal, adoptada em Espanha.
Havia sublinhado as frases suspeitas e contestadas, para reflectir, sobre o assunto quando regressasse a Portugal, no fim das férias, Houve, porém, de alterar o plano, já elaborado, pois mw convidaram, para dar aulas, em Silva Porto, ne Escola Tecnica .

Dali,passei depois à Namíbia, onde leccionei, durante 4 anos. Foram cerca de 8 os que passei pela Á frica.
Em 80, regressei a Lisboa, mas os tais livros tinham desaparecido!
Nunca mais os vi! Foi pena! Se encontrasse a História, depois de reler e tomar notas, não sei realmente que fim lhedaria!

Fiquei revoltado e muito indisposto, porque a integração é
defendida como no passado! Escandaloso! Inadmissível! É brincar
com tais assuntos.
Passaram mais de 8 séculos e não cessou a mania?! Como
explicar aquilo que eu vi, com os meus próprios olhos?!.
Falava-se lá em " fraterna integração!" Só de caçoada!

Integração?! Nunca! Interessa, claro a boa harmonia; cordiais
relações;; cooperação; ajuda mútua!... O sonho de século... isso
jamais! Erguer-se-iam, nos sepulcros, milhares de heróis,que deram
a vida pelo torrão natal1 Respeitemos as cinzas e o nobre ideal, que sempre os norteou!
Voltando ao livro, que detestei,,consagrana uma páginna aos
Descobrimentos dos Portugueses, e 36 aos dos Espmhóis! Nem a
brincar! Por demais e sabido que fomos na dianteira, percorrendo
" mares nunca dantes navegados", em todas as direcções, enquanto os nossos vizinhos e toda a Europa se entregavam a tarefas muito diferentes!

Só em 1516, é que terminou a luta pela escravização dos povos peninsulares. Apesar de tantas e arriscadas viagens,
através dos Mares,, só merecemos uma reles página, sobre a matéria?! Que pobreza! Nós os arautoe... os bayedores dos Mares,
os Mestres da Navegação!
Entretanto, a página vergonhosa e mais infeliz nao foi esta, para mim! A da integração é que deu que pensar! Transpirei de tal maneira, que os suores persistem e voltam sempre, ao lembrar-me do livro!Volto, de novo, ao tal assunto, pois me estão a lembrar algumas palavras, que li com enfado e grande frevolta!
"... portamto, não devemos descansar, enquanto não conseguirmos
a fraterna e total integração de Portugal na Espanha!"

Como há petulância, oudadia e descaro, para escrever tais
absurdos! Até porque as razões são repelentes e falsas!
Quanto à Geografia, sabemos muito bem que não h+a vales profundos a
sarvir de fromteira, Igalmente faltam momtanhas alerosas, e rios
caudalosos, mas há outras barreiras que são mais poderodasd: o
sentir e o pensar dum povo inteiro, seus usos e costumes; a sua bandeira;; as suas tradições e seu folclore; as alegrias comjns e suas tristezas, porr igual compartilhadas; todo o seu passado,bem como os adágios e usos regionais,etc,etc.

É isto, realmente, o que separa!
Já nem falo na moeda e na religião ou no culto dos mortos.
Em tudo isto os Lusitanos e seus descendentes somos iguais, mas
diferentes, no que respeita aos Castelhanos.

Se me volto para a História, o abism'o é igual ou maior ainda!
O povo português, como bem provaram Sarmento Martins e Alberto Sampaio, corrigindo erros de Alexandre Herculano, com documentos incontrastáveis,1500 anos A.C.,exige a separação.
Leia-se , a propósito, a obra notável " As Vilas dp norte de
Portugal, de Alberto Sampaio, que faz umla análie assaz exaustiva
de 13 séculos, até à vinda dos Romanos, para a Península ( século II A.C.).
As exavações de Sarmento Martins vincam a fundo a nossa relação didirecta com os Lusitanos. O indivíduo político édo século XII, mas o povo real Lusitano-Português contava, a rigor, 35o4 anos.
Quem é mais antigo, na P.I. e até na Europa?!
Conclusão: são falsas e falaciosas as razões aprsentadas nas Escolas e Liceus dos nossos vizinhos.!

Para rematar este assunto delicado: nós temos razão. Por isso, lavro aqui o meu protesto e peço. para não dizer "exijo" que os
nossos vizinhos risquem de vez o que esceeveram e ensinam ainda nas suas , porque ministram uma grande mentira: uma perigosa w falsa razão!Escolas
Prefiro e defendo uma boa relação entre as duas partes, múiua cooperação, grande transparência e muita lealdade., mas só
acredito nisto, quando a "fraterna e total integração" f or cancelada!
A lição de 8 séculos não terá chegado ou será talvez deficiência da memória?!
Salazar e todos nós ajudámos a Espanha, nos dias terríveis da Guerra civil - 1936. 1939!
NOTA
, Que diz a Geografia? Que a Galiza, como parte da Lusitânia, é portuguesa, Até fala Português!

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